16

1.5K 129 20
                                        

Lizzie.

Palavras machucam. Palavras ferem. Uma simples palavra pode acabar com sua vida.

Lembro das diversas vezes que meu pai gritava comigo, me batia e dizia que eu era a culpada da vida dele ser uma merda. Vivi por dez anos no inferno, sem ter saída, sem ter pra onde ir, eu apenas tinha que aceitar toda essa merda. Agora, depois de oito anos tô vivendo a mesma sensação, só que agora é diferente, já que eu carrego uma vida dentro de mim.

É assustador pensar que agora vai ter uma pessoinha que vai depender de mim pra tudo, exatamente tudo. É estranho pensar que não vou ter o apoio de ninguém e vou ter que me virar sozinha, não vou ter uma mãe pra me ajudar, vou ter que aprender a cuidar de uma criança sem ao menos saber de nada.

E isso é uma escolha minha. Eu poderia abortar, arrumar um emprego e viver minha vida, mas eu sinto que essa não seria eu. Eu não poderia matar uma vida por irresponsabilidade da minha parte. Eu não posso.

A noite estava fria, com a sensação de que iria chover. Essas semanas eu estava em um hotel, gastei todo dinheiro em diárias, que tinha acabado hoje pela manhã. Como se já não bastasse o que eu estava passando, eles me colocaram pra fora antes mesmo de anoitecer. Fiquei andando pelo bairro sem rumo, parei na praia pra refletir um pouco e agora, estou aqui na calçada morrendo de frio, sem saber pra onde ir.

Ouvi um barulho de motor de carro, me assustei pensando que era um assalto, mas pensando bem, eu não tenho nada para ele levar.

— Ei, moça, quer uma carona? – Me virei desconfiada, encontrando um cara no carro com o vidro abaixado. — Já está ficando tarde e... bom, não é legal andar sozinha a essa hora.

— Não, eu estou bem. – Aumentei meus passos. Ele pareceu não desistir e continuou.

— Tá frio, você tá sem casaco, eu só quero ajudar. – Sua voz era em um tom preocupado e amigável. Mas eu não conhecia ele, é meio perigoso aceitar uma carona assim. — Sei que você deve estar assustada e com medo, mas eu te prometo que só quero ajudar. Daqui a pouco vai chover e você pode ficar resfriada.

Confesso que aquela conversa estava me convencendo, afinal eu não tenho pra onde ir e ficar caminhando sem rumo com certeza era uma burrice. Parei de andar e me virei analisando seu carro preto, não era qualquer um, era um jeep, o cara aparentava ter dinheiro.

— Como posso ter certeza de que você não vai me sequestrar? – Perguntei cruzando os braços, ele soltou uma risada divertida, negando com a cabeça.

A porta foi aberta e ele desceu do carro vindo até mim. Sua roupa era formal, típico de um empresário.

— Fica tranquila, eu não vou te sequestrar. – Estendeu a mão para pegar a mochila em minhas costas, hesitei por um momento pensando se realmente deveria confiar nele. — Deixa eu te ajudar com isso.

Eu apenas o deixei pegar, e então ele foi até o carro abrindo a porta pra mim, entrei ainda desconfiada, mas acho que não a nada que eu possa fazer agora. O mesmo entrou do outro lado e colocou minha mochila no banco de trás, se acomodando e logo dando a partida.

— Então, pra onde você estava indo? – Perguntou gentilmente.

— Pra falar a verdade, eu nem sei. Só estava andando sem rumo.

— Quer que eu te deixe em algum hotel? Tem um não tão longe. – Me olhou de relance.

— Eu saí de um hoje, não tenho mais grana pra pagar outro. Mas você pode me deixar em qualquer lugar, eu me viro.

Minha Madrasta. ( Jenna G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora