Meu Mundo | SÁFICO

Capítulo 3

POV Souza

Ainda bem que era dia de baile, eu precisava extravasar, esquecer até meu vulgo. Eu ia chegar um pouco mais tarde, mas era o charme e a culpa de ficar conferindo se os lotes de droga pra venda durante o baile estavam bem feitos, os vapores bem posicionados e os cana de bolso cheio pra não interromper o fluxo.

Sai da boca principal onde ficava meu escritório cumprimentando o pessoal que ia tá de plantão, Pikachu ia ser meus olhos e ouvidos enquanto estava fora, confiava minha vida naquela garota, cresceu comigo e com o Bagre e sempre fortaleceu a firma. Subi na minha moto e fiz sinal pro RD chamar minha contenção, só ele ia subir comigo pra casa e o resto a gente ia encontrar lá. Quando entrei na casa ou QG como os meninos costumavam falar dei de cara com Tico cheirando uma carreira na sala.

-Achei que cê ia tá fazendo isso no baile.-ele ergueu os olhos da mesa e sorriu, limpou a coca da mesa com o dedo e esfregou nos dentes.-Tá fazendo o que aqui?

-Bagre pediu pra trazer algumas coisas pro after, ele disse que é só vem pessoal selecionado.

-Quando ele te disser, me passa quem é esse pessoal selecionado.-comecei a subir a escada para tomar um banho e tirar a nhaca que estava impregnada em mim.-Se quiser uma carona, se adianta que eu vou descer de carro.-avisei.

Tomei um banho daqueles e prendi o cabelo num coque alto, eu tava trajada de Nike da cabeça aos pés, no pescoço junto do escapulário uma correntinha mais grossa, de prata pra dar o toque final. Tirei uma foto e postei com uma legenda em genérica: "Hoje tô pra maldade!" e vieram várias curtidas e comentários, isso na conta principal que é aberta, na minha privada postei uma foto do rosto com um emoji em cima.

Desci pra quadra sozinha no carro, Tico ainda estava arrumando algumas coisas na casa e eu não queria mais esperar. Olhei pelo retrovisor e vi RD na moto junto do Vagalume, Cisco, Veneno e PK já deviam estar no baile esperando, minha contenção só tinha aliado de confiança, gente que eu sei que morreria e mataria por mim, na real que morreria e já matou por mim.

Cheguei no baile e o pancadão tava estralando, conforme eu andava o caminho ia se abrindo e um pessoal tentava me cumprimentar, uns pra forçar simpatia e outros porque gostavam de mim, mas eu sempre desconfiava.

-Fala Radinho.-cumprimentei ele com um toque de mão, ele tava como sempre, de camisa de time e boné pra trás.-Tudo certo?

-Tudo sim, Souza, pessoal do asfalto tá subindo tranquilo, policia tá longe daqui e daqui a pouco eu tô descendo pra ficar na base, Sininho tá na contabilidade hoje.

-Tranquilo, qualquer coisa dá o toque, tamo junto.

-Tamo junto, chefe.-fez um legal com a mão enquanto eu saia.

Eu tinha que me certificar de que tudo estava certo pra conseguir aproveitar minha noite, minha mania de controle às vezes me assustava. Fui pro camarote assim que deu, o vapor nem hesitou em liberar minha passagem, era um dos moleques novos e eu ainda não tinha aprendido o nome, mas logo ia saber, gostava de conhecer quem trabalhava pra mim.

-A mãe chegou!-Bagre anunciou minha chegada já indo me oferecer um baseado mal bolado e whisky, aceitei só a bebida porque ninguém sabia bolar como eu gostava então eu preferia fumar os meus.-Como que tá Souza?

-Tamo suave, parceiro.-dei um gole no whisky e fui me escorar na grade.-É tudo nosso, parceiro, tudo nosso.-levantei o copo pra brindar.

POV Fernanda

André insistiu tanto pra eu ir nesse baile no fim de semana que eu não consegui dizer não, era minha primeira festa em muito tempo e eu não tinha boas memórias de coisas assim por isso nem beber eu planejava. Vesti um vestido tubinho preto e pus um tênis no pé, não ia beber, mas ia me acabar de dançar por isso nada de salto porque aqui é mil vezes conforto do que close. Postei um story bem paty e com ar de mistério como eu bem gostava, afinal já tinha feito uma limpa de quem me seguia e eu seguia no insta, inclusive tinha distribuído alguns muitos blocks.