Capítulo 22: Conexões Inesperadas

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Desde o resgate da avó de Léo, Pedro vinha agindo de maneira estranha. O que deveria ter sido um momento de alívio e vitória parecia ter deixado Pedro mais retraído e reservado. Ele estava mais silencioso e frequentemente se afastava do grupo, sempre encontrando desculpas para não ficar por perto.

Paulo, que observava Pedro com preocupação crescente, sabia que algo estava errado. Aquele não era o comportamento usual de Pedro, que sempre fora o primeiro a tentar animar o grupo, mesmo nos momentos mais difíceis.

Enquanto o grupo caminhava por uma área devastada, Erik, com seu habitual entusiasmo, se aproximou de Pedro com um pequeno dispositivo eletrônico na mão.

— Ei, Pedro! A Alinne ainda está com aquele transmissor que você esqueceu comigo quando estava brincando de super-herói? — disse Erik, tentando levantar o ânimo.

Pedro, que parecia perdido em seus pensamentos, demorou um momento para entender a pergunta de Erik.

— Ah, sim... ela deve estar com o dela. O meu... eu não sei onde está — respondeu Pedro, com uma expressão distante.

— Bom, eu fiz uns ajustes no seu velho brinquedinho — Erik continuou, com um sorriso travesso. — Agora, dá pra mandar mais do que uma palavra. Você pode escrever uma carta inteira, se quiser!

Pedro olhou para Erik, sem entender completamente o que ele estava dizendo.

— Escrever uma carta? Mas isso é um rádio, não um computador... Como é que...?

Erik interrompeu Pedro, ainda sorrindo.

— Ah, relaxa! Eu consertei o microfone e o fone de ouvido também. Dá pra conversar por voz, se preferir. Acho mais prático.

João Carlos, que estava por perto, riu e balançou a cabeça.

— É melhor você não questionar, Pedro. Apenas aceite. Erik tem essas... genialidades de vez em quando.

Pedro, ainda confuso e claramente desconfortável, decidiu seguir o conselho. Erik ajustou o transmissor e começou a tentar contato com Alinne. O grupo esperou em silêncio, todos curiosos e ansiosos.

De repente, um som nítido e claro surgiu do rádio.

— Alô? Quem está aí? — A voz de Alinne soou pelo transmissor, cheia de surpresa e alívio.

Pedro, ouvindo a voz de Alinne, rapidamente pegou o rádio das mãos de Erik, tentando esconder a dor que sentiu ao fazer um movimento brusco.

— Alinne! Sou eu, Pedro! Você está bem? Onde você está?

A resposta de Alinne veio imediatamente.

— Pedro! Graças a Deus! Nós conseguimos chegar na Nova Zelândia. Encontramos um mapa e um plano de rota para seguir até o Polo Sul. E você? Você promete que vai conseguir chegar lá também?

Pedro hesitou por um momento, lutando para manter a voz firme.

— Não se preocupe comigo. Apenas concentre-se em chegar lá em segurança. Eu vou... eu vou dar um jeito.

— Tudo bem, mas, por favor, cuide-se. E há alguém aqui que está muito ansiosa para usar o rádio...

Antes que Pedro pudesse responder, uma nova voz surgiu no transmissor.

— Paulo? É você?

Paulo, que havia ficado em silêncio, observando a conversa de perto, correu emocionado para pegar o rádio.

— Estefani! Meu amor, você está bem? Onde você está?

— Sim, estou bem! Estou com Alinne. Conseguimos sair do Japão e estamos seguindo para o Polo Sul. Estou tão aliviada de ouvir sua voz.

Paulo, com lágrimas nos olhos, começou a conversar com Estefani, trocando palavras de conforto e esperança. Eles prometeram que fariam de tudo para se encontrarem no Polo Sul. No entanto, a conversa foi interrompida por uma interferência no sinal, e Paulo, relutantemente, desligou o rádio, ainda emocionado.

Assim que o rádio se desligou, o grupo percebeu que Pedro estava pálido e suando. Ele tentou esconder sua condição, mas um gemido de dor escapou de seus lábios, e antes que alguém pudesse reagir, ele caiu no chão, segurando o lado do abdômen.

— Pedro! O que está acontecendo? — gritou Paulo, ajoelhando-se ao lado do amigo.

Pedro não conseguiu responder, a dor sendo insuportável. Os outros correram para ajudar, e Erik rapidamente se agachou ao lado de Pedro, percebendo que algo estava muito errado.

— Pedro, por que você não nos contou que estava ferido? — Erik perguntou, tentando encontrar a causa da dor de Pedro.

Pedro fechou os olhos, lutando para se manter consciente. Ele não queria preocupar os amigos e pensou que poderia lidar com o ferimento sozinho, mas agora percebia que tinha sido um erro.

Paulo olhou para Erik, tentando manter a calma.

— O que podemos fazer?

Erik, percebendo a gravidade da situação, respondeu com seriedade.

— Precisamos cuidar disso agora. Ele pode ter uma infecção ou algo pior. Vamos precisar de suprimentos médicos, e rápido.

Enquanto o grupo se preparava para agir, todos entenderam que o estado de Pedro era muito mais sério do que haviam imaginado. Com uma sensação de urgência e medo, eles sabiam que cada segundo contava para salvar o amigo e continuar a jornada para o Polo Sul.

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