Capítulo 9: A Revelação e o Resgate

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Paulo estava exausto. As últimas semanas tinham sido uma maratona de encontros com sobreviventes, fugas de grupos hostis, e jornadas quase intermináveis através de terrenos devastados. A cada novo passo, ele sentia o peso das incertezas sobre Estefani, sobre o futuro, e sobre o próprio mundo que parecia ruir ao seu redor. Erik, sempre ao seu lado, tentava manter o espírito leve, mas até ele parecia mais sombrio a cada dia que passava.

Naquela noite, o cansaço finalmente os venceu. Paulo e Erik encontraram um pequeno celeiro abandonado na borda de um campo vasto e deserto. Estava parcialmente destruído, mas ainda oferecia alguma proteção contra o vento frio que soprava incessantemente. Sem hesitar, eles se acomodaram em um canto protegido, usando mantas e feno velho para se aquecer.

Enquanto se preparavam para dormir, Paulo olhou para o céu. As estrelas estavam mais brilhantes do que nunca, e ele se perguntou se Estefani estava olhando para o mesmo céu, lutando tanto quanto ele para sobreviver. "Seja onde for que você esteja, por favor, fique segura," sussurrou antes de fechar os olhos.

Do outro lado do mundo, as autoridades finalmente estavam se dando conta da gravidade da situação. As previsões que Paulo e seus amigos haviam discutido e tentado alertar meses antes agora estavam se concretizando. Tremores sísmicos aumentavam de intensidade, e eventos climáticos anormais estavam surgindo em frequência alarmante. Governos ao redor do mundo, inicialmente céticos e focados em manter a calma pública, agora estavam em pânico, organizando reuniões de emergência e tentando entender a escala do desastre iminente.

Documentos confidenciais vazaram para a mídia, revelando que um pequeno grupo de cientistas amadores e entusiastas da geofísica tinha previsto o que agora estava acontecendo. As informações estavam alinhadas com as descobertas de Paulo e seus amigos. Um nome em particular chamou a atenção: Paulo, um brasileiro vivendo no Japão que parecia saber mais do que muitos especialistas.

As autoridades, agora desesperadas para controlar a situação, decidiram encontrar Paulo e seus amigos, acreditando que eles poderiam ter mais informações cruciais sobre o que estava por vir.

De volta ao celeiro, Paulo acordou com um ruído estranho. Ele abriu os olhos lentamente, ainda grogue de sono, e viu sombras se movendo pelo perímetro. Antes que pudesse reagir, uma mão áspera cobriu sua boca, e uma voz baixa e áspera sussurrou em seu ouvido: "Não faça barulho."

Paulo congelou, tentando entender o que estava acontecendo. Olhou para o lado e viu Erik sendo amarrado por outros homens, seus olhos arregalados de pânico. Eles estavam sendo atacados. Os fanáticos religiosos haviam encontrado eles novamente.

Sem resistência, Paulo foi amarrado e amordaçado. Ele e Erik foram arrastados para fora do celeiro, onde viram mais figuras encapuzadas, todas armadas e murmurando orações. Eles os empurraram para dentro de uma van escura e os trancaram.

Enquanto o veículo se movia por estradas desconhecidas, Paulo e Erik trocaram olhares. Ambos sabiam que essa poderia ser a última vez que veriam o amanhecer. O grupo de fanáticos religiosos não tinha piedade e acreditava que os sacrifícios humanos eram necessários para apaziguar seus deuses e evitar o fim do mundo.

Depois de várias horas de viagem, a van parou. Eles foram arrastados para fora e colocados no meio de um círculo de pedras, rodeados pelos fanáticos que agora cantavam em um tom baixo e ameaçador. O líder, um homem com olhos ferozes e barba longa, começou a entoar palavras em uma língua antiga, segurando um punhal que refletia a luz das tochas ao redor.

Paulo e Erik, ajoelhados e amarrados, sentiram a presença da morte se aproximando. Eles fecharam os olhos, esperando pelo inevitável. Mas, de repente, o som de motores ecoou pela área. Um feixe de luz intenso iluminou o grupo, e uma voz amplificada ordenou: "Abaixem as armas e deitem-se no chão!"

Confusão e caos tomaram conta. Vários carros pretos, cheios de soldados armados, cercaram o local. Os fanáticos, em pânico, começaram a correr em todas as direções, mas não houve tempo para fuga. Os soldados abriram fogo, eliminando os membros do culto sem hesitação.

O líder, ainda segurando o punhal, tentou avançar para Paulo, mas um tiro certeiro o atingiu no peito, fazendo-o cair sem vida ao lado das pedras. Paulo e Erik foram rapidamente libertados por dois soldados, que os ajudaram a se levantar.

Atordoados, os dois foram levados para um dos carros, onde foram informados que estavam sendo resgatados pelo governo. "Vocês estão seguros agora. O governo está ciente do que vocês sabem e precisa da sua ajuda," disse um oficial de alta patente, olhando diretamente para Paulo.

Paulo assentiu, ainda em choque. Ele olhou para Erik, que parecia igualmente surpreso. A adrenalina ainda corria em suas veias, e ele sentiu uma mistura de alívio e medo pelo que ainda estava por vir. Enquanto o carro acelerava, ele pensou em Estefani e esperou que ela estivesse segura, onde quer que estivesse.

Com o futuro incerto, mas uma nova esperança surgindo, Paulo sabia que a luta estava longe de terminar.

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