Arte da Trégua • tobirama senju

Beleza e Tristeza

Tobirama mal conseguiu pregar os olhos durante a noite. Sua mente incessantemente voltava-se para Akari, para a imagem dela aos prantos ao ouvir as últimas palavras de seu pai. Sentia-se impotente por não ter conseguido salvá-lo, mesmo sabendo que às vezes o destino é implacável e não há o que possa ser feito. Ao amanhecer, ele se arrastou até a cozinha, onde Mito e Hashirama já estavam sentados à mesa, tomando o desjejum. O semblante dos dois estava solene, e o olhar de Mito carregava uma preocupação sincera.

— Tobirama, como está Akari? — perguntou Mito, com a voz suave, mas carregada de preocupação, quando o cunhado se sentou à mesa.

— Ela deve estar sofrendo muito. — Hashirama disse, preocupado. — Perder um pai é uma dor que só quem passa por isso entende.

Tobirama suspirou, cansado. Ele não tinha dormido o suficiente e ainda carregava a exaustão da missão e o peso emocional do que aconteceu com Akari.

— Ela está... devastada. — respondeu Tobirama, com sinceridade.

Mito olhou para Tobirama com compaixão.

— Você fez o que pôde, Tobirama. Todos nós sabemos disso.

Hashirama concordou, olhando para o irmão com solidariedade.

— Yoshito, ele... — Tobirama ficou pensativo. — Me contou. Como ele a encontrou no campo de batalha. O quanto a criou com amor. e... Tantas outras coisas. Ele disse estar preocupado com ela, nos últimos dias.

Mito e Hashirama trocaram um olhar preocupado ao ouvir as palavras de Tobirama. Era evidente que Yoshito Uchiha tinha profunda preocupação pelo bem-estar de sua filha, Akari, e o relato de Tobirama sobre as últimas palavras do ninja falecido só intensificou a gravidade da situação.

— Ele realmente a amava muito. — murmurou Mito, com tristeza evidente em sua voz. — E agora ela está sem ele...

Hashirama balançou a cabeça, pensativo.

— Akari vai precisar de muito apoio nos próximos dias.— o Hokage disse.— É uma perda muito grande para ela. Vamos mandar flores, e a visitaremos daqui a alguns dias.

Tobirama se recordou da última conversa que teve com Yoshito antes de sua morte. Nunca imaginou que sentiria compaixão por um Uchiha, mas sabia que Yoshito era diferente de Madara. Madara... o homem que ele mais odiava em toda a sua vida, e agora, odiava ainda mais intensamente. A imagem da frieza nos olhos de Madara ao ver Akari chorar estava gravada em sua mente, alimentando o fogo do ódio que ardia dentro dele.

— Certo. — concordou, e se levantou, após comer uma coisa ou outra.— Se não se importarem, irei me recolher para descansar um pouco mais. Eu não consegui dormir bem.

— Leve o tempo que precisar, irmão. — Hashirama deu um sorriso triste.

— Inclusive, Mito, você sabe algo que possa fazer com que eu me cure mais rápido dos ferimentos? — questionou, olhando para a cunhada. A ruiva concordou com a cabeça.

— Sim, Tobirama, não se preocupe. Vou pegar algumas pomadas e insumos e deixarei preparado aqui em cima da mesa. Pode passar quando acordar.

— Obrigado. — ele assentiu, e se retirou da sala.

Tobirama se retirou, indo para o quarto. Sentia-se fisicamente exausto, mas sua mente estava agitada demais para descansar. Ele não conseguia parar de pensar na angústia de Akari, na dor que ela estava enfrentando após perder seu pai de forma tão trágica. Sentado à mesa em seu quarto, Tobirama tentou focar em alguns papiros e documentos que trouxera consigo, buscando se distrair do turbilhão de pensamentos. No entanto, sua mente voltava constantemente para a Uchiha de cabelos curtos. Ele revivia a cena de sua tristeza, a imagem dos ferimentos que ela havia sofrido. Uma onda de revolta e impotência tomou conta dele. Será que Madara tinha feito aquilo com ela? A ideia de que o líder do clã Uchiha pudesse ser responsável pela dor de Akari acendeu uma fúria profunda dentro de Tobirama. Sua mão começou a suar involuntariamente enquanto apertava com força a pena que segurava. Ele se perguntava quem seria capaz de infligir tamanho sofrimento a uma mulher tão delicada quanto Akari. Se descobrisse que Madara estava envolvido, Tobirama não hesitaria em confrontá-lo.