O vento frio soprava forte enquanto Alinne e Estefani avançavam pelos escombros de uma cidade devastada. Depois de dias tentando se afastar da costa, com poucas opções de alimentos e abrigo, as duas já estavam exaustas. Mas, no horizonte, algo chamou a atenção delas — um grande edifício, ainda de pé, que se destacava contra o céu nublado."Olha lá! Parece um aeroporto," apontou Estefani, apertando os olhos para enxergar melhor através da poeira e dos destroços.
Alinne parou e observou. "Sim, parece que ainda está de pé. Quem sabe o que podemos encontrar lá? Pode ser nossa chance."
Com esperanças renovadas, elas seguiram na direção do aeroporto. Ao se aproximarem, perceberam que o prédio principal estava bastante danificado: as janelas estavam quebradas, partes do teto haviam desabado, e os restos de aviões incendiados estavam espalhados pelo asfalto. Mesmo assim, era o local mais promissor que haviam encontrado em dias.
Entrando com cuidado pelo terminal abandonado, começaram a vasculhar o local, movendo destroços e procurando por qualquer coisa que pudesse ser útil. A atmosfera era silenciosa, exceto pelo som de seus passos ecoando e o ocasional rangido de metal retorcido.
De repente, um som fraco quebrou o silêncio — um gemido, quase imperceptível, vindo de um canto escuro do terminal. Alinne e Estefani trocaram olhares e, sem hesitar, seguiram o som até encontrarem uma pilha de escombros.
"Acho que alguém está preso ali," disse Estefani, começando a remover pedaços de concreto e metal.
Com esforço, as duas começaram a tirar os destroços, revelando aos poucos um homem preso embaixo. Quando finalmente o libertaram, ele tossiu e respirou com dificuldade, claramente abalado pelo que quer que tivesse passado.
"Você está bem? Quem é você?" perguntou Alinne, agachando-se ao lado dele para ajudá-lo.
O homem, ainda tentando recuperar o fôlego, murmurou: "Sou... Sato. Sou piloto. Estava... procurando por suprimentos quando... quando o terremoto aconteceu."
Um brilho de esperança passou pelos olhos de Alinne. "Você disse que é piloto? Há aeronaves aqui que ainda possam voar?"
Sato assentiu levemente. "Sim, há algumas no hangar que ainda estão em condições de voo. Mas, com o clima atual... é extremamente arriscado."
Alinne olhou para Estefani, uma ideia se formando rapidamente. "Precisamos sair do Japão. Se conseguirmos chegar à Nova Zelândia, poderemos planejar uma maneira de chegar à Antártica. É nossa única chance de sobreviver."
Estefani, sentindo a urgência na voz de Alinne, concordou. "Cada segundo aqui é perigoso. Se há uma chance de sair, mesmo que pequena, temos que tentar."
Sato, vendo a determinação no olhar das duas mulheres, respirou fundo e assentiu. "Vocês salvaram minha vida. O mínimo que posso fazer é tentar levá-las para a Nova Zelândia. Mas vocês precisam entender que será uma viagem incrivelmente perigosa. As tempestades estão se formando, e não há garantias."
"Sabemos dos riscos," disse Alinne firmemente. "Mas não temos escolha. Precisamos fazer isso."
Com a ajuda de Estefani, Sato se levantou com dificuldade. As três seguiram em direção ao hangar, onde algumas aeronaves intactas ainda permaneciam. O vento uivava ao redor delas, e o céu escuro prometia tempestades iminentes. Mesmo assim, todas estavam decididas a embarcar naquela jornada, cientes de que era a única chance de continuar lutando por suas vidas e por aqueles que amavam.
Enquanto entravam no hangar, o rugido distante de trovões ecoou ao longe, como um presságio do que estava por vir. Com corações acelerados e uma determinação feroz, subiram a bordo do avião, prontas para enfrentar o que quer que estivesse à frente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Terra Partida
Science FictionEm um mundo à beira do colapso, Paulo, um apaixonado por geofísica, começa a perceber sinais alarmantes de um desastre iminente. Trabalhando no Japão, ele se apaixona por Estefani, sua colega de trabalho. Antes de viajar para o Brasil, Paulo alerta...