Capítulo 27

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POV Souza

-Porra, tá rendida mermo hein?-Lima colocou mais whisky no meu copo enquanto Fernanda se afastava rebolando o quadril.-Tô feliz por você, mano.-brindamos, ela com a garrafa e eu com o copo.-Agora eu também posso sossegar.-olhei ela de canto sem entender.

-Como assim?-bebi um pouco do meu copo observando o movimento ao nosso redor. Camarote tava cheio, de mulher só as fiéis dos envolvidos, mas também só dos que tinha patente, nera nenhum pela saco Zé ninguém não.

-Porra, eu só tava na putaria por caridade a você, Souza.-Lima riu fumando seu charuto e fazendo círculos com a fumaça sei lá como.-Agora que tu saiu dessa vida já posso me aposentar.-balançou a mão pra dissipar a fumaça desfazendo os círculos.

-Tá dizendo isso porque não sabe pegar ninguém sem mim, carai.-desde a adolescência, quando éramos duas fudidas, a gente era apoio moral uma da outra, num tempo que as mina da nossa idade achavam nojento ser lésbica ou algo do tipo e a gente acabava se envolvendo com mulher mais velha às vezes casada ou então com mina curiosa de balada nas baladas do asfalto. Isso durou até que ser sapatão entrou na moda e começou a chover mulher atrás da gente querendo moral.

-Óbvio vida, inclusive se a Fê quiser algum dia eu topo tá?-virei a cara pra ela que parecia tá falando sério, mas Lima não aguentou e riu.-Tô te zoando, filha da puta!-me empurrou e eu neguei com a cabeça indignada por ter caído nessa pilha errada.

-Puta é tua mãe!

-Foda que é mermo, né?-na moral às vezes eu dava uns fora de bobeira mesmo, esqueci total que o pai da Lima engravidou uma das mina do bordel porque meteu sem capa.

Passei a mão na cara sem jeito, como fazia sempre que esse papo surgia, ela fingia não ligar, mas eu tava ciente que era só fachada.

-Sossega carai.-desconversei porque sabia que era um assunto delicado, a mãe dela quis abortar porque não queria criar, só que o pai não deixou e disse que criava sozinho, mas em troca de fazer as consulta certinho ela pediu que ele entregasse o bordel do morro pra ficar sob o comando dela.

Lima só não fechava aquela porra por causa da mãe por mais que falasse sempre que é porque dava dinheiro.

-Relaxa, tá ligada que eu curto umas mais vividas do que essas novinhas né?-brincou bebendo mais um pouco, parecia que tava bebendo água.-Aliás dez anos é pouca coisa de diferença...-deu de ombros lembrando da idade da Soraya.

-Ô, se tiver falando de pegar de menor tá ligada que a Souza não gosta dessas paradas, hein?-Bagre chegou cumprimentando cada uma com um toque.-Papo de Jack da porra, mano.-me imitou falando e escorou no canto perto da gente, parecia que a gente tava com 14 anos de novo, fumando maconha e falando merda pelos cantos.

-Porra, burro velho querendo pegar menina de escola? Não fode né Bagre, aqui o papo é outro.-expliquei pegando um baseado no bolso, não ficava sem nunca.-Tu tá ligado que teu pai também não abraçava esse papo!-eu lembro de tudo que o Peixe me ensinou, por isso tava na graça dos moradores, dos aliados e da facção.

-O véi era firmeza mermo, vivia pelo certo mesmo sendo todo errado.-Bagre sorriu lembrando do pai e eu concordei com a cabeça.-Mas qual do papo de vocês, ou num vai falar por que era papo calcinha?

-Só se a calcinha for tua né?-Lima implicou de volta me fazendo rir quando Bagre ergueu os braços em rendição.-Tava falando que tô feliz pela Souza, pô...-me indicou com a garrafa antes de beber mais, ia secar aquilo praticamente sozinha.

-Esse lance seu com a Fernandinha, é?-Bagre correu os olhos pro camarote e parou assim como eu na preta dançando, mas o dele não se demorou ao contrário do meu que ficou fixo nela.-Papo reto, esse rolo de vocês tá rendendo bem, mina no teu nome e tudo no bagulho.

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