Capítulo 31: O Pouso no Fim do Mundo

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O avião chacoalhava violentamente enquanto Alinne, com as mãos firmes no manche, tentava manter o controle. O painel à sua frente piscava com luzes vermelhas e alarmes soando. Apesar de ter tido algumas aulas de pilotagem durante seu treinamento militar, ela nunca havia pilotado um avião em condições tão extremas. Sua respiração era rápida, o coração batendo forte no peito. Tudo o que sabia estava sendo testado naquele momento de desespero.

"Estefani, estamos perdendo altitude rápido demais!" gritou Alinne, olhando para a imensidão branca da Antártida que se aproximava. A vastidão de gelo parecia indiferente ao destino daquelas vidas em suas mãos.

Estefani estava sentada mais atrás, segurando o braço da cadeira com tanta força que seus dedos estavam brancos. O avião sacudia tanto que parecia que a qualquer momento poderia se despedaçar no ar. Ela olhava para Alinne, confiando na amiga, mas sabia que a situação era crítica.

O som da fuselagem gemendo sob a pressão fez Estefani se encolher, e foi nesse momento que seus olhos captaram algo perturbador. O magnata que havia organizado a expedição estava sentado mais ao fundo, conversando em voz baixa com seu segurança. Estefani, por um instante, conseguiu ouvir o suficiente para entender a gravidade do que estava sendo dito.

"Assim que pousarmos... mate a piloto," sussurrou o magnata, o tom frio como o gelo lá fora.

O choque percorreu o corpo de Estefani. Ela queria gritar, alertar Alinne, mas sabia que qualquer reação poderia custar-lhes a vida ali mesmo, no ar. O olhar mortal do magnata se encontrou com o dela por um momento. Sua expressão fria e calculada a avisava para não tentar nada. Estefani se sentiu impotente, o pânico tomando conta de seus pensamentos.

Enquanto o avião caía em direção à terra, Alinne, concentrada, lutava para estabilizar a aeronave. O gelo da Antártida já se aproximava rápido demais, e ela sabia que tinha poucos minutos para tentar um pouso forçado. "Segurem-se!" ela gritou para todos a bordo.

O impacto foi devastador. O avião tocou o solo com uma força brutal, fazendo a fuselagem ranger e pedaços da aeronave voarem pelo ar. A aeronave derrapou violentamente pelo gelo, arrastando-se por centenas de metros antes de finalmente parar, tombada de lado. Gritos de dor e desespero ecoaram na cabine, mas logo foram abafados pelo silêncio opressor que seguiu.

Alinne abriu os olhos, atordoada, com a cabeça latejando e o corpo doendo por todo lado. O cheiro de combustível e fumaça a fez despertar rapidamente para a realidade do desastre. O avião estava destroçado. Havia mortos e feridos por toda parte, e o fogo começava a se espalhar pelos destroços. Ela soltou o cinto de segurança com dificuldade, forçando-se a levantar, embora sua cabeça ainda estivesse rodando.

"Estefani..." murmurou Alinne, começando a andar pelos destroços em busca de sua amiga. Seus olhos se encheram de desespero ao ver o estado do avião. "Estefani!" gritou mais alto, tentando superar o caos ao redor.

No fundo da aeronave, Estefani estava desmaiada, ainda presa em seu assento. Ao lado dela, o magnata jazia no chão, inconsciente. Alinne correu até a amiga, com o coração apertado. "Estefani, acorde! Por favor!" Ela balançou Estefani, e depois de alguns momentos, os olhos da amiga começaram a abrir lentamente.

"Alinne... o que aconteceu?" perguntou Estefani, sua voz fraca e desorientada.

"Temos que sair daqui. O avião vai explodir!" disse Alinne, ajudando Estefani a soltar o cinto e se levantar. As duas se escoraram uma na outra enquanto saíam do avião em meio aos destroços. O frio intenso da Antártida as atingiu como uma onda gelada, mas era o menor dos seus problemas agora.

Enquanto se afastavam dos destroços, Estefani olhou ao redor, tentando processar a situação. "Conseguimos? Estamos no Polo Sul?"

Alinne, com lágrimas nos olhos e a respiração entrecortada pela emoção e pelo cansaço, assentiu, os olhos fixos no horizonte gelado. "Sim... conseguimos. Estamos no Polo Sul."

Por um momento, parecia que o pior havia passado. Mas o silêncio foi quebrado pelo som que Estefani temia: um disparo.

Ela virou-se rapidamente, o coração disparando mais uma vez, e viu o magnata, com a mão ensanguentada, segurando uma arma. Ele estava se arrastando pela porta do avião, com o olhar fixo em Alinne. Estefani gritou, mas foi tarde demais.

Alinne cambaleou, levando a mão ao peito, onde o sangue já começava a escorrer. Seus joelhos cederam, e ela caiu no chão, ofegante, os olhos arregalados de dor.

"Alinne!" gritou Estefani, correndo para segurar a amiga nos braços. Ela olhou para o ferimento, o terror crescendo dentro dela. Alinne tentava respirar, mas cada vez com mais dificuldade. Seus olhos encontraram os de Estefani, um misto de dor e resignação.

"Estefani..." sussurrou Alinne, enquanto sua força começava a se esvair.

Desesperada, Estefani pressionou o ferimento, tentando conter o sangue. "Fica comigo, Alinne! Não me deixa agora!"

O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pelo crepitar das chamas ao longe, enquanto o desespero de Estefani crescia a cada segundo que passava. Ela olhou ao redor, buscando ajuda, mas estavam sozinhas no gelo, à mercê do destino.

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