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J. Ortega

Encarei o chão sem nenhuma reação, pensando na burrada que tinha acabado de fazer.

Eu demorei tanto tempo pra reconquistar a Lizzie de volta, pra fazê-la confiar em mim... e eu errei. Tudo por um mísero orgasmo, que eu ao menos tive.

Sim, eu não gozei. Porque depois de trinta segundos vendo aquela mulher, eu caí na real. Ela não era Lizzie, ela não era a minha mulher.

E eu simplesmente estava sentindo tesão por outra mulher, e eu não sou assim. Antes mesmo dela dizer algo, eu desliguei aquela ligação e percebi o que tinha acabado de fazer.

Não sei se essa porra é considerado traição ou não... mas provavelmente, é. E é por isso que eu tô me sentindo culpada, me sentindo um lixo por fazer isso com a mãe dos meus filhos.

Se tudo o que eu queria era uma família, por que eu não consigo cuidar dela? Por que não consigo assumir esse papel e encarar a realidade?

Minha vida não vai ser igual pra sempre. Uma hora ou outra meu tempo livre ia acabar, e eu teria que me acostumar com uma vida nova.

Uma vida com crianças, brinquedos espalhados pelo chão, choros diariamente, discussões e brigas o tempo todo. É assim que uma família funciona, é assim que a vida dos meus sonhos funciona.

Não importa o que eu faça, eu não posso mudar isso. Eu tenho que aguentar o tempo que for, assumir meu papel como mãe e mulher, saber me colocar no meu lugar e respeitar quem me ama. Não importa como a gente esteja, brigadas ou bem, eu devo respeito a ela.

E eu fui uma otária por não fazer isso. Ela me negou, mas isso não é motivo pra eu procurar outro alguém. Ela me negou exatamente porque tá carregando dois filhos meus, tá carregando o meu sonho. Como eu posso culpa-lá por isso?

Eu só estaria sendo mais escrota. E eu sei que não sou assim. Eu nunca fui.

Mas essa nova vida me assusta. Eu nunca lidei com crianças, nunca lidei com discussões diariamente. Claro, teve a Mariana, mas o nosso amor já estava frio. Com Lizzie, é diferente. Com ela, tudo é diferente.

Sentei no sofá observando Aurora brincar no chão rindo sozinha ao juntar suas bonecas, me fazendo sorrir.

Lizzie estava na cozinha preparando algo pra ela comer. Ela não trocou nenhuma palavra comigo desde que acordou, e eu entendo o porquê.

— Toma filha – Falando nela, a mesma apareceu segurando uma mamadeira que foi entregue para Aurora. Minha filha abriu um sorriso e pegou a garrafa na mão da mãe, bebendo o líquido que estava dentro.

Deixei um suspiro escapar dos meus lábios enquanto eu olhava pra ela, me arrependendo do que fiz.

Já pensou se a gente se separasse de novo? O tanto que a Aurora ia sofrer com isso?

Não entendo o porquê eu não consigo pensar nessas coisas quando estou em outro mundo. Eu só consigo pensar em mim mesma, no meu prazer. Mas nunca, na minha família.

Eu prometi mudança, eu tenho que provar isso. Provar pra Lizzie que eu não sou a mesma de antes, apesar dos meus erros.

Com esses pensamentos, me levantei do sofá e fui até a cozinha. Ela estava de costas pra porta, lavando a louça. Me aproximei dela devagar, ficando ao seu lado.

Minha Madrasta. ( Jenna G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora