Paulo acordou sobressaltado, o som irritante do despertador soando em seus ouvidos. Ele piscou algumas vezes antes de se dar conta do horário. O sol já atravessava as frestas da cortina, e o relógio marcava um horário alarmante. "A faculdade!", pensou, saltando da cama em um pulo. Hoje não era um dia qualquer. Não para Paulo, agora um estudante de destaque no curso de geofísica. Suas conquistas acadêmicas não passavam despercebidas, e o reconhecimento o esperava naquele dia tão especial.Vestindo-se apressadamente e pegando sua mochila, ele saiu correndo. Estudando em uma pequena e tranquila cidade do interior de São Paulo, Paulo havia encontrado o equilíbrio perfeito entre sua vida acadêmica intensa e a calmaria de viver longe das metrópoles. A cidadezinha, com suas ruas pacatas, era o lugar ideal para se concentrar em seus estudos e em sua paixão pela geofísica.
Hoje, porém, o dia era diferente. Paulo havia sido convidado para um encontro raro: conhecer o renomado Dr. Erik, um geofísico cuja fama havia se espalhado por todo o mundo. Erik se tornara uma lenda ao desmascarar um governo oculto com base no Polo Sul, cujos planos envolviam partir a Terra ao meio e causar um novo apocalipse.
Paulo, que sempre sonhara em fazer grandes descobertas, estava ansioso. Quando chegou à faculdade, recebeu a notícia de que outro estudante de destaque também fora selecionado para o encontro com Erik. Ao chegar no camarim do famoso cientista, Paulo encontrou um jovem esperando.
— Paulo? — perguntou o outro jovem com um sorriso amigável.
— Sim, sou eu. E você? — respondeu Paulo, estendendo a mão.
— João Carlos — respondeu o jovem. — Parece que somos os escolhidos.
Imediatamente, Paulo sentiu uma conexão com João Carlos, como se já se conhecessem de outras vidas. Algo sobre aquele encontro parecia familiar, mas ele não conseguia entender por quê.
Ao entrarem no camarim, foram recebidos calorosamente por Erik. A conversa entre os três fluiu naturalmente, como se fossem velhos amigos. Erik contou sobre suas descobertas e como havia ajudado a evitar a destruição global.
— O governo que expus estava prestes a causar uma catástrofe — disse Erik, com um olhar sério. — Mas sempre haverá forças tentando nos manipular. A luta nunca acaba.
Enquanto conversavam, a televisão no camarim exibia uma notícia que dominava os noticiários: o casamento dos astros de TV Pedro e Alinne. As imagens mostravam o evento glamoroso, com o casal sorrindo para as câmeras. Parecia que o país inteiro só falava da união deles.
— Eles parecem felizes — comentou João Carlos, observando de relance a TV.
— Quem não estaria com tanto foco? — Erik riu, mas logo voltou a se concentrar nos dois jovens. — O futuro está nas mãos de vocês. Eu confio que vocês têm tudo para liderar a próxima geração de cientistas.
O encontro passou como um borrão de emoções e inspirações. Quando o dia chegou ao fim, Paulo sentiu que algo muito importante estava apenas começando. De volta às ruas da cidadezinha, ele caminhava sem pressa, absorvendo as estrelas que começavam a brilhar no céu.
Ao passar por uma pequena pracinha no centro da cidade, decidiu se sentar em um dos bancos para apreciar a noite tranquila. O ar fresco do interior sempre trazia uma paz que ele adorava, uma pausa bem-vinda em meio ao ritmo acelerado dos seus estudos.
Enquanto olhava para o céu estrelado, seus pensamentos vagando entre os eventos do dia, uma voz suave o surpreendeu.
— Posso me sentar aqui? — perguntou uma jovem que se aproximava, um sorriso discreto nos lábios.
Paulo olhou para ela por um momento, e depois sorriu, abrindo espaço no banco.
— Claro, fique à vontade — respondeu.
Por alguns minutos, ficaram em silêncio, apenas aproveitando a noite. Até que Paulo, tentando quebrar o gelo, comentou:
— Você sabe que sentar ao lado de um estranho assim pode ser arriscado, né? — brincou ele, com um sorriso de canto. — Eu poderia ser alguém mal-intencionado.
A jovem riu, e sua risada era tão leve e natural que Paulo se sentiu imediatamente à vontade.
— Você não parece alguém perigoso — ela respondeu. — Acho que vou arriscar.
Eles riram juntos, e naquele momento um blecaute repentino apagou todas as luzes da cidade. O parque mergulhou na escuridão, mas a lua cheia brilhou intensamente, iluminando o lugar com sua luz prateada.
A jovem, visivelmente um pouco assustada, se aproximou mais de Paulo.
— Olha para a lua — disse ele, apontando para o céu. — Está linda hoje. Está iluminando tudo.
Ela levantou os olhos, admirando a lua por alguns segundos antes de comentar:
— Eu sou apaixonada pela lua.
Paulo sorriu. As palavras que saíram de sua boca foram quase automáticas, como se ele estivesse repetindo algo que já dissera antes, em outra vida.
— Meu avô sempre dizia que a lua foi feita para iluminar quem quer amar.
A jovem olhou para ele surpresa, como se algo dentro dela tivesse se acendido. O silêncio entre eles era reconfortante, como se eles já tivessem vivido aquele momento de alguma forma. Era uma sensação estranha, mas acolhedora. Algo entre eles os conectava além das palavras.
Por fim, percebendo que ainda nem haviam se apresentado, a jovem sorriu.
— Acho que nem sei seu nome ainda — disse ela, rindo levemente.
Paulo sorriu de volta e estendeu a mão.
— Eu sou Paulo.
Ela apertou a mão dele, seus olhos brilhando à luz da lua.
— Estefani.
E assim, naquela cidadezinha do interior de São Paulo, sob a luz da lua, dois destinos se encontraram novamente, como se tivessem sido feitos para isso desde o início.
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Terra Partida
Ficção CientíficaEm um mundo à beira do colapso, Paulo, um apaixonado por geofísica, começa a perceber sinais alarmantes de um desastre iminente. Trabalhando no Japão, ele se apaixona por Estefani, sua colega de trabalho. Antes de viajar para o Brasil, Paulo alerta...