Epílogo

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Alguns meses após seu casamento, Akari estava no tranquilo jardim de casa, cercada pela luz suave do crepúsculo. Sentada numa cadeira de vime em frente a um cavalete, ela pintava uma imagem preciosa. A árvore de cerejeira atrás deles, em plena floração, balançava levemente com o vento, enquanto, ao lado dela, um pequeno banco mantinha as tintas e pincéis organizados. Diante de sua visão, os três amores da sua vida se encontravam em um instante de pura tranquilidade: Tsunade, jovem e vivaz, com olhos curiosos e sempre em busca de novas aventuras; e Nawaki, o mais novo, no colo de Tobirama, que o segurava com um cuidado e afeição quase reverentes.

Com delicadeza, Akari começou a traçar os contornos dos três. Cada pincelada refletia o amor e o carinho que ela sentia, e, enquanto trabalhava, seus pensamentos voltavam aos meses que se passaram desde aquele dia inesquecível de seu casamento. O amor entre ela e Tobirama parecia se intensificar a cada dia, e a visão dele, envolto pela luz suave do poente, fazia seu coração bater mais rápido, como na primeira vez em que percebeu que o amava. Quando finalizou a sessão de pintura, Akari sorriu ao ver Tsunade segurando as mãos de Nawaki, o ajudando a dar os primeiros passinhos. A imagem dos dois a aquecia profundamente, e a visão do sorriso largo de Tobirama ao observá-los fez seu coração transbordar de felicidade. Tobirama se aproximou de Akari, analisando sua obra com aquele sorriso terno que ela conhecia tão bem. O coração dela acelerou ao sentir sua presença tão próxima, e, quase sem perceber, ela ergueu os olhos para ele.

— O que você acha? — perguntou, a voz sutilmente carregada de expectativa.

Ele se inclinou, acariciando gentilmente seu rosto com as costas dos dedos, e Akari sentiu um calor suave invadir suas bochechas.

— Perfeita, como sempre — murmurou, a voz grave e cheia de admiração. — E o quadro também está lindo — acrescentou, um brilho divertido nos olhos.

Akari riu, e seu riso fluiu pelo jardim como uma música suave, se sentindo completamente encantada pela presença dele. Tobirama, então, comentou com uma certa nostalgia no olhar.

— Hashirama adoraria saber que estamos juntos de novo, Akari — disse ele, sua voz profunda agora mais suave, e um sorriso nostálgico iluminava seu rosto.

Akari desviou o olhar para o céu, a emoção estampada em seus olhos ao se lembrar de Hashirama. Ela sabia que, de algum modo, ele aprovaria esse amor. Acariciando a mão de Tobirama, sussurrou com esperança.

— Gosto de pensar que ele está olhando por nós de algum lugar — disse ela, sorrindo com ternura.

Tobirama segurou sua mão um pouco mais firme, enquanto sua expressão se suavizava ainda mais.

— Espero que esteja certa — respondeu, o tom carregado de um afeto que poucos conheciam.

Ela sabia que o próximo dia seria longo e desafiador para ele, e se preocupava com as responsabilidades que ele carregava.

— Vai ser um dia cheio amanhã, não? — perguntou, ainda segurando sua mão, em um gesto de encorajamento.

Ele sorriu, os olhos intensamente fixos nos dela.

— Sim, mas voltarei o mais rápido que puder.

Akari riu, recordando como, desde o primeiro dia, ele sempre fazia questão de cumprir essa promessa.

— Eu acredito em você. Afinal, você sempre me fez bem, desde o primeiro momento... — disse ela, um calor familiar iluminando seu olhar.

Tobirama a observava com uma intensidade quase palpável, e ela sentia seu coração acelerar.

— É fácil quando se tem uma mulher como você ao meu lado. A única esposa de que não se ouve uma reclamação no gabinete, é claro — brincou ele, com um sorriso malicioso, acariciando os cabelos dela.

Ela o olhou com doçura, tocando seu rosto de leve.

— Acho que os vinte anos de espera te ajudaram nisso... — provocou ela, sorrindo.

Ele fingiu um suspiro, segurando sua cintura e puxando-a delicadamente para mais perto.

— Nem me lembre desses anos — pediu ele com um falso tom de lamentação, arrancando uma risada dela.

Antes que ela pudesse responder, ele a surpreendeu com um beijo leve, mas profundo, que lhe trouxe um arrepio delicioso. Quando se separaram, ele a encarou com um olhar provocador, enquanto Akari tentava se recompor.

— Talvez você devesse começar a reclamar só um pouquinho para seus colegas, Segundo Hokage... — murmurou ela, enquanto tentava arrumar os pincéis com as mãos ainda trêmulas. — Vão pensar que é um puxa saco.

— Então eu direi que minha esposa tem a ousadia de acordar cedo demais e me deixar sozinho... Ela poderia enrolar um pouco, todas as manhãs, não é? — respondeu ele, sorrindo maliciosamente e tentando depositar um beijo em seu pescoço. Ela corou, sorrindo, mas o empurrou suavemente, olhando ao redor.

— As crianças... — ela o censurou baixinho, mas ainda rindo.

Eles se entreolharam em meio ao jardim, e os tons dourados e alaranjados do céu criaram uma moldura perfeita para o amor que compartilhavam. E naquele instante, sob o brilho das cerejeiras e as luzes tênues do jardim, ambos sabiam que Tobirama a defenderia até a morte — com a mesma paixão, lealdade e amor que prometera a si mesmo desde a primeira vez que seus olhos cruzaram.

Arte da Trégua  • tobirama senjuOnde histórias criam vida. Descubra agora