POV Souza
Na moral, Fernanda tava fugindo de mim esses dias mais que diabo foge da cruz, num tava entendendo legal isso não.
Um dia nessas semanas quando teve pagode no domingo, eu puxei ela num cantinho porque queria dar uns beijos e ver como ela tava, era a primeira vez que eu a vi bebendo desde que tinha chego no morro.
-Eu não quero fugir de novo, não quero.-ela tava meio altinha e começou a murmurar isso entre os beijos quando coloquei ela contra a parede.
-É o quê, preta?-me afastei apoiando o braço na parede ao lado da cabeça dela.
Fernanda pareceu se tocar de que tinha falado em voz alta e sacudiu a cabeça, a doida se livrou da conversa porque os crias começaram a me chamar.
-Vai lá, depois a gente conversa.-ela me deu as costas cambaleando de volta para Rayssa e André que dançavam agarradinhos ao som de Ferrugem.
Essa mina ainda ia me deixar maluca papo reto, deixei ela ir, mas fiquei prestando atenção nela de canto, sentia que tinha algo de errado.
Mas eu tinha que diminuir essas neuroses, pra ontem. Hoje o Bagre voltava de SP então ia rolar a maior festa na quadra, mas ia ser só de noite. Agora durante o dia eu tava na missão de ajudar a preta a se mudar, ninguém tava ligado que a gente tava enrolando sem ser a dona Ana e a Rayssa daí os caras tavam com um papo besta de querer apostar em quem ficava com ela, já tava ficando bolada com esses nóia, ia chumbar a cara deles na porrada, mas não enquanto não entendesse o que tava rolando de errado.
Era muita coisa na minha cabeça ao mesmo tempo, desde a invasão eu tava com um pé atrás com todo mundo e o Mendonça não mandava nenhuma atualização útil, um incompetente do caralho. Só RD, Pikachu, Barão, Bagre e eu sabíamos do x9, não era o ideal apavorar geral a troco de nada e dar brecha pra esse rato se escaldar e fugir ou armar alguma coisa pra cima da tropa.
A gente tava um passo à frente do tal delegado, ele podia saber que tinha um deles do nosso lado, mas não sabia que a gente tinha conhecimento do x9.
-Qual é, patroa, terminamos de levar as paradas da Fernandinha pra casa lá, só falta a chave.-eu tava na laje da boca principal fumando um pra espairecer já que a doidona não ia me deixar ajudar e pegar peso, mesmo que eu já tivesse na moral.
-Fala pra ela colar aí na boca que eu entrego pra ela.-olhei a movimentação nas ruas e parecia tudo normal demais.
Os vapores estavam levando as caixas de som pra quadra, Veneno tinha acabado de trocar de plantão com o RD na minha contenção e os moradores estavam se organizando pra fechar tudo mais cedo e receber o 02 na festa.
-Pede pra Veneno trazer ela.-levantei do tijolo que eu tava sentada e fui tomar meu rumo pro escritório.
Daqui a pouco o Bagre ia chegar pra atualizar as novidades antes da festa, espero que com boas notícias.
Eu tava transtornada, resolvi acender mais um pra não surtar na frente de geral.
-Entra.-meu escritório era só fumaça e eu tava jogada no sofazinho de dois lugares que ficava escorado na parede oposta a do cofre.
-Licença Souza...-Fernanda começou a tossir por causa de toda a fumaça e eu ri.-Acho que vou ficar chapada de tabela.
Coloquei a ponta ainda acesa na minha mesa e levantei pra fechar a porta e nos dar privacidade, bandido é uma raça fofoqueira falo com propriedade porque sou os dois então tinha o tal local de fala.
-Tudo certo com a mudança, preta?-os olhinhos de jabuticaba tinham diminuído de tamanho por causa da fumaça, mas ainda assim eram lindos.-Os moleques te ajudaram na moral?-se um deles tivesse se engraçado pro lado dela eu ia castrar.
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Meu Mundo | SÁFICO
RomanceAqueles olhos Aqueles olhos Aqueles olhos Que refletem luz no meu coração ---------//------------- Fernanda se vê num mundo completamente novo ao ter que se mudar as pressas da casa dos pais, acostumada com a vida no interior tem que se adaptar ao...