Mulher com Lenço

93 14 7
                                    

Com um gesto ligeiro, Tobirama desapareceu da cadeira, revelando ser um clone ilusório que acabou dissipando-se no ar como fumaça. Akari, que tinha mantido sua guarda enquanto observava o clone, piscou surpresa por um momento, tentando processar o que acabara de acontecer e deu um pulo para trás, descendo da mesa. Antes que pudesse reagir completamente, uma voz familiar sussurrou perto de seu ouvido, pelas costas, de maneira que ela sentia todo o calor que emanava dele:

— Bela tentativa, Uchiha.

Ela se virou rapidamente, encontrando o verdadeiro Tobirama atrás dela. Seus olhos se encontraram, e Akari sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Sua entrada triunfal não havia saído como ela planejara; e agora, se sentia rídicula, após vinte anos sem ver o homem em sua frente. Ainda atordoada pela manobra hábil de Tobirama, tentou se recompor mas não pôde deixar de notar cada detalhe de quem ele havia se tornado. Com seus cabelos prateados bagunçados, ainda exibia uma presença imponente e austera. Seus olhos carmesim brilhavam de forma muito diferente agora. As linhas de expressão bem sutis ao redor dos olhos, antes inexistentes, agora eram mais suaves, marcas de vinte anos que se passaram.

— Óbvio que você seria mais rápido que eu. — ela riu, de maneira nervosa, e guardou sua espada sob o olhar crítico do homem. — Mas não pode negar que eu fiz um bom trabalho, não é? Você pareceu assustado. — brincou, mas ele não estava nem um pouco descontraído. Continuava atônito. — Talvez possa me recrutar para ANBU.

— Sem chances. — respondeu, depois de muito tempo, ainda a analisando com uma expressão indecifrável.

— Eu fui tão ruim assim, Tobirama?

— Não é porque você foi ruim. — disse, seco.— Mas porque a ANBU é composta de ninja de minha confiança. E você não é um deles.

Akari engoliu em seco com a rispidez com que ele a respondeu. Ela respirou fundo, tentando manter a compostura diante do homem.

— Como você entrou aqui? — perguntou Tobirama, sem esconder sua desconfiança.

Antes que Akari pudesse responder, uma risada infantil ecoou pelo gabinete. De trás de uma grande planta do gabinete, uma garotinha loira saiu correndo, rindo e se escondendo timidamente atrás das pernas de Akari. Era a pequena Tsunade, com um sorriso sapeca.

— Conseguimos assustar o titio! — exclamou Tsunade, ainda rindo.

Akari riu também, mas Tobirama olhou para a criança com uma expressão de preocupação.

— Tsunade, você ajudou ela a entrar? — perguntou ele, sério, ignorando Akari por um momento e falando com ternura com a pequena. — O que o titio já explicou sobre conversar com estranhos?

— Ela disse que era uma surpresa para o senhor! — respondeu, inocentemente.

— Eu sou uma estranha? — Akari perguntou. Ela não pôde evitar uma pontada de dor ao ser referida daquela forma, mas mantinha um sorriso suave no rosto para não preocupar Tsunade.

— Me diga você.  — o olhar que pesava sobre ela era duro, rancoroso.

— Titio, ela não é uma estranha, é sua amiga, não é? — Tsunade insistiu também, franzindo a testa enquanto olhava para Tobirama e Akari.— Não foi ela quem pintou os quadros? Da vovó com o papai na barriga, e do vovô novo e bonitão? O senhor irá nos perdoar? — perguntou, com a inocência de uma criança que acreditava na reconciliação.

Antes de Tobirama responder, a porta se abriu e um jovem ninja entrou com os papiros solicitados. Ele parou ao ver Akari, alternando seu olhar entre ela e o Segundo Hokage, sem entender a situação.

Arte da Trégua  • tobirama senjuOnde histórias criam vida. Descubra agora