Terra Partida

Capítulo 1: Sinais de tempestade

A fábrica de autopeças no Japão era um lugar de rotina metódica e precisão, onde o som constante das máquinas formava uma sinfonia de trabalho incessante. Entre as linhas de montagem e o movimento constante de peças, Paulo e Estéfani eram uma presença constante e indispensável.

Paulo, um homem de estatura mediana com cabelos castanhos ligeiramente desgrenhados, era conhecido por sua dedicação ao trabalho. No entanto, o que poucos sabiam era que, durante os intervalos, seu pensamento estava longe dos parafusos e engrenagens da fábrica. Em vez disso, ele se perdia nas complexidades da geofísica, sua verdadeira paixão.

Em um pequeno espaço reservado para os funcionários, Paulo estava cercado por livros e artigos científicos, seus olhos brilhando com entusiasmo. Ele se inclinava sobre o material, anotando observações em um caderno desgastado. Estéfani, com seu sorriso gentil e olhos atentos, o observava com carinho.

"Você está completamente absorto novamente," ela comentou, aproximando-se com uma xícara de café.

Paulo levantou a cabeça, seu sorriso largo revelando um brilho de felicidade. "É fascinante, Estefani. Olhe para isso," ele disse, apontando para uma equação complexa. "Eu encontrei uma correlação que pode mudar tudo."

Estéfani riu e se sentou ao lado dele, o calor do café envolvendo suas mãos. "Sempre me impressiona como você pode ficar tão envolvido com isso. É como se o mundo lá fora não existisse para você."

Paulo riu, passando um braço ao redor dela. "Bem, você é a exceção. Quando estou com você, o mundo é ainda mais interessante."

Seus momentos juntos eram simples, mas cheios de amor. Durante os intervalos, eles trocavam olhares significativos e conversas íntimas, encontrando consolo e alegria na companhia um do outro. Estéfani frequentemente lhe dava conselhos sobre como interpretar os dados ou, às vezes, simplesmente o abraçava quando a carga de trabalho se tornava intensa.

Nos dias que antecederam a viagem de Paulo para o Brasil, algo começou a mudar. Ele começou a notar padrões climáticos estranhos e alertas em seus estudos. O clima estava ficando mais errático, e ele sentia um desconforto crescente. A princípio, ele pensou que era apenas uma coincidência, mas a inquietação persistia.

Em uma noite tranquila, enquanto Estéfani descansava em seu colo durante uma pausa, Paulo falou sobre suas preocupações. "Estéfani, você também notou que o clima tem estado estranho ultimamente?"

Ela olhou para ele com uma expressão preocupada. "Sim, eu percebi. Parece que algo não está certo."

Paulo balançou a cabeça, tentando se convencer de que eram apenas suas preocupações. "Não sei o que está acontecendo, mas sinto que algo grande está prestes a acontecer."

Estéfani apertou a mão dele. "Vamos enfrentar isso juntos. Seja o que for, nós vamos dar um jeito."

Os preparativos para a viagem de Paulo estavam em andamento. Enquanto organizava suas coisas, Estéfani ajudava e lhe dava suporte emocional. "Prometa que vai se cuidar," ela pediu, seus olhos cheios de preocupação.

"Prometo," Paulo respondeu, inclinando-se para beijar sua testa. "E prometo que voltarei para você."

No final daquele dia, enquanto o sol se punha sobre o horizonte, Paulo e Estéfani se abraçaram em um gesto de despedida. O futuro estava cheio de incertezas, mas o amor que compartilhavam era um farol de esperança.