Capítulo 5

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POV Souza

Meu alarme despertou era quase sete horas, tava cansada pra caralho, mas tinha minhas responsabilidades. Cocei o olho que parecia que tinha areia e olhei pra baixo, uma cabeleira loira esparramada no meu peito me abraçando, já fui me esquivando que não curto essa parada de abraço, na maioria das vezes eu nem durmo, hoje foi exceção porque eu tava virada. Me desenrosquei e tirei três notas de cem na escrivaninha. Arrumei o top esportivo da Nike, prendi o cabelo, coloquei a camisa no ombro e fui fazer meu corre, todo sábado de manhã eu gostava de rodar o morro de moto vendo as paradas, se algum morador precisava de alguma coisa.

Caralho, menor acha que eu falo brincando, mas RD parece mesmo parte de mim, assim que peguei o celular vi que ele tinha deixado minha moto e depois ia buscar meu carro com a chave reserva, moleque merecia um aumento.

[Bagre]

Brota na quadra pra completar time - 13:31

[Souza]

Vou dar um check no galpão e apareço - 13:40

Modéstia a parte, eu amava macetar esses moleques no futebol, bando de perna de pau, num carrinho já cai.

-Ai RD, fala pro Cisco e pra Veneno que eu quero eles de olho no galpão da salinha, deixar tudo separado que segunda é dia de cobrar esses nóia.-avisei descendo da moto pra fumar um pouco na base do morro. Radinho tava ali pronto pra fechar o plantão e trocar com o Cerol.

-Pode deixar, chefe.

-Aproveita manda pegar com a Sininho a contabilidade do baile.-olhei pros bancos da praça onde as crianças às vezes jogavam quando não queriam subir e vi Fernanda fazendo alguma coisa no cabelo da Rayssa.

-Fala Souza, tá indo pro jogo?-Radinho chegou ajeitando o boné que dessa vez tava pra frente tapando o Sol.-Vou brotar lá pra ganhar uma gelada.

-Vai indo, daqui a pouco eu chego lá.-desconversei ajeitando a pistola na cintura, joguei pra trás.-Sobe com o RD, ele tem que ver uma parada na boca principal mesmo.-soltei a fumaça sem tirar os olhos da preta, questão de honra fi.

-Quer que alguém desça?

-Eu subo daqui a pouco, manda o PK esperar na entrada da quadra.-joguei no chão a bituca e pisei.

Desencostei da moto, deixando a camisa pra trás como quem não quer nada e fui atrás das garotas. Agora eu entendia melhor, Fernanda estava ajudando a desfazer a trança de Rayssa e estava fazendo uma nova, nagô raiz mesmo do jeito que eu gosto.

-Praça virou salão agora?

-Ei Souza, firmeza?-Rayssa fez um sinalzinho com a mão.-Tá muito quente pra fazer isso lá dentro e mainha tá descansando.-indicou a casa perto da lanchonete onde ela e a mãe moravam.

-Quente tá mesmo.-concordei passando a mão na barriga.-Tá me ignorando, Fernanda?

-Tô concentrada.-mó seca, nem pra devolver meu braço depois dessa, mas eu num perco a deixa.

-E tu sabe o que tá fazendo?-sentei na mesa pra ficar mais perto delas, Fernanda tava no banco e Rayssa no chão de perna cruzadas.

Fernanda parou o movimento dos dedos e me olhou em desafio antes de responder:

-Não me tira pra merda não, fazendo o favor.-filha da puta, usando minhas palavras contra mim é uma mandada mesmo.

-Vão demorar aí?-troquei de assunto rápido.-Ta tendo jogo dos crias.-falei como quem não queria nada, pra ver se elas se interessavam, esses jogos faziam surgir mulheres aos montes.

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