Feliz Ano Velho

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Tobirama acordou na véspera de Ano Novo um pouco atordoado. Ele segurava um lenço de seda pura que Akari havia deixado para trás, brincando com ele entre os dedos. Considerou nos dias que se passaram ir atrás dela para devolver o lenço, mas sabia que ela provavelmente tinha centenas deles em sua nova vida, e não deveria fazer falta. Quem ele queria enganar? Só queria a ver mais uma vez, arrependido por ter sido um tanto duro com ela nas palavras. O dia passou em um marasmo estranho, apesar do clima de festa que tomava a aldeia. Mesmo com as celebrações, Tobirama, Hiruzen, e outros líderes se reuniram para discutir questões militares, planejando estratégias e assegurando a proteção da vila. O Segundo Hokage convocou seus melhores ninjas, dando as últimas ordens para garantir que tudo estivesse em ordem durante as festividades. Enquanto participava dessas reuniões, sua mente frequentemente vagava para Akari. Ele se perguntava se a veria na celebração daquela noite e o que ela estaria pensando.

Ao final da tarde, enquanto o sol se punha e a aldeia se preparava para as festividades, Tobirama sentiu um leve frio na barriga, que não sentia a vinte anos. O encontro do dia anterior ainda estava fresco em sua mente, e era impossível negar que ela ainda mexia com ele. Tobirama preferiu se concentrar em suas responsabilidades como líder da vila, mas aquilo ainda pairava em sua mente de uma maneira estranha, como uma doença.

A noite avançava lentamente sobre a Aldeia da Folha, trazendo consigo um frio cortante, que fazia com que as pessoas se aglomerassem próximas umas as outras para ficarem aquecidas. As ruas estavam decoradas com lanternas coloridas e vibrantes, enquanto os moradores se reuniam para celebrar o início de mais um ano. No centro da vila, próximo ao monumento dos Hokages, foi erguida uma grande fogueira. Ao redor dela, mesas repletas de comida fumegante e bebidas quentes atraíam os visitantes, e em um corredor extenso, diversas barracas de comerciantes, com jogos e produtos. Músicos tocavam melodias tradicionais com flautas e tambores, crianças corriam de um lado para o outro com sorrisos brilhantes, segurando lanternas de papel iluminadas com velas. Os adultos, vestidos com quimonos elegantes, trocavam cumprimentos e votos de prosperidade para o novo ano. Tobirama, vestido com seu típico casaco azul e quimono negro, circulava entre os moradores, cumprimentando a todos com uma expressão solene e respeitosa, e recebendo reverências. Ele observava os rostos conhecidos e os novos visitantes que haviam vindo para a festa, mantendo um olhar atento sobre a segurança da vila. Ao seu lado, estava Hiruzen, fazendo parte da guarda principal.

— Sabe, Segundo Hokage, aquela amiga comerciante com quem você conversou outro dia no seu gabinete? Ela é a mulher mais bonita da festa hoje. Vários homens estão tentando chamar sua atenção, e entre os guardas, todos  fizeram uma aposta de quem vai conseguir ganhar ao menos um sorriso dela, já que estão dizendo que ela é divertida  e simpática também... — Hiruzen comentou, com um brilho travesso nos olhos.

Tobirama franziu levemente o cenho contrariado, seu olhar indo além da multidão em busca da figura conhecida. Ele se virou para Hiruzen, interessado.

— Onde ela está? — perguntou Tobirama, enciumado.

Hiruzen inclinou a cabeça ligeiramente na direção certa, um sorriso ainda mais amplo agora e um suspiro escapando dos lábios.

— Ali, na barraca de lanternas. — respondeu ele, indicando discretamente com o queixo, e ainda admirando a beleza da mulher. Tobirama colocou a mão no bolso e retirou uma nota alta, a segurando entre os dedos com uma expressão pensativa.

— Hiruzen, por favor, vá comprar vinho quente para se aquecer. —ordenou o mais velho, firme.

Hiruzen arqueou as sobrancelhas, hesitante.

— Mas senhor, eu não posso beber durante o expediente, mesmo que seja ano novo... — tentou argumentar o jovem ninja.

O Hokage se virou para ele com um olhar que não aceitava contestações.

Arte da Trégua  • tobirama senjuOnde histórias criam vida. Descubra agora