Capítulo 9

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POV Fernanda

-Não acredito no que cê tá me pedindo, André.-abaixei o pincel conferindo a maquiagem pela câmera frontal do celular.

-Ah prima, uma mão lava a outra.-era difícil levar André a sério quando ele desfilava sem camisa com aquela touca pra fazer reflexo na cabeça.-Sempre fui afim da Rayssa, só não tive oportunidade ainda.

-Então é isso que eu sou?-perguntei fazendo graça.-Oportunidade?

-O destino fez vocês serem amigas, assim como eu ser amigo do Barão.-ele se apoiou nos meus ombros quase me fazendo borrar a maquiagem.

Estávamos nos arrumando para o baile do fim de semana, desde quarta eu não falava com a Souza, nem pessoalmente nem por mensagens. Ela me colocou no close friends da conta privada dela e eu a vi em uma festa ontem com aquela tal Evelyn que a Rayssa chama carinhosamente de marmita premium. Souza tava muito louca e postou uma foto das duas numa cama com figurinhas sede foguinho tapando os peitos, o cúmulo do ridículo pra eu não voltar mais a ver os stories dela depois disso. Vivemos uma semana intensa juntas, mas Souza já tinha voltado a rotina e eu tinha que estabelecer a minha.

Agora André tentava me convencer de que ele e Rayssa seriam o par perfeito e queria que eu fosse o cupido, que ódio! Se eu não dou sorte no amor, imagina ajudar os outros?

-E o que o Barão tem a ver com isso?

-Ele tava em missão quando você chegou há umas semanas então num rolou de vocês se esbarrarem no baile e semana passada num teve, mas ele ficou de olho em você por aí.

-E você é a favor disso?-geralmente todo e qualquer pretendente André minava.

-Assim, se for pra tu se envolver com envolvido, pelo menos eu sei que ele é mais de boa.-sentou no chão pra tirar a touca.-Não me entenda mal, eu curto pra carai meus amigos, mas alguns deles tem uns parafusos a menos.

-Então você quer sair de casalzinho, no baile?-perguntei de novo pra ter certeza do que ele tava me pedindo.

-Tipo isso, assim eu curto com a Ray e fico de olho em vocês dois.-será que homem pensa?

-Cê nem sabe se eu quero, garoto!

-Mas sei que ele é seu tipo.-ele retrucou pondo a língua pra fora.-O Barão tem a mesma vibe que o Felipe e você era doidinha nele.

Respirei fundo e passei a mão pela lace, pensando no que retrucar sem que a voz falhasse.

-Tu fala isso pra encher a bola do seu amigo isso sim.-brinquei tentando evitar o fato de que nem pensar no Felipe eu suportava, ele, André e Adriano viviam juntos quando éramos crianças no interior.

Eu tive uma quedinha sim pelo Felipe, ele era três anos mais velho como o Dré e levava chocolate pra mim nas sextas-feiras. A gente engatou num namorico quando ele me mandou uma uma carta no correio elegante, eu tava no oitavo, ele tinha reprovado no primeiro e a gente dividia lanche no recreio, mas acabou quando ele decidiu ser par da Renata do nono na quermesse e não o meu. Esperto ele, se eu pudesse também o trocaria por Renata, mas nenhuma das duas era assumida ou corajosa na época, se bem que às vezes ser corajoso não te leva pra bons lugares.

-Que seja, Nanda, me ajuda nessa, por favorzinho?-Dré me trouxe de volta pra conversa.

-Tá, mas com regras.-ergui o pincel como se fosse a coisa mais ameaçadora do mundo e ele não vivesse rodeado de caras armados.

- Você que manda.-o palhaço bateu continência.

-Vamos combinar um sinal pra ir embora que os dois tem que respeitar.-comecei a listar.-Nada de after ou de sumir de casalzinho, vai os quatro juntos como amigos, se pintar o clima resolve depois.

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