Capítulo 11

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POV Souza

Acordei cedo, mas tava cansada pra cacete, tinha dormido mal pra caralho trocando mensagens e ficando em chamada com Fernanda até de madrugada. Desde sábado a gente se falava todos os dias praticamente o dia todo, de besteiras até coisas sérias, mina firmeza demais.

Bagre e Pikachu tinham saído pra missão no começo da semana e as coisas estavam tranquilas no morro então me dei o luxo de chegar um pouco mais tarde na boca principal. Tava parando a moto quando o walkie-talkie apitou.

-Fala chefia, tô trocando de turno com o Cerol, já.

-Suave Radinho, bom descanso menor.-passei a mão no rosto e entrei na boca principal.

Hoje o dia tava propício pra eu resolver só o essencial e ir de base pra voltar a dormir, talvez eu mandasse mensagem pra preta trançar meu cabelo como já tava devendo faz tempo, mas tava calmo demais pra ser verdade e num faziam 30 minutos que eu tava na minha sala e os fogos começaram a pipocar. Invasão.

-Souza, ô, Souza, os homem tão aí, tá querendo subir na marra, patroa!

Tive que pensar rápido, puxei a balaclava que ficava na gaveta e baixei no rosto, peguei o fuzil de trás da minha porta.

Passei a mão pelo pescoço, puxando o escapulário e dando um beijo antes de me preparar pro embate.

Que nenhum dos nossos caia!

-Souza falando, é pra fechar tudo, não é pra morador ficar na rua.-falei no walkie-talkie, já pegando um rumo, RD apareceu do meu lado com Veneno.-Não vai subir ninguém nesse caralho, porra! Desligando.

Tinha morador que ainda abusava, ouvia o barulho dos fogos, mas mesmo assim ficava de curioso na janela.

-Passaram aqui da barreira, chefe, tá foda!

Entrei no beco pra conseguir dar as ordens melhor, RD jogou a AK47 no ombro e tava pronto pra abater quem aparecesse, Veneno tava do meu lado com a arma apontada pra baixo.

-Olha só, vamo encurralar esses pau no cu e se vocês verem alguma farda é pra sentar o dedo no gatilho, carai.-avisei com sangue nos olhos.-Radinho, desce pra ajudar o Cerol, coloca os moradores pra dentro. Barão, Teco e Sininho, vamo pelos pontos cegos, vai pelos becos que RD, Veneno e eu vamos pelas lajes.

Os porcos estavam na encolha tinha muito tempo e pegaram a gente desprevenidos, mas nenhum dos nossos ia cair e eu precisava repetir isso como um mantra, ou melhor, uma oração.

-Tem um lugar que dá pra gente passar tranquilo.-RD avisou tomando a frente com Veneno cobrindo minhas costas.

Fomos andando de viela em viela, os barulhos de tiro vinham de todo lado, eu nem sabia quem era inimigo e quem era aliado. Nessas horas Pikachu fazia falta, ela era uma das nossas melhores atiradoras, já matou muito porco em 25 anos.

RD levou a gente pra um lugar inesperado, o puxadinho da barbearia do Juninho.

-Abre aí, caralho, a gente só quer passar!-RD chutou a porta.

Juninho abriu uma fresta e a gente passou, Veneno logo fechou a porta e colocou uma cadeira atrás dela.

-A gente vai usar a janela pra pular a laje, já é?-tirei a balaclava da boca só pra ele me ouvir melhor olhei ao redor e vi Fernanda encolhida num canto, a mina tava tremendo.-Vão pro banheiro, se tranquem e só sai quando eu mandar, tá me ouvindo Fernanda?

Ela tinha lágrimas nos olhos, mas eu não podia parar agora, a adrenalina tava mil grau e eu via tudo vermelho. Juninho abriu as janelas dos fundos se afastando e a gente passou, de cima era bem melhor a visão de tudo.

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