Capítulo 13 - Próximos dias

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Boa leitura!

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Maya parou em frente à livraria por alguns segundos antes de qualquer coisa. Como poderia simplesmente entrar depois de tudo? Com que cara encararia Carina? Mas ela tinha prometido, não tinha? E promessas precisavam ser cumpridas.

Com um suspiro profundo, empurrou a porta, e o sino acima tilintou, anunciando sua chegada. "Que droga de sino... Nem para entrar discretamente nessa livraria a gente consegue," pensou, já começando bem o dia.

Seus olhos rapidamente encontraram Carina, que parecia ocupada em organizar alguns livros nas prateleiras. A livraria estava acolhedora como sempre, mas o ambiente estava claramente envolto em uma tensão sutil, refletindo os sentimentos não resolvidos do fim de semana.

Enquanto observava sua chefe, em meros milésimos de segundo, "milésimos de segundos mesmo", a mente rebelde e indisciplinada de Maya entrou em ação e se superou na criatividade.

Bastou olhar para Carina, e um pensamento intrusivo surgiu, quase sem que ela percebesse: a imagem de si mesma sorrindo ao se aproximar dela, que retribuía o sorriso, como se fosse a coisa certa a fazer. Na sua mente, ela dava a volta no balcão, chegando bem perto e depois puxando Carina que estava de pé pela cintura, trazendo-a para junto do seu corpo, sentindo o calor contra o dela. A visão foi tão vívida que Maya quase podia sentir o perfume sutil de Carina misturado com o cheiro dos livros ao seu redor.

Seus dedos, por reflexo, se contraíram, como se quisessem materializar aquele toque imaginado, trazê-lo para a realidade. O desejo de sentir os lábios, de sentir a suavidade da pele dela sob suas mãos novamente, foi tão intenso que a fez balançar a cabeça discretamente, como se quisesse espantar a ideia. "Ah, pelo amor de Deus, que inferno! Você acabou de levar um fora e fica pensando coisas irreais" pensou, sentindo uma mistura de frustração e anseio enquanto tentava focar na realidade. "Esse dia vai ser muito, mas muito longo mesmo...." deu um passo para frente.

Com o barulho da porta, Carina levou alguns instantes para levantar o olhar, e quando finalmente o fez, seus olhos se encontraram com os de Maya. Ambas ficaram imóveis, como se o ar ao redor tivesse ficado mais pesado. O coração de Maya disparou, e ela sentiu o rubor subir pelas bochechas. Sem saber o que fazer com as mãos, ela as enfiou nos bolsos apertados da calça jeans, apertando os punhos como se, com a pressão que sentia, algum conforto pudesse surgir dali.

Carina, com um livro nas mãos, hesitou visivelmente e seus dedos apertaram a capa do livro, enquanto seus olhos, por um breve momento, pareciam procurar por algo para dizer. O silêncio entre elas era quase ensurdecedor, cada segundo se estendendo com uma tensão que nenhuma das duas sabia como dissipar. O breve contato visual apenas ressaltou o abismo que se formara entre elas desde o beijo.

— Bom dia, Maya — disse, tentando soar natural, abriu um sorriso, mas o tom da sua voz entregava uma leve incerteza.

— Bom dia, Carina — respondeu com um sorriso que não alcançou completamente seus olhos, desviando o olhar enquanto se encaminhava para o balcão. Chegando lá tratou de não ficar parada nem um segundo, suas mãos começaram a ajeitar os materiais de trabalho, mas a sensação de ser observada persistia, causando um leve arrepio em sua espinha.

Alguns clientes começaram a entrar e sair, trazendo uma distração temporária. Maya focou em atender as pessoas, mas não pôde evitar que sua mente vagasse para o que não havia sido dito. Enquanto preparava uma xícara de café para Jo, que havia chegado há pouco, ela percebeu que seus movimentos estavam mais lentos, quase automáticos, como se estivesse perdida em seus próprios pensamentos.

Libri e Latte (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora