𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟞𝟿 ‒ 𝙳𝚒𝚜𝚙𝚊𝚛𝚘 𝚊 𝚏𝚕𝚎𝚌𝚑𝚊?

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As sombras da noite começavam a se dissipar lentamente, dando espaço para o céu pálido das 5 horas da manhã. Assim que Catupi acordou, já sentiu as costas doendo, e seu pescoço estava levemente roxo pelo esganamento de ontem. Notou que havia um homem com o ombro encostado na parede da oca, falando com alguém através de um rádio comunicador.

— Ok, ela tá aqui na minha frente, tchau amor.

O homem percebeu que Catupi acordou, ergueu um papel que havia em sua outra mão, era a identidade da garota.

— Catupiri Reis Maia... Nome tão patético quanto o pai... Diego Reis Pitaguary.

Catupi olhou para ele receosa. Seus pertences estavam fora da mochila, espalhados no chão. Ele parecia procurar pelo mapa, sem imaginar que o esconderijo improvisado da garota — dentro de sua meia — o mantinha seguro. 

— Quem é tu? — interrogou ela, com a voz ainda um pouco dolorida.

Ele andou até ela, por algum motivo ele mancava, sem sinais aparentes de um confronto recente. Agachou-se. Era um homem bonito de estatura alta e olhos azuis elétricos muito claros. A pele branca contrastava com a barba grisalha.

— Meu nome é Dênis Safra, o que mais quer saber?

Ele só podia ser o homem de que Dakota havia se referido, então era ele que torturou o pai de Catupi, era ele que estava por trás de tudo.

O medo dela se transformou em ódio. Sentiu uma onda quente percorrer seu corpo e lançou um olhar feroz ao homem.

— O que tu quer com meu pai, tiozão?

— Tá bem-informada, não é, menina?

Ele sorriu e pegou uma faca que estava perto da mochila dela, então começou a brincar com ela, jogando para o alto e pegando-a. Catupi cerrou os dentes, sentindo talvez até mais ódio dele do que Sibelle, se é que isso é possível.

— Ele tem... — continuou ele, com a dicção tão perfeita que chegava a ser irritante. — e ele sabe de coisas que eu quero. Assim como você! Você vai me ajudar, não é? Vai me falar onde fica a caverna.

Ele falava de um jeito sutilmente ameaçador, mas Catupi não deixou aquilo aparentar acovardamento nela.

— Não vou te ajudar em porra nenhuma — explodiu, encarando-o fixamente.

Ela estava cansada de ser tão passiva. Só ontem ela perdeu uma luta, foi esganada e quase abusada. As poucas horas de sono e a fome já haviam atiçado sua ira, e Safra foi lá e pôs mais lenha na fogueira. Sua raiva era uma arma já com munição, e Safra deslizava o dedo sobre o gatilho.

Ele esboçou um sorriso ladino e inclinou levemente a cabeça para o lado, em um tom perigosamente arrastado, articulou: 

— Vai ser assim? 

...

Catupi estava em pé, transbordando sangue, e agora Dakota e outros dois rapazes foram obrigados a se juntaram à cena, observando aquela atrocidade sem poder falar nada.

Depois de um soco, em seu corpo foram feitos 3 cortes, o primeiro no antebraço com uma faca, o segundo na barriga, e o terceiro no braço, este feito com uma lança. Mas ainda assim não respondeu nada que Safra queria. Em meio aos machucados, ela sorria e respondia tudo com tom de piada, fazendo o homem perder cada vez mais a paciência.

— Pare de ser tão irritante! — Ele bateu a lança no chão.

— Eu não posso evitar, já virou hábito.

— Tá mesmo afim de ser mutilada outra vez?

— Pode ser, eu não tenho mais nada programado pra essa manhã.

Intrépida: a relíquia do inventorOnde histórias criam vida. Descubra agora