Libri e Latte (Concluída)

Capítulo 25 - Conversa

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Boa leitura!

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— Oi... — Maya murmurou, sua voz baixa e vacilante, como se não tivesse certeza de que deveria estar ali. Seus olhos vaguearam pelo ambiente, fazendo um rápido reconhecimento antes de parar em Carina, mas apenas por um segundo. Logo desviou o olhar para o chão, seus dedos roçando no tecido da calça, incertos.

Carina piscou algumas vezes, absorvendo a presença de Maya como se fosse uma surpresa que seu corpo ainda não processara por completo. O sorriso que tentou esboçar não chegou a se formar por completo, e seus lábios pareceram desistir no meio do caminho.

—  Oi, Maya... — A voz saiu quase num murmúrio, mas firme o suficiente para ser ouvida. Ela não conseguiu evitar deixar os olhos percorrerem o corpo da loira, focando brevemente no uniforme. Maya estava diferente — de cabelo solto, como Carina raramente via, sem o rabo de cavalo que usava religiosamente quando trabalhava na cafeteria.

Carina fixou o olhar no cabelo por um segundo a mais reparando nos detalhes. "Sempre preferi assim...", pensou, embora não ousasse dizer. O ar entre elas parecia mais denso do que o esperado, quase como se o simples ato de estar ali já fosse uma transgressão.

Estava linda? Sim, como sempre, mas tinha algo ali.... Havia uma rigidez no modo como Maya se mantinha de pé, quase como se estivesse pronta para sair correndo. Carina sentiu algo parecido, mas em vez de dar um passo atrás, seus dedos começaram a mexer no livro em suas mãos, algo para fazer enquanto tentava processar aquele momento.

O silêncio voltou a se instalar entre elas, pesado e desconfortável. Carina mexeu novamente no livro que estava segurando. Seus dedos deslizavam pela capa de couro, um movimento repetitivo e nervoso que ela mal percebia que fazia.

Do outro lado da livraria, Arizona mexia em alguns papéis, aparentemente absorta em sua própria tarefa, mas seus olhos discretamente observavam a cena. George, atrás do balcão da cafeteria, olhou para Maya com seu sorriso usual, dando-lhe um aceno amigável, sem perceber a tensão que pairava no ar. O som da máquina de café borbulhando ecoava suavemente, um ruído que parecia amplificar o desconforto do momento.

— Você... conseguiu o emprego. — Carina falou de repente, rompendo o silêncio como quem acende uma luz num quarto escuro. A tentativa de normalidade ficou clara no tom de voz, mas ela ainda hesitava. O olhar dela pairou sobre o uniforme, como se aquele fosse o ponto seguro para qualquer interação. — Callie me contou.

Maya balançou a cabeça levemente, os lábios formando uma linha fina. Ela não queria dizer muito. — Consegui — respondeu, a voz controlada, quase fria. Havia algo ali que resistia, como se cada palavra fosse uma pequena batalha. E a cada segundo, Carina sentia o peso de tudo que ficou sem ser dito nos últimos meses.

Carina mordeu o lábio, claramente sem saber o que dizer a seguir. Ela pensou em se aproximar, dar a volta no balcão, mas parou novamente, o corpo rígido, algo a segurava, como se aquele pequeno espaço entre elas fosse ao mesmo tempo seguro e perigoso.

— Você vai... — Carina começou, com uma tentativa suave de leveza na voz. — Vai tomar seu café hoje? — Sua pergunta saiu um pouco mais tímida do que pretendia. Ela já sabia que Maya vinha todos os dias, Arizona e George tinham falado, mas ouvir diretamente dela era diferente.