Arte da Trégua • tobirama senju

Retrato de Família

Akari caminhava pelas ruas próximas à casa dos Uchihas, o rosto sério e os olhos fixos à frente, tentando ignorar as pessoas que cochichavam e a encaravam enquanto passava. Ela podia sentir o peso das conversas em suas costas. Sabia muito bem do que se tratavam: as críticas maldosas, os julgamentos sobre sua vida e suas escolhas, tudo relacionado ao seu término conturbado com Madara. Desde que o líder do clã Uchiha foi exilado para o país distante, as fofocas e os olhares de reprovação se multiplicaram. Para muitos Uchihas, Akari era a culpada por tudo, como se tivesse intenção de prejudicar o clã ou Madara de alguma forma. Era como se ignorassem o sofrimento e as cicatrizes emocionais que ela carregava após aquele relacionamento abusivo.

Agora, além das críticas pelo término, também havia o desconforto com a proximidade de Akari com Tobirama, algo que não passava despercebido a ninguém. O simples fato de ser vista ao lado de um Senju, e ainda mais um irmão do Hokage, era motivo suficiente para alimentar ainda mais o descontentamento e os comentários desagradáveis. Akari apertou os punhos, sentindo a frustração crescer dentro dela. Ela sabia que não deveria se importar com o que os outros pensavam, mas era difícil não se sentir afetada por tanto desprezo e julgamento injusto. Respirando fundo, tentou focar no caminho à frente, tentando não deixar que as palavras venenosas a atingissem profundamente. Mas adentrou a sua casa com a raiva fervilhando; Miyu estava ali, esperando por ela, e não entendeu quando amiga, que era tão calma, parecia estar no olho de um furacão.

— Akari, o que você tem? — a amiga perguntou.

— Nada, Miyu. Só o mesmo de sempre. Pessoas falando do que não sabem!

— Não liga para isso. — ela encolheu os ombros, olhando para Akari com compaixão. — Eles não sabem o que estão dizendo. Sabe, às vezes entendo o porquê Tobirama odeia tanto o nosso clã...

Akari fez um sinal para que a amiga não falasse mais nada.

— Não diga besteiras.

— Eu sei que é verdade, — Miyu continuou, — e é por isso que me preocupa. Meus pais têm tanto preconceito... Você deveria ter visto a cara deles quando o Kim disse que tinha brincado com o 'titio Tobirama'. Eles ficaram pálidos como se tivessem visto um fantasma!

Akari não conseguiu se conter e soltou uma gargalhada alta. Ela não conseguia nem acreditar no que estava ouvindo.

— Eu imagino!

Miyu riu junto, balançando a cabeça.

— É, ele definitivamente sacudiu as estruturas da nossa família naquela noite. — suspirou. — Mas, no fundo, acho que isso é bom. Talvez faça com que eles comecem a questionar suas próprias crenças.

— Tomara que sim. Seria ótimo se todos pudessem ver o mundo através dos olhos inocentes de uma criança.— Miyu disse.— Mas, falando em criança, a tia Nina me disse que você já estava terminando o quadro da Mito e daquela barriga enorme. Vai me mostrar?

— Só porquê você é legal. — Akari provocou, e chamou a amiga para entrar em seu quarto. As duas seguiram, onde o quadro estava apoiado em um cavalete, coberto por um pano fino. Com um sorriso travesso, ela puxou o tecido, revelando a pintura. Miyu ficou sem fôlego ao ver a obra de arte. O quadro mostrava Mito, com sua barriga de grávida em destaque, cercada por uma aura suave de primavera, com cerejeiras e a luz natural. Ela também adicionou o Hokage.

— Akari, isso está... está maravilhoso! — Miyu exclamou, seus olhos brilhando de admiração. — Minha amiga é mesmo uma artista completa!

— Obrigada, Miyu.— Akari corou levemente com os elogios. — Eu queria que fosse especial, afinal, é um momento tão importante na vida dela.