Mulheres

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O homem de cabelos claros da família Senju estava sentado em sua escrivaninha, tentando se concentrar nos antigos papiros que tinha sobre a mesa, enquanto Natsuko falava sem parar ao seu lado. Inicialmente, sua tagarelice era irritante para ele, mas com o tempo ele foi se acostumando com sua presença. De certa forma, ele até começou a achar adorável como a loira conseguia preencher o silêncio com suas observações e comentários. Enquanto Natsuko continuava a falar, ela olhou distraída pela janela do quarto de Tobirama. Seu tom de voz mudou subitamente.

— Tobirama, há uma movimentação diferente lá fora. Acho que a pintora Uchiha e Madara acabaram de chegar — disse ela, com um leve tom de curiosidade.

— Ah, é verdade. — ele murmurou, desviando o olhar dos papiros para a janela. — Está quase na hora.

Tobirama franziu o cenho, se lembrando de que Akari tinha agendado a sessão final para aquele dia, no fim da tarde. Ele sabia que significava que o quadro provavelmente seria concluído em poucas horas. Se preparou para sair, ainda com o coração acelerando levemente, mas não mais como a primeira vez. Aquele era um sentimento já parcialmente resolvido para ele.

— Mal posso esperar para ver o resultado final. Deve ser um trabalho incrível, considerando o tempo que vocês passaram juntos para isso.— Natsuko se virou para ele, um sorriso brincando em seus lábios.— Você deve ter ficado lindo na pintura.

Tobirama assentiu, sentindo uma mistura de expectativa e ansiedade. Akari era uma pintora talentosa, e ele sabia que ela capturaria cada detalhe com perfeição, como vinha fazendo todos aqueles dias.

— Sim, será interessante ver como ficou. — ele respondeu, voltando sua atenção para sua própria roupa.— Como estou?

— Como todos os outros dias que usou essa roupa.— provocou.— Não aguento mais ver você usando isso! Ainda bem que acaba hoje.

Os dois riram e seguiram para o lado de fora, de mãos dadas.

Hashirama e Mito estavam ocupados recebendo os dois. Os olhos de Tobirama se encontraram brevemente com os de Akari, e ele notou imediatamente como ela parecia mais bonita e cuidada do que nunca. Seus cabelos estavam bem arrumados, e ela parecia mais madura com um toque sutil de maquiagem. Um leve sentimento de admiração perpassou seu cérebro antes que ele desviasse o olhar, consciente de Natsuko ao seu lado. Mas, por mais que estivesse bela, o brilho de seus olhos parecia ter se apagado. Não era o mesmo do dia da cachoeira. Madara, por outro lado, mantinha sua típica postura reservada e protetora em relação a Akari, a segurando pelos ombros de forma possessiva. Tobirama percebeu isso e suspirou internamente.

Natsuko, ao seu lado, não deixou passar despercebido o olhar de Tobirama na direção de Akari. Com seu típico bom humor, ela lançou um comentário leve:

— Se soubesse que o casal Uchiha estava tão bonito assim, teria pelo menos lavado o rosto antes de sair de casa.

Os outros quatro riram, mas Tobirama olhou para ela com ternura.

— Você não precisa disso, Natsuko. É linda até mesmo sem maquiagem. — ele respondeu, tocando suavemente a mão dela. Ele notou que Akari desviou os olhos para outro ponto do jardim ao ouvir seu comentário.

— Vamos ao quadro? — Madara perguntou, mudando o foco da conversa. — Estou ansioso para ver o final.

— Imagine eu! — Akari abriu um sorriso contido, e os três líderes do clã se reuniram em suas posições, enquanto Mito e Natsuko se sentaram ao longe, para observar a Uchiha pintar.

Akari se concentrou no trabalho à sua frente, e havia a expectativa que pairava no ar enquanto ela finalizava os últimos detalhes do quadro. Madara e Tobirama observavam atentamente os movimentos de Akari. Os momentos de silêncio eram intercalados por suspiros de admiração de Mito e Natsuko, que assistiam ao processo de longe e conversavam. A energia criativa de Akari preenchia o ambiente, refletida na intensidade de seus traços e na meticulosidade com que trabalhava cada pincelada. Finalmente, após alguns momentos de concentração intensa, Akari deu um passo para trás, avaliando sua criação com um olhar crítico. Tobirama sabia que havia acabado. Estava selada a obra, a arte que marcava aquela trégua, pois era a mesma expressão que fazia quando terminava seus papiros. Se divertiu percebendo a similaridade.

Arte da Trégua  • tobirama senjuOnde histórias criam vida. Descubra agora