𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷𝟸 ‒ 𝙰 𝚙á𝚐𝚒𝚗𝚊 𝚜𝚎𝚐𝚞𝚒𝚗𝚝𝚎 𝚍𝚘 𝚍𝚒á𝚛𝚒𝚘

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Mas foi só ontem, dia 3 de janeiro, que notei como os ponteiros dos rélogios apontam para números diferentes, formando a seguinte sequência:

2 2

8 9 8 2 6 1

4 3

1 9 6 6 4 9

Logo pensei... coordenadas!

...

Na madrugada de hoje, dia 4 de janeiro, lá pelas 1 da manhã, fui até o local. Os números me guiaram a um cemitério - já devia ter imaginado.

Depois de andar entre as esculturas assombrosas agregadas aos túmulos, encontrei uma enorme cruz de uns 3 metros de altura bem no centro do cemitério (onde não havia nenhuma lápide), o que me fez lembrar da letra "T" bem destacada que aparecia no papel do museu.

Cheguei perto da cruz e foquei na parte verbal do enigma "nascem de um solo com restos mortais".

Talvez significasse que algo estava enterrado?

Fui atrás de uma pá, me queixando se não havia ficado louco, talvez fosse melhor não voltar para o cemitério e procurar o CAPS mais próximo.

E se não fosse o que eu estava pensando?

Talvez nada fizesse sentido, seria mais fácil desistir.

Mas já sabem o que eu acho da opção mais fácil, não sabem?

Então mergulhei em minha intuição, deixando-a me guiar.
Cavei.

Me custou algumas horas, o medo de ser preso outra vez não me deixou abalar.

E depois de muito suar, a pá encostou em algo, torci para não ser apenas um caixão. Não era, era um baú.

O baú tinha um cadeado com senha, não hesitei em colocar os primeiros números das coordenadas.

Funcionou.

E no baú havia um papel amarelado com isso escrito:

E no baú havia um papel amarelado com isso escrito:

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"21 de julho de 1932.

Sinto desapontá-lo, mas o que de fato escondo está em um lugar muito mais distante.

Está numa ilha deserta no oceano Atlântico Sul, dentro de uma caverna no nordeste da ilha.

Lá encontrará os projetos da minha última invenção, o que jamais foi inventado, o que será um divisor entre o tedioso passado e o suntuoso futuro.

Não colocarei em prática minha invenção, pois encontro-me na solitária velhice, à beira do miserável destino que me aguarda: a morte.

Não me casei, não tive filhos, não tenho a quem outorgar meu legado. Talvez ninguém encontre este papel, o que talvez seja apropriado, já que o ser humano transforma tudo que é bom em algo pernicioso. Não quero que minha invenção cause danos, pelo menos assim, fazendo um enigma para alguém desvendar, deixarei essa deliberação para o destino determinar.

Digo isso porque o uso bélico de minha penúltima invenção, o avião, me entristece amargamente. Eu, um pacifista, assisti minha criação, a princípio projetada para avançar o transporte e facilitar as conexões entre as nações, ser adaptado para fins militares durante a Primeira Guerra Mundial, transformando-se em uma máquina de bombardeios e ataques. Minha visão idealista de garantir que o homem chegasse aos céus foi distorcida pelos horrores da guerra, e assim, foi responsável pela queda de milhões de pessoas.

Isso posto, se você encontrou este papel, decerto acredito que o destino te escolheu. Faça bom proveito da minha invenção, se for corajoso o bastante para ir atrás.

Hei de anexar aqui um mapa, junto com coordenadas.

Boa sorte.

- Santoro Dupont."

Eu desvendei um enigma do Santoro Dupont! O inventor brasileiro mais foda de todos.

Imagina escrever um artigo acadêmico sobre essa descoberta? Ou um livro?

Imagina sair nos jornais como o aventureiro que desvendou um enigma e resgatou uma relíquia do século passado?

Seria o meu retorno triunfal ao emprego que eu tanto amava trabalhar.

Eu sempre fui apaixonado por explorar e descobrir coisas novas, sempre fui ambicioso e aberto a novas experiências, sempre tive medo do tédio, sempre tive o espírito livre e aventureiro que meus filhos herdaram.

E eu herdei de meu pai, ex-soldado do exército, de meu avô, ex-capitão. E claro, de meu bisavô, que lutou no norte da Itália em 1944.

Desvendei esse enigma e vou encontrar os projetos em si.
Eu vou até a caverna.

Ps: pelos meus cálculos vai demorar mais ou menos 2 dias de viagem

Intrépida: a relíquia do inventorOnde histórias criam vida. Descubra agora