Capítulo Final: A Revelação

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O vento cortante do Polo Sul soprava com uma intensidade quase sobrenatural, enquanto o veículo militar avançava pelo terreno congelado. Paulo, Estefani, Erik e João Carlos estavam amontoados no compartimento traseiro, cercados por soldados em trajes pesados de inverno. O cansaço físico e emocional marcava o rosto de cada um, mas o silêncio no interior do veículo era quebrado apenas pelo ruído constante do motor e o estalido ocasional do gelo sob as rodas.

Estefani olhava fixamente para fora através de uma pequena abertura na lateral do veículo, tentando processar tudo o que havia acontecido até ali. Paulo estava ao seu lado, segurando sua mão como se o simples toque fosse suficiente para assegurar que aquilo não era um sonho. Eles haviam superado o impossível, atravessado desastres e perigos que quase os destruíram, mas agora estavam prestes a enfrentar algo maior — algo que não podiam nem sequer imaginar.

"Estamos perto," murmurou um dos soldados, falando para o motorista enquanto consultava um tablet cheio de gráficos e mapas. "A sede está logo à frente."

Finalmente, após longos minutos de expectativa, o veículo desacelerou e parou. Os soldados abriram as portas traseiras, deixando o ar frio invadir o interior. Do lado de fora, uma imensa estrutura metálica se erguia das profundezas do gelo, brilhando sob a fraca luz que atravessava o céu nublado. Era colossal, uma instalação futurista oculta nas extremidades do mundo, longe dos olhos de qualquer civilização.

Paulo, Estefani, Erik e João Carlos foram conduzidos pelos soldados para dentro da base. À medida que passavam pelas enormes portas de metal, um arrepio percorreu o corpo de cada um. A atmosfera ali dentro era diferente — estéril, calculada, quase como se o próprio ar estivesse sendo manipulado para manter tudo em controle.

Foram recebidos por um homem alto, de terno preto impecável. Sua postura era rígida e fria, seus olhos avaliadores, como se estivesse medindo cada um dos sobreviventes. Ele não estava sozinho. Ao redor, cientistas em jalecos brancos e outros oficiais em uniformes cinza estavam atentos, monitorando telas e gráficos, completamente imersos nas operações da base.

"Bem-vindos," disse o homem de terno, com uma voz que soava tanto como uma saudação quanto um aviso. "Sou Alexander Graves, e sou o responsável por esta instalação. Vocês são, sem dúvida, os sobreviventes mais improváveis que já chegaram até aqui."

Os quatro trocaram olhares. Erik, sempre o mais sagaz, murmurou: "Parece que chegamos ao covil da serpente."

Graves deu um leve sorriso, percebendo o tom sarcástico de Erik, mas ignorou. "Imagino que vocês estejam curiosos para saber o que é tudo isso... e por que foram trazidos até aqui."

"Curiosos?" João Carlos exclamou, com uma risada amarga. "Nós quase morremos! E você quer falar de curiosidade?"

Paulo, ainda segurando a mão de Estefani, deu um passo à frente. "Nós sabemos que vocês estão por trás disso. Todo o caos, os desastres... tudo foi provocado. Mas por quê?"

Graves permaneceu impassível. "Exatamente, Paulo. O que vocês presenciaram foi cuidadosamente orquestrado. Não por crueldade ou capricho, mas por necessidade."

"Necessidade?" Estefani perguntou, a voz tremendo de incredulidade. "Destruir o mundo é uma necessidade?"

Graves se virou, caminhando lentamente pela sala enquanto falava, como se estivesse conduzindo uma aula. "Há milhares de anos, a Terra tinha um ciclo natural. Grandes eventos apocalípticos, como erupções vulcânicas, mudanças climáticas e catástrofes naturais, que ajudavam a renovar o equilíbrio do planeta. Esses ciclos permitiam que a vida continuasse, que o planeta se curasse das feridas causadas por eras de deterioração."

Ele parou, voltando-se para encará-los. "Mas à medida que a humanidade evoluiu, crescemos de uma maneira que interrompeu esse ciclo. O planeta começou a morrer. Vocês sabem disso — a poluição, a superpopulação, a destruição ambiental. Era uma questão de tempo até que a Terra não pudesse mais se sustentar."

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