Capítulo 23 - Parte 2

138 53 5
                                    


Curta, comente, incentive a escrita

Boa leitura!

~~~~~~📖☕📖~~~~~~

Era meio da tarde, e a livraria parecia suspensa no tempo. Carina já tinha reorganizado os livros nas prateleiras de maneira automática, mas sua mente vagava, perdida em pensamentos. O pano que passava pelo balcão não tinha mais propósito — não era sobre a limpeza, era uma tentativa de manter as mãos ocupadas, de conter o caos crescente em seu peito. Cada vez que o pensamento surgia, o aperto no peito piorava: E se Maya não voltasse mais?

A possibilidade de Maya estar magoada ao ponto de desaparecer fazia o coração de Carina martelar descompassado. Ela passou a língua pelos lábios secos, tentando aliviar a tensão na garganta enquanto o som suave da madeira estalando e o ruído distante do tráfego só faziam amplificar sua ansiedade. Cada detalhe ao redor parecia conspirar contra seu controle emocional.

Então, o sino da porta tocou, quebrando o silêncio, e Carina congelou. O pano escorregou por entre seus dedos e caiu sobre o balcão. O estômago revirou de forma desagradável enquanto ela girava o corpo devagar, os pés quase presos ao chão. Quando seus olhos finalmente encontraram Maya, todo o ar pareceu evaporar de seus pulmões.

Maya estava ali, com uma expressão exausta, as olheiras pesando sob os olhos e a postura ligeiramente encurvada. Não havia sinal de raiva, mas a fadiga emocional era clara em cada traço de seu rosto.

Carina piscou rapidamente, tentando processar a visão da barista à sua frente. Seus dedos tamborilaram por um segundo no balcão antes de ela largar o pano de vez e dar um passo hesitante em direção a Maya. O alívio de vê-la misturava-se com a apreensão crescente que apertava sua garganta. As perguntas borbulhavam em sua mente, mas seus lábios estavam secos e incapazes de articular qualquer som coerente.

— Maya... — murmurou, a voz escapando num tom frágil, uma mistura de alívio e cautela. Sua mão começou a se erguer, mas parou no meio do caminho, pairando no ar por um segundo longo demais, como se temesse ultrapassar uma linha invisível entre elas.

A barista ergueu o olhar brevemente, um lampejo de reconhecimento cruzando seus olhos, e esboçou um sorriso cansado, quase imperceptível.

— Você está bem? — A voz de Carina saiu mais trêmula do que ela gostaria, traindo o nervosismo que tentava esconder.

A loira suspirou, uma mão passando pelos cabelos de forma distraída. Os olhos dela, no entanto, continuavam vagos, presos em algum ponto indefinido na prateleira atrás de Carina, antes de finalmente voltar a encarar o olhar preocupado da italiana.

— Eu... estou — disse, mas havia uma hesitação. As palavras pareciam não carregar o peso real do que ela sentia. — Desculpa por chegar atrasada....

Ela fez uma pausa, seus lábios entreabrindo-se como se quisesse dizer algo mais, mas o silêncio pesou no ar.

— Acho que apaguei, sei lá... meio que cansaço mental, sabe?

O peito de Carina apertou ainda mais, mas ela ficou imóvel. O silêncio se tornou espesso entre elas. O simples fato de Maya estar ali deveria ser suficiente, mas o peso da culpa sufocava o alívio.

— Não se preocupe com isso — respondeu, suavemente, tentando mascarar a tensão. Seus olhos percorriam o rosto de Maya, como se buscassem desesperadamente uma brecha, algum indício de que ela poderia fazer algo para reparar o que estava quebrado entre elas. — Fico feliz que tenha vindo.

Libri e Latte (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora