Capítulo 8

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Capítulo 8

POV Fernanda

Eu já tinha tido algumas clientes, todas recomendadas pela Rayssa. Elas faziam trança com a menina do morro vizinho, mas nunca durava o tanto que ela dizia além de ser mais caro então resolveram me dar um voto de confiança que foi muito bem utilizado. Eu estava atendendo tanto a domicílio quanto na casa de Dré, às vezes até na barbearia com ele quando algum dos caras queria fazer também, mas as mulheres era as melhores clientes, me atualizaram sobre tudo na vida do morro.

-Baile aqui é quase toda semana e se tem jogo ou do Flamengo ou do Vascão é sempre um evento!-uma delas contou.-Inclusive semana que vem tem, Bagre e Souza vão ficar loucos.

-Ah, mas bandido não gosta de ninguém não, virar mulher de bandido é pedir pra ser corna ou apanhar. Eu tenho uma conhecida do morro vizinho que perdeu até o bebê de tanto soco e chute que levou.-é, nem sempre elas me contavam coisas boas.

-Mona, tá ficando lindo, vou arrasar nas baladinhas do asfalto!-passou a mão pelas tranças.-Os playboy vão nem saber o que atingiu eles!

Como eram horas trançando eu só pegava o celular no final pra postar o resultado, então eu sempre acabava deixando todo mundo no vácuo.

Já fazia uma semana desde a noite que Souza e eu ficamos e a gente não tinha se falado, Rayssa me contou que ela era do tipo pega e não se apega depois que eu contei que a gente tinha se beijado.

-Amiga, foi muito num momento de vulnerabilidade, sabe?-eu explicava enquanto maratonavamos uma série na nossa festa do pijama.-Nem sei se significou alguma coisa.

-Melhor pensar assim mesmo e desencanar, amiga, gosto muito da Souza, mas num quero ver você sendo usada não.

-Ouvi algumas meninas falando, marmita de bandido e os caralho...

-E sinto dizer que o que a Souza mais tem é marmita, sei lá que mágica ela faz que as mulheres gamam!

Depois disso nem fiz tanta questão dela, mas parecia que quanto mais eu queria distância, mas a assombração persistia, até que me ligou.

-Porra, só assim pra falar contigo!

-Que que é, Souza, tô ocupada.-tava de frente pro espelho tentando um penteado novo, ainda bem que eu tava de fone sem fio, se não Dré ia escutar tudo.

-Falo só depois que devolver meu braço, preta.-esse preta me deixava fraca, mas ela devia chamar todas assim.

-Então vou desligar, tchau.-ameacei.

-Pera aí, pode nem brincar mais não?

-Não, fala logo o que cê quer?

-Quer dar um pião comigo?

-Pião?-repeti.

-É, rolê, sair, sei lá...

-Eu sei o que é pião, Souza.

-Ah, então bora?

-Sei não, hoje tô ocupada...-desconversei enquanto fazia meu baby hair.

-Tá nada que Juninho já me deu o papo que cê nem tinha cliente hoje de tarde.-meu primo sempre falou mais que a boca, impressionante isso.-Bora mina, tomar um açaí e voltar, só isso! Prometo me comportar.

-E você consegue?-provoquei.

-Primeiro o braço e já quer levar a perna?

-Tá, daqui a pouco tô pronta, me dá meia hora.

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