Meu Mundo | SÁFICO

Capítulo 6

POV Fernanda

-Fui na feira, agora de manhã depois do culto e Radinho veio me contando toda a história.-tia Ana explicava enquanto tomava café da manhã comigo e com o André.-Eu num sabia de nada até ele me contar, senti até falta dos três na igreja.-meu apetite tava indo embora rápido.

-E tu num sabe mãe, olha como o seu João saiu.-André já tinha me mostrado o vídeo antes de irmos para a casa da tia então eu já sabia das pessoas encapuzadas fazendo uma roda com ele no meio, depois uma das figuras, com voz feminina fala que ele ia aprender a nunca mais levantar a mão pra mulher, depois uma voz masculina debochada disse que se ele ainda levantasse a mão depois de tudo era pra agradecer ainda e no final o tal João agradeceu mesmo.

A mulher não era Souza, a voz era diferente, mas Dré comentou que nunca sabia quem era quem, porque eles mesmos liberavam os vídeos e pra não serem reconhecidos colocavam distorção de áudio.

Depois do acontecido, Rayssa me levou pra casa enquanto Dré conversava com Tico, o clima pra jogo acabou em todo mundo.

Eu dei uma cochilada com Rayssa fazendo carinho no meu cabelo, depois que ela saiu fui ver no celular e tinha uma mensagem da Souza, pelo menos era ela na foto de perfil, o coque era inconfundível, mas eu não estava com saco e bloqueei ela logo. A frieza dela tinha me assustado e eu adormeci pensando nisso.

No dia seguinte acordei cedo e fui logo pra casa da minha tia, ia passar o dia aqui hoje e talvez a noite porque ela ia descer pro asfalto com um carinha que ela tava conhecendo o que deixou André puto de ciúmes, ele é muito protetor com ela e agora comigo também.

Quando Dré foi pro salão fui deitar mais um pouco no quarto que era pra visitas, ia ter um pagode de tarde, mas eu tava com zero pique, passei a manhã me dedicando a fazer minha divulgação sobre as tranças que começaria a fazer pra conseguir uma grana, quem sabe voltar pra faculdade não Administração como meus pais queriam, o que me encantou sempre foi o Direito, a Filosofia e a Pedagogia, mas, segundo meu pai, eu não tinha inteligência pra Direito, todo mundo de Filosofia é maconheiro e a cidade não precisava de mais professores pra eu fazer Pedagogia. Era um tempo finado aquele que eu nunca pensei em sair de lá, nesse mar de pensamentos eu acabei dormindo de novo.

POV SOUZA

Fiquei com a doida na cabeça a noite inteira, tentei até mandar outras mensagens pra ter certeza que a maluca não era eu, mas nem deu certo. Achei até o Instagram dela, segui, curti umas fotos e vi um story dela divulgando que ia começar a fazer tranças, já respondi porque não sou besta nem nada.

crf.sz

👀 - 11:45

já quero saber se sua transa é boa - 11:45

****trança - 11:50

Nem respondeu nem visualizou a mandada, fiquei puta e logo tomei a atitude de brotar na barbearia do Juninho pra ver como ela ia agir, mas mandei o RD buscar uma caixa de bombom antes de ir comigo, eu ia na garupa pra não chamar tanta atenção.

-Fala Juninho, beleza?

-Opa Souza, suave.-me cumprimentou pelo espelho.-Se quiser fazer algo no cabelo dá pra encaixar, Cerol vai platinar e precisa de um tempo pro produto agir.-mais tarde ia ter um pagodinho na praça debaixo e todo mundo queria ficar no estilo.

Mexi na alça da mochila meio desconcertada antes de fazer um sinal pro lado de fora da barbearia.

-O que tá rolando?

-Nada demais, só acho que tua prima ficou assustada com o bagulho das ideias de ontem, tá ligado?-comecei cruzando os braços na frente do peito.-Queria dar um lero com ela, pô, moradora nova num pode ficar tendo ideia errada sobre a favela não.-na minha cabeça a explicação fazia sentido.