Os Girassóis

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Sob a luz suave das velas, Akari se inclinou para cheirar os girassóis que havia recebido. Se sentia mais leve, como se o simples toque do perfume a fizesse flutuar. Fitou o homem diante dela, o olhar carmesim dele fixo no seu. Sua felicidade era intensa, e ela quis eternizar aquele instante.

— E com você, Hokage... O que aconteceu em todos esses anos? — ela perguntou, baixinho, a curiosidade clara em seus olhos.

Ele inclinou a cabeça, o sorriso quase imperceptível refletindo uma ternura profunda.

— Ajudei Hashirama com as responsabilidades do Hokage e enfrentei meus próprios desafios — ele disse, com um toque de nostalgia. — Mas houve uma grande surpresa em casa: gêmeos.

Akari riu, se lembrando das histórias e riu mais ainda ao imaginar Mito.

— Miyu falava tanto do tamanho da barriga da Mito. Então, eram realmente dois! — ela disse, divertida.

Tobirama assentiu com uma seriedade que contrastava com o brilho no olhar.

— Depois disso, veio mais um. E agora, já temos netos para nos alegrar.

A leveza daquela conversa fez o coração de Akari bater ainda mais forte. Ela ergueu o olhar, e sua voz ganhou um tom velado, quase uma carícia.

— E... e quanto ao seu coração, Tobirama? Como ele ficou ao longo desse tempo?

— Foi reservado para uma única mulher, Akari. A única que fez meu coração bater como jamais imaginei que pudesse.

Aquele instante foi um mergulho profundo em algo há muito guardado. Akari sentiu um calor dominá-la; seu corpo parecia derreter sob o peso de cada palavra dita. 

— Tobirama... — Uma faísca de riso escapou. — Vai mesmo ficar dizendo essas coisas agora?

Ele sorriu, malicioso.

— Para o resto da vida — disse ele, sem vacilar. — Ainda dá tempo de correr, se quiser.

Ela o fitou, respirando fundo, e segurou o olhar dele com firmeza.

— Não vou a lugar algum.

Ele se aproximou sob a mesa, ainda sem tocá-la, mas tão próximo que ela pôde sentir a sua respiração.

— Então terá que aguentar um homem flertando com você para sempre.

Ela o observou, os olhos vagando pelo porte dele, e sorriu de canto.

— Que sacrifício... — murmurou, quase provocando. — Especialmente quando ele tem músculos como esses.

Tobirama fingiu uma expressão de modéstia, mesmo que o elogio tenha despertado um calor agradável em seu peito.

— Pare com isso, Akari. Vai me deixar envergonhado aqui.

— Como se conhecesse alguém como você conhecesse a palavra vergonha. — disse, incrédula.

Por um segundo, Tobirama parecia envergonhado, mas sorriu, tocado pela provocação, e ele a guiou até uma caminhada ao redor do lago. Ela concordou, o deixando entrelaçar os dedos nos dela, e sentiu um calor indescritível preencher cada passo que davam juntos. Pararam no lago, onde ele tirou uma pequena caixa do bolso, hesitando antes de falar.

— Comprei algo para você anos atrás... Achei que nunca teria a chance de te entregar. Pode parecer só uma velha peça de metal agora, mas...

Akari estreitou os olhos, divertida, mas ansiosa.

— Ah, então o Hokage ficou modesto? Vai, me mostre logo.

Ele lhe entregou a pequena caixa, e ela se deparou com um colar delicado, com um pingente de pincel e aquarela. Sentiu os olhos marejarem.

Arte da Trégua  • tobirama senjuOnde histórias criam vida. Descubra agora