Capítulo 33

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POV Lima

Larguei o celular na sala e voltei pro quarto pra encontrar Soraya vestindo a própria roupa, quando me viu limpou a boca e começou a abotoar a camisa social vinho. Puta que pariu, lembrar as maravilhas que aquela boquinha estava fazendo me fez olhar pra baixo catando minha cueca samba canção vermelha e minha regata.

Melhor me recompor rápido porque Souza parecia tá no 220 e chegaria a qualquer momento, mas eu devia no mínimo uma explicação pra doutora.

-Foi mal aí, se num fosse uma parada séria eu continuava aqui contigo, tá ligada nisso né?-ela não tirou o olhar do celular enquanto eu falei, cheguei mais perto dela sentando na cama.-Souza tá colando aí então não posso te deixar na pista, mas posso mandar alguém descer contigo...-eu tinha dispensado a contenção, mas pra chamar de volta era dois palitos.

-Relaxa Eduarda, já tô pedindo um uber pra cá.-o jeito que ela falava meu nome sempre mexia comigo.-Aceitou, olha a placa e manda liberar pra ele entrar.-não era todo mundo que tinha essas mordomias, mas ela era ela né papito.

Concordei com a cabeça e peguei o radinho que ficava debaixo do meu travesseiro pra acionar os olheiros e pedir que liberassem o carro.

Passei a mão no rosto andando de um lado pro outro pensativa, Souza nunca quis saber sobre a morte do pai, ela sabia do tiro, que meu padrinho e meu pai tinham se livrado do corpo e ponto, sem mais informações.

Eu lembro como se fosse ontem, minha primeira morte. De prima eu tinha pego a arma só para assustar o cuzão do Zeca, mas tava destravada então acabou disparando contra ele. No fim quem se assustou foi eu, o corpo caiu no batente da porta e eu corri desesperada pra dentro de casa chamando meu pai.

Meu pai era famoso por matar as pessoas e separar as partes por toda Zona Norte do Rio, por isso Açougueiro, então achei que ele não se incomodaria com um corpo perfurado. Ele e Borges me colocaram pra dentro e mandaram eu não sair por nada só quando eles mandassem, me tranquei no meu quarto enquanto eles se livraram do corpo.

-É um papo sério com a DN, tá ligado?-tentei me desculpar de novo quando Soraya chegou na sala com a bolsa de lado e a mala de mão, tínhamos chego de Angra fazia algumas horas e viemos direto pra minha casa. Eu não morava mais na casa que tinha sido do meu pai, agora tinha meu próprio canto já que lá tinham muitas lembranças, boas e ruins.

-Quero, ou melhor, preciso saber sobre o que é?-conferiu seu cabelo no espelho mesmo sem precisar, tava impecável como sempre.-Nunca mais puxa meu cabelo assim.-foda pensar no que eu tô fazendo com ela me chupando, mas não falei nada sobre isso e voltei pra primeira pergunta.

-Sabe que eu matei o pai dela, né?-sorri já prevendo o que ela ia dizer, Soraya preferia saber o mínimo possível dos nossos crimes e quando queria saber pela fofoca era tudo sempre no campo da suposição.

-É, não preciso nem quero saber.-me interrompeu erguendo a mão e eu sorri pela reação exagerada.-Só não façam besteira, tá?-pediu me olhando de canto falando com uma certa dificuldade.

-Preocupada comigo é?-tentei laçar ela pela cintura que se esquivou como se nada fosse com seu sorriso pique tubarão branco voltando pro rosto. É, se ela não ri comigo pelo menos tá rindo de mim, já é um avanço.

-Só enquanto você pagar meus honorários, Eduarda.-retrucou e eu coloquei a mão no peito fingindo ter sido atingida.

-Tá dizendo que eu não faço falta?-brinquei.-Ninguém nunca vai te foder como eu fodo, Soso, guarda minhas palavras.-garanti cruzando os braços com um sorriso.

-E você guarde as minhas, meus consolos reclamam menos e alguns são mais velhos que você, além de aguentar mais de duas seguidas.-lambi os lábios em provocação morrendo de vontade de dar um beijo nela, mas nosso acordo ficava subentendido que beijos eram íntimos demais pra gente.-O carro tá chegando, tchau!-voltou a focar no celular.

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