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ALLANA

Júlia já estava alterada e toda nervosa. Tá que a mulher pode só querer da o golpe, mas e se for filho do outro mesmo? A criança não tem culpa de nada. Tentei ajudar, tomei frente de falar com a mulher.

Allana: Oi, tudo bem? - fui amigável - Você que é a Lúcia ne? - ela concordou - Vem comigo, vamos conversar num lugar melhor.

Ela estava tremendo de medo coitada, até relutou de vir comigo, achou que iríamos fazer algo a ela, mas a real é que estávamos morrendo de fome e assunto familiar não se trata dentro do trabalho.

Fomos pra um restaurante, que estava vazio pela hora. Fizemos nossos pedidos e eu fui tentando mediar a situação, ouvir a mulher né.

Allana: Pode confiar na gente, nós não vamos te machucar Lúcia.

Lúcia: Olha, vou ser direta. Não quero dinheiro a vida toda, só quero uma quantia pra voltar pra minha terra, o Simão me prometeu isso. Não tenho condições de criar essa criança entende? - suspirou - Ele sumiu, pouco tempo depois eu descobri a gravidez, se quiserem...

Júlia: Você está de quanto tempo? - a interrompeu

Lúcia: Sete meses.

Júlia: Já da pra fazer o exame sem tantos problemas. - concordei - Lúcia, você aceita fazer o exame de dna? Não pense que não acreditamos em você, mas você entende que com a potência do meu pai não é a primeira a aparecer grávida.

Lúcia: Sim e eu entendo.

Comemos em completo silêncio.

Como Júlia sabe usar a influência que tem,  conseguimos fazer o exame hoje mesmo.

Fui olhar o grupo das meninas e a prin saiu.
Segundou com uma bomba dessa bebê, segura o rojão. Mas nem vou bater cabeça com isso. Ela me conhece a minha vida toda, sabe do meu caráter e eu também. Não sou mulher de ser amante ou trair, cada um sabe onde o calo aperta, mas eu não sou dessas meu amor, nunca fui.

Pegamos o contato da Lúcia, semana que vem deve estar pronto, mas como é a Simão, acredito que bem antes já esteja na mão.

Saímos dali indo direto pra mureta, tomar uma ou todas.

Dei um apoio ali pra Júlia, ela tem que acalmar, nem sabe se é filho do homem mesmo, tem que ver certo e depois pensar no que fazer.

Sexta-feira

Estava resolvendo com os pedreiros como ia fazer ou deixar de ser, fiz até um mini projeto com a arquiteta amiga da Júlia, tô super ansiosa pro meu espaço novo ficar pronto.

Júlia me ligou, falando que o exame ficou pronto, desci o morro já pedindo o uber, que nervoso, parece que o filho é meu.

Cheguei lá, pegamos os exames e fomos pra um bar. E não deu outra, é filho do Simão mesmo.

Júlia: E agora? - virou a cerveja - O que eu vou fazer com essa criança?

Allana: Fica com ela Júlia, da amor, carinho, tudo o que não teve. Você vai ser uma ótima mãe e irmã pro bebê, você tem condições pra isso mulher.

Júlia: Verdade... Mas eu tô com medo de não dar conta pretinha. - fiz carinho no rosto dela

Allana: Quando você não aguentar mais, eu ainda vou estar aqui do seu lado.

O fim de tarde foi isso, vim pra casa da Júlia, ela em contato com a Lúcia, resolvendo como vai ser e o que vai ser.

Fiquei conversando com a Júlia sobre tudo e todos, tirar ela dessa preocupação sabe?

Júlia: A sua mulher tá aí. - revirei os olhos

Allana: Já te falei que não tenho mulher.  Avisa que eu tô descendo.

Só fiz vestir um roupão da Júlia, calçar o chinelo e pegar o elevador.

Allana: Boa noite seu Amilton. - cumprimentei o porteiro

Fui pra esquina onde ela estacionou.

Moretti: Não me responde mais porque? - revirei os olhos

Allana: Tava trabalhando, nem vi. - fiz um coque no cabelo

Moretti: Tu tá bolada com aquele bagulho do fake? - eu ri

Allana: Não bebê, mas é chato toda hora ser tachada de amante e traidora né?

Moretti: Já falei pra Tecna acabar com isso pô, bagulho chato. - neguei sorrindo

Allana: O que você quer? - ela ia falar mas eu cortei - Tem algo pra falar, a hora é agora. - ela estalou a língua

Moretti: Vou pra outra favela, missão. - respirei fundo e concordei

Allana: E eu com isso? - a olhei, meu coração já estava apertado

Moretti: Queria passar um tempo contigo pô. - concordei e ela me puxou pra um beijo

Ficamos ali dando uns amassos, gostoso demais tá? Tava vendo a hora da gente transar ali mesmo, o erro.

Moretti: Vamo passar a noite comigo preta, de madruga vou pra missão e tu sabe como é, sei nem quando volto. - revirei os olhos

Allana: Sem chantagem tá? - ela me deu um selinho - Hoje não dá. - ela me puxou pra mais um beijo

Moretti: Tem certeza? - passou a mão na minha buceta - Vou nem te falar que tu tá errada de sair de casa assim, só porque facilitou meu lado. - pegou no meu pescoço - Da próxima não tem perdão. - ri dela

Allana: Ai ai, vou subir que eu ganho mais.

Moretti: Aham. - penetrou dois dedos, foi fácil já que eu estava toda molhada - Caralho! - sorriu - Tô ficando louca aqui já, bora pra treta comigo novinha. - eu ri

Allana: E eu lá sou mulher de treta? - bufei - Sai sai, vai dormir que você ganha mais.

Moretti: Tu tá cheia de marra com bandida né, vou te pegar na curva Allana, ham. - segurou meu maxilar e mordeu meu lábio

Allana: Se eu tivesse medo de bandida nem aqui eu tava, se manca. - ela riu negando

Eu destravei o carro e me desgrudei dela pra poder sair.

Moretti: Vai ter volta pô, tá de aviso. - eu dei dedo e ela subiu o vidro arrancando com o carro.

Euem, maluca né? Deixamos as claras que era só uma foda. Gozou? Veste sua roupa e mete o pé, agora até me caçar ela vem? Ainda reclama que estou sem calcinha? Ai não!

Em partes fiquei com o coração apertado por ela ir nessa missão. Muito ruim não saber quando ela volta e se volta. Mandei mensagem, falando pra ela ir com Deus e também orei.

É nesses momentos que meu coração dói e todos os sentimentos vem a tona. Eu a amo...


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