𝐀 𝐦𝐞𝐮 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫 - 𝐅𝐑

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Lorena

Eu vou me mudar.

Não aguento ficar em um lugar que me lembra tudo que eu passei, é não sou obrigada a ficar.

A última mala estava pronta e orochi já me esperava na porta da minha casa junto com Lara e o porta malas lotado. Coloco a última mala ao meu lado e tranco minha amada casa, vou alugar ela por esse tempo.

— Cê tem certeza disso branca? – orochi vira pra mim por um momento.

— Tenho certeza, não aguento esse lugar.

— Se é esse seu desejo, partiu Copacabana – grita Lara.

Flávio percebeu meu desespero e me emprestou a casa dele por quanto tempo eu quisesse ficar até me sentir bem. Foram semanas trancada no quarto, sem comer, sem me sentir viva e tendo milhares de traumas, eu não queria morrer assim.

Então eu botei meu joelho no chão e pedi a Deus uma luz pra iluminar meus caminhos para que eu não entrasse em depressão e tirasse tamanho ódio do meu coração, afinal eu não preciso disso.

Tenho sim receio do Filipe, afinal ele me causou a dor que eu nunca vou esquecer, porém ele não tem cem porcento da culpa. Eu me arrisquei a ficar com um cara que todos querem a cabeça, também fui burra.

Encosto a cabeça no vidro do carro, o morro era deixado pra trás e eu ficava cada vez mais ansiosa. Quero voltar a trabalhar, voltar a viver alegre e feliz e quem sabe uma vez por semana ir em um psicólogo procurar uma ajuda.

O carro para assim como o som estralado que fazia qualquer cidadão de bom tom olhar para o carro em negação afinal ninguém quer ficar escutando "buceta, piroca" e os caralho a quatro junto com crianças na rua.

— Chegamos dona encrenca.

Eu e Lara encaramos o lugar abismadas, um apartamento de frente pro mar e não é dos baratos não o lugar e literalmente um luxo.

— Olha as vezes eu acho que essa vida de tráfico é legal pra caralho – Lara toma frente me fazendo concordar com ela.

— Se tudo der errado eu já até sei o que ser da vida quando crescer – saio do carro.

Começo a retirar algumas malas do porta malas e o porteiro rapidamente vem ajudar, pensa num cara gato, moreno do olho azul e sorriso branquinho.

— Boa tarde! – responde com um sorriso — Você deve ser a nova moradora da suíte. Meu nome é Théo, sou o porteiro.

É educado, eu quero pra mim.

— Boa tarde – pego outra mala — E um prazer conhecer você Théo!

Aperto sua mão que está estendida. Lara me olha de canto de olho apertando eles, já orochi se negava a olhar.

— Aí dona encrenca, tenho que voltar – concordo — Lara disse que quer ficar com você até você virar gente, então tô machando.

Encaro Lara que sorria pra mim com uma mala do seu lado, que safada. As minhas malas já estão em um carrinho de bagagem e nos direcionamos até o último andar, olha quando eu falei que a segunda opção era ser traficante deveria ser uma mentira.

Passo meu olho pelo lugar, tudo tão aconchegante e com uma grande janela de frente para o mar. Théo então toma a atenção para si mesmo.

— Bom, tenho que voltar ao meu trabalho – sorri pra mim — Qualquer coisa e só ligar.

E assim saí do apartamento. Lara já me olhava com curiosidade.

— Tu gostou dele né? – olho pra ela negando — Vai mentir pra mim safada, logo pra mim!?

— Tá bom Lara, ele é um gostosinho de mão cheia.

— Gostosinho mana? se eu não tivesse nesse rolo com o Flávio eu já tinha e pegado esse pedaço de mal caminho – suspira se abanando.

— Bom chega disso – bato palmas pra aliviar o clima — Tenho que começar a procurar um emprego e uma psicóloga.

— E temos que ir a praia então, vamos amanhã.

Começamos a organizar as nossas coisas em nossos quartos temporários, quando finalmente está tudo pronto nós jogamos no sofá com avista do mar e o pôr do sol caindo sobre o céu.

— Fiquei sabendo que você brigou na rua, já te falei sobre isso Lara.

Ela me olha rindo, e então vai até a área de bebidas que tinha um monte de tantas marcas que nem eu sei os nomes. Lara pega dois copos e coloca gelo e uma bebida que eu deduzi ser whisky.

— Talvez eu não aceite ninguém difamar a dignidade da minha irmã – e me entrega um copo.