Capítulo 17: Destruição e Determinação

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Após escaparem da base do governo, Paulo, Pedro, Erik, e João Carlos avançavam pela floresta escura, tentando ao máximo silenciar seus passos entre as folhas secas e galhos quebradiços. O vento cortante da noite trazia consigo um presságio de que algo maior estava por vir, e eles ainda estavam processando tudo o que haviam descoberto lá dentro.

"Não consigo acreditar no que vimos," murmurou Erik, quebrando o silêncio enquanto olhava para os outros. "Essas pesquisas... eles realmente planejam salvar apenas uma pequena parcela da população. É desumano."

"Não podemos deixar isso acontecer," respondeu Paulo, com a voz tensa. "O que vimos ali dentro... Se essas informações saírem de lá, bilhões de vidas estarão condenadas."

Pedro, que caminhava na frente, parou abruptamente. "Se vamos fazer alguma coisa, temos que agir rápido. Se conseguirmos destruir essas pesquisas, poderemos impedir que eles usem essas informações para salvar apenas os privilegiados."

João Carlos assentiu, franzindo a testa. "Mas como vamos voltar? Conseguimos escapar por pouco, e a segurança lá é pesada."

"Tenho uma ideia," Pedro disse com um tom firme, olhando para os outros. "Eu conheço a base como a palma da minha mão. Se atacarmos pelos pontos fracos e com a distração certa, podemos conseguir tempo suficiente para entrar e destruir tudo."

Paulo olhou para Pedro, buscando qualquer sinal de dúvida, mas só encontrou determinação. "É arriscado, mas temos que tentar. Não podemos simplesmente ir embora sabendo o que sabemos."

"É isso, então," disse Erik, com um aceno resoluto. "Vamos voltar e terminar o que começamos."

Com a decisão tomada, eles se prepararam para a volta. Sabiam que não havia garantias de que sairiam vivos dessa, mas a moralidade do que descobriram pesava mais do que qualquer temor pessoal. O plano de Pedro era claro: usar um ponto de entrada menos vigiado e causar uma distração suficiente para desviar a atenção dos guardas.

Após uma breve discussão, concordaram que o melhor momento para agir era sob o manto da escuridão, quando a vigilância estava mais relaxada. A noite os envolvia enquanto se aproximavam da base novamente, cada passo meticulosamente calculado para não causar alarme.

Quando chegaram à borda da floresta, puderam ver as luzes da base piscando ao longe. Pedro gesticulou para que se abaixassem enquanto observava o padrão de patrulha dos guardas. "Ali, na esquerda," sussurrou Pedro, apontando para um ponto onde o muro da base estava levemente danificado. "Podemos subir por ali."

Com cuidado, eles se esgueiraram até o muro e começaram a escalá-lo. O silêncio era absoluto, interrompido apenas pelo som ocasional de cascalho se movendo sob seus pés. Uma vez no topo, Pedro foi o primeiro a pular para o lado de dentro, seguido rapidamente pelos outros.

"A sala de pesquisa fica no subsolo," explicou Pedro enquanto avançavam pelas sombras, evitando as câmeras de segurança. "Se conseguirmos acessar o sistema de ventilação, poderemos descer sem sermos detectados."

Erik, que havia trazido algumas ferramentas, começou a desparafusar a grade do duto de ventilação mais próximo. "Aguentem firme," murmurou, concentrado no trabalho. Quando a grade finalmente cedeu, eles entraram um por um, movendo-se pelo túnel estreito.

Enquanto avançavam pelo sistema de ventilação, o ar ficava mais denso, e o som dos seus próprios movimentos parecia amplificado. Chegaram a uma grade que dava para o corredor que levava à sala de pesquisas. Erik, novamente, usou suas habilidades para abrir a grade sem alarde.

Desceram com cuidado para o corredor, onde tudo estava estranhamente silencioso. "Rápido, temos que fazer isso antes que alguém nos veja," sussurrou João Carlos, mantendo-se alerta.

Pedro levou o grupo até uma porta pesada e fechada, a entrada da sala de pesquisas. Erik começou a trabalhar na fechadura eletrônica, seus dedos movendo-se rapidamente pelos fios expostos. "Isso deve levar alguns minutos," murmurou ele, concentrado.

Enquanto Erik trabalhava, Paulo olhou ao redor, tentando ver algum sinal de movimento. Sua mente estava a mil, pensando no que encontrariam ali dentro. Pedro mantinha a guarda, sua expressão fechada e focada.

De repente, um tremor percorreu o chão. Inicialmente leve, mas logo se intensificou. O edifício começou a balançar, e sons de alarme ecoaram pela base. "O que está acontecendo?" exclamou João Carlos, tentando se equilibrar.

Paulo segurou uma coluna para não cair e olhou para Erik. "Se isso for algum de seus artifícios, pode parar, porque está forte demais!"

Erik olhou para ele com um sorriso nervoso. "Isso não é coisa minha!"

O terremoto ficou mais forte, e o chão começou a rachar sob seus pés. Os guardas da base entraram em pânico, correndo em todas as direções. Partes do edifício começaram a desmoronar, e os gritos de terror dos soldados eram abafados pelo som ensurdecedor da terra se partindo.

"Temos que sair daqui agora!" gritou Pedro, puxando Paulo pelo braço.

Eles correram para longe do prédio, desviando dos destroços que caíam ao redor. Uma fenda gigantesca se abriu no chão, engolindo parte da estrutura. O barulho era ensurdecedor, como se a própria terra estivesse gritando.

Chegando a uma distância segura, os quatro pararam para recuperar o fôlego, observando enquanto a base era destruída pelo terremoto. Os guardas que conseguiram escapar corriam sem direção, enquanto o chão continuava a tremer.

"Bem, parece que a natureza fez o trabalho por nós," disse João Carlos, com uma tentativa de sorriso, ainda em choque.

Erik, recuperando o fôlego, olhou para Paulo. "Acho que o universo tem um senso de humor bem peculiar, não é?"

Paulo balançou a cabeça, aliviado, mas ainda tenso com o que acabara de acontecer. "Acho que sim. Mas isso é só o começo. Precisamos continuar."

Pedro assentiu, olhando para o horizonte onde as luzes da base começavam a desaparecer. "Vamos. Ainda temos um longo caminho pela frente."

Com isso, o grupo se virou e começou a caminhar, deixando para trás a destruição da base. Sabiam que a jornada até o Polo Sul ainda estava longe de terminar, mas agora, mais do que nunca, estavam determinados a seguir em frente.

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