Capítulo 21: Heróis e Despedidas

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O sol começava a se pôr no horizonte, tingindo o céu com um tom alaranjado e lançando sombras longas sobre a paisagem devastada. A pequena comunidade de Santa Helena agora era um amontoado de escombros, e o silêncio após o caos era ensurdecedor. Pedro, Paulo, Erik, João Carlos, e os sobreviventes restantes estavam no topo da colina, observando a destruição. Seus corpos estavam cansados, mas suas mentes estavam alertas, ainda em estado de choque pelo que haviam testemunhado.

Léo, o garoto de 12 anos que Pedro havia salvado, estava sentado de joelhos no chão, olhando fixamente para o vale onde sua cidade ficava. Seus olhos estavam arregalados de pavor, e suas mãos tremiam ao perceber que sua avó não estava entre os sobreviventes. Com a voz trêmula e os olhos marejados de lágrimas, ele começou a chamar desesperadamente por ela.

— Vó! Vó! Onde você está? — gritou Léo, sua voz carregada de angústia.

Pedro se abaixou ao lado do menino e colocou a mão em seu ombro, tentando acalmá-lo.

— Léo, vamos encontrá-la — disse Pedro suavemente. — Talvez ela tenha conseguido se esconder em algum lugar seguro.

Léo olhou para Pedro com olhos cheios de lágrimas, o desespero evidente em seu rosto jovem.

— Por favor, Pedro! Você tem que salvá-la! Você tem que trazer minha vó de volta!

Pedro sentiu um aperto no peito ao ver o sofrimento de Léo. Ele sabia que não poderia simplesmente deixar o menino nessa angústia. Virou-se para os outros, sua expressão decidida.

— Eu preciso voltar — disse ele, firme. — Eu vou encontrar a avó de Léo. Não posso deixá-la para trás.

Paulo, Erik e João Carlos trocaram olhares preocupados. Paulo foi o primeiro a falar.

— Pedro, você não pode fazer isso! É uma loucura voltar lá agora. A cidade está em ruínas, é muito perigoso! — sua voz estava carregada de preocupação.

Erik, sempre tentando aliviar a tensão, acrescentou: — É, cara. Você viu o que aconteceu lá. Se você voltar, pode não sair vivo. E, honestamente, você já ganhou um monte de pontos de herói hoje. Não precisa bancar o Superman.

Pedro olhou para seus amigos com uma expressão de dor, mas também de determinação.

— Eu sei que parece loucura — disse ele, sua voz baixa mas firme. — Mas até hoje carrego comigo a dor de ter perdido minhas duas avós. Eu estava em missões em outros países e não pude me despedir de nenhuma delas. Não vou deixar que esse garoto sinta a mesma dor. Se eu puder dar a ele uma despedida digna, eu farei isso.

Houve um momento de silêncio pesado enquanto as palavras de Pedro ecoavam no ar. Todos sabiam que ele estava decidido e que nada o impediria de ir.

João Carlos, percebendo que não havia como dissuadir Pedro, suspirou e colocou uma mão no ombro dele.

— Se você vai fazer isso, faça rápido. E volte para nós, Pedro. Nós precisamos de você.

Pedro assentiu, agradecendo com um olhar antes de se virar para a caminhonete. Ele subiu na cabine, ligou o motor e acelerou de volta para a cidade destruída, deixando uma nuvem de poeira no ar.

Paulo, Erik e João Carlos ficaram observando enquanto a caminhonete desaparecia no horizonte. O silêncio voltou, pesado e cheio de incerteza.

— Será que ele vai conseguir? — perguntou Erik, sua voz quebrando o silêncio.

Paulo, com os braços cruzados, encarava a direção que Pedro havia tomado. Seu rosto estava marcado por uma mistura de esperança e medo.

— Ele é Pedro — respondeu Paulo simplesmente. — Se alguém pode fazer isso, é ele.

Os minutos pareciam se arrastar como horas enquanto esperavam por qualquer sinal de Pedro. Cada segundo aumentava o peso da incerteza e do medo.

Finalmente, quando quase haviam perdido a esperança, ouviram o som distante de um motor. Todos viraram suas cabeças na direção do ruído. Lá, emergindo da poeira, estava a caminhonete de Pedro, voltando para eles.

Léo, ao perceber a aproximação da caminhonete, levantou-se de um salto e correu em direção ao veículo, o coração batendo acelerado com uma mistura de esperança e medo.

Quando Pedro parou a caminhonete e saiu, Léo correu para ele, e atrás dele, uma figura frágil, mas viva — a avó de Léo. O rosto da senhora estava sujo e cansado, mas seus olhos brilhavam de gratidão.

— Vó! — gritou Léo, lágrimas de alívio escorrendo pelo rosto enquanto ele corria para abraçar a avó.

Pedro, suando e visivelmente exausto, observou a cena com um sorriso cansado. Léo, ainda agarrado à avó, olhou para Pedro com olhos cheios de admiração e gratidão.

— Obrigado, Pedro. Você é meu herói — disse o garoto, a voz cheia de emoção.

Os três amigos de Pedro correram até ele, expressando sua alegria e alívio com abraços e gritos de alegria.

— Você conseguiu, cara! — gritou Erik, dando um tapinha nas costas de Pedro. — Eu não acreditava que você fosse voltar, mas aí está você, com a avó e tudo. Você é um maldito herói!

Pedro sorriu, mas seu sorriso parecia forçado, e seus olhos mostravam uma sombra de dor que Paulo notou imediatamente. Algo estava errado, mas Pedro estava tentando esconder.

Paulo se aproximou, colocando a mão no ombro de Pedro e olhando nos olhos dele.

— Pedro, está tudo bem? — perguntou ele em um tom baixo, preocupado.

Pedro evitou o olhar de Paulo por um momento, depois forçou um sorriso. — Sim, tudo bem. Vamos cuidar dessas pessoas. Eles precisam de nós.

Apesar das palavras de Pedro, Paulo sentiu um nó no estômago. Havia algo que Pedro não estava dizendo, algo que ficaria para ser revelado nos próximos capítulos.

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