A Persistência da Memória

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Akari correu pelas ruas, seu coração batendo descontroladamente enquanto as imagens do que acabara de acontecer na cachoeira ecoavam em sua mente. Seus passos eram apressados e desajeitados, e o ar da primavera, antes agradável, cortava seu rosto conforme ela avançava em direção à sua casa. O desespero era tanto que ela olhava constantemente para trás, se certificando que aquele homem não estivesse a seguindo. Finalmente, ela chegou à porta de sua casa e a abriu com mãos trêmulas. Entrou, ainda envolta na peça de roupa de Tobirama. Sua mãe estava na sala, e uma expressão de preocupação se formou em seu rosto ao ver a filha entrar.

- Akari, querida, o que aconteceu? - a voz de sua mãe soava distante, como se estivesse chegando até ela de um túnel gigantesco. Nina se aproximou da filha rapidamente, afim de entender o que havia ali.

Akari tentou articular uma resposta, mas suas palavras pareciam presas em sua garganta. Ela tremia violentamente, incapaz de controlar o medo que a consumia por dentro. Com um esforço tremendo, ela finalmente conseguiu reunir suas forças o suficiente finalmente para falar:

- M-mãe... Eu... - sua voz saiu em um sussurro trêmulo, interrompido pelo soluço de um choro contido. Nina a envolveu em um abraço caloroso, ignorando o fato da filha estar molhada da cabeça aos pés.

- Shh, está tudo bem, Akari. Estou aqui. Me diga, o que foi? O que te assustou tanto?

Akari soluçava enquanto tentava contar à sua mãe o que havia acontecido, lutando para encontrar as palavras certas entre os soluços e as lágrimas densas.

- M-mãe... Eu... Eu quase me afoguei... - ela começou, sua voz trêmula e fraca.- Eu estava nadando, e meu pé prendeu em uma pedra no rio. Miyu já tinha vindo embora para cuidar do irmãozinho dela, e eu fiquei sozinha na floresta. Pensei que ia morrer.- Akari não conseguia parar de chorar.

Nina sentiu seu coração apertar ao ouvir as palavras da filha, e imediatamente a puxou para mais perto, acariciando seus cabelos com ternura.

- Oh, meu amor, você está bem agora. Não precisa se preocupar, estou aqui. - Sua voz era suave, cheia de conforto maternal.

- Mas... - Akari tentou continuar, suas lágrimas turvando sua visão. - Foi um Senju que apareceu... Ele me salvou...

- Um Senju? - Nina ficou surpresa com a revelação, mas sua expressão logo se suavizou em compreensão.-Bem, isso é maravilhoso! Isso só mostra que todos estão se esforçando muito para serem um só povo. - ela suspirou. - Se esse homem salvou você, eu quero agradecer pessoalmente. Eu não sei o que eu faria se te perdesse, minha filha. - sussurrou, afagou os cabelos da moça. - Quem foi ele?

Akari hesitou por um momento, o medo ainda presente em seus olhos.

- F-foi Tobirama... Tobirama Senju... - ela murmurou, sua voz embargada pelo medo.

Nina ficou atônita com a revelação, seus olhos se arregalaram em surpresa diante do nome que Akari mencionara. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, sua filha, ainda tomada pela grande tensão em seu corpo, começou a vomitar no chão da sala. Nina se apressou em a segurar cuidadosamente afastando o cabelo da testa de Akari enquanto ela se encolhia, tremendo.

- Oh, meu amor, tudo bem... - Nina murmurou, a acalmando enquanto o vômito cessava. Mas só ela sabia como o coração de mãe estava naquele momento.

- Desculpa... - ela sussurrou, se referindo ao vômito.

- Eu limpo isso depois, não se preocupe.- garantiu.- Venha, você precisa de um banho quente...

Nina rapidamente se levantou e foi até a cozinha, aquecendo água para que Akari pudesse tomar um banho quente e se agasalhar. Ela voltou para a sala com uma toalha e ajudou Akari a se levantar, a gentilmente até o banheiro. Enquanto a água quente escorria, Nina se esforçou para acalmar sua filha, garantindo que tudo ficaria bem.

Arte da Trégua  • tobirama senjuOnde histórias criam vida. Descubra agora