𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟹𝟶 ‒ 𝙼ã𝚘 𝚗𝚘 𝚐𝚊𝚝𝚒𝚕𝚑𝚘

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Kyoto foi empurrado para dentro da oca onde viu Catupi. Sentiu o maior ímpeto de alegria e infelicidade, ela estava viva, mas seu corpo estava tatuado por sangue e cortes.

Ao comando de Safra, Dakota e Raoni amarraram o garoto em outro pedaço de madeira que sustentava a oca. Catupi e Kyoto se olharam como se estivessem se comunicassem por telepatia. Safra, ao lado do garoto, voltou seu olhar para a menina e disse com ferocidade:

- Vamos lá, Reis! Onde... está... o mapa.

Foi em um tom baixo e inseguro que respondeu:

- Eu não sei.

O homem deu um soco no rapaz, fazendo o nariz dele sangrar. Catupi virou o rosto; ela tinha esperança de que o homem acreditasse no que dissera e começou a pensar em uma solução antes que o homem começasse a usar a faca e depois a lança, como fez com ela.

Mas Safra não pegou a faca; sua paciência exterminou-se. Ele se afastou do garoto, foi em direção a uma mesa e, dentro de uma mochila, tirou freneticamente uma pistola carregada.

Quando Catupi olhou, a arma estava apontada para o garoto. Ela tomou fôlego para gritar uma intervenção, mas antes que dissesse algo...

O estampido ecoou na oca em uníssono com um curto grito que escapou dos lábios de Kyoto.

Ele abriu os olhos, não havia sangue nem dor, suspirou aliviado ao não sentir o impacto do projétil. Seu reflexo instintivo o fizera levantar o pé a tempo, desviando da bala por um triz.
Se não tivesse agido com tamanha precisão, o estrago seria irreversível.

Safra se aproximou com uma lentidão assombrosa do rapaz e colocou a arma rente ao crânio dele, bem na têmpora esquerda, onde bastaria apenas um clique para matá-lo.

- Agora aqui não tem como desviar.

Kyoto fechou os olhos com força, seu coração martelava tanto que achou que ia morrer antes mesmo daquela arma explodir sua cabeça e tornar aquela cena ainda mais sangrenta, tingindo as paredes de palha com o vermelho de suas entranhas.

Safra pôs a mão outra vez no gatilho...

- EU FALO! - gritou a garota.

Ele baixou a arma. E Catupi acrescentou:

- Só... solta ele, só peço isso. Ele não tem nada a ver com isso.

- Hm, então vamo lá! Você primeiro.

Catupi deixou o olhar cair e se sentou no chão.

- Tá na bota. O mapa tá na minha bota.

Safra tirou a bota do pé dela e realmente estava lá. Logo se levantou e foi em direção à porta.

- Pera aí, acho que tô me esquecendo de algo, seria soltar ele? Não, acho que não - disse o homem em um tom sarcástico, seguido de uma risada de gelar a espinha antes de sair de cena.

- É, eu esperava por isso - disse Catupi bem devagar, porque estava nitidamente tonta.

Kyoto levantou o pé direito, tirou o canivete que Catupi lhe dera de sua bota e usou para se desamarrar.

- Brilhante - sussurrou Catupi ainda parecendo bêbada, de tão sequelada.

Ele foi correndo até a garota profundamente mutilada e a desamarrou. Ela ficou de pé, mal conseguindo fazer isso. Kyoto se aproximou para ajudar.

- Eu consigo... eu só vou...

- Você não vai fazer nada! Vem cá. - Ele a deitou no chão com cuidado. - Tá doendo muito?

Intrépida: a relíquia do inventorOnde histórias criam vida. Descubra agora