𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷𝟼 ‒ 𝙰 𝚋𝚊𝚝𝚊𝚕𝚑𝚊 𝚍𝚎 𝚋𝚊𝚗𝚍𝚊𝚜

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30 de julho, São Miguel—CE.

Os 27 minutos transcorreram com velocidade, e então, o quarteto foi até o Festival de Rock. Tinham preparado um mix de músicas dos Mamonas Assassinas, a banda preferida da Catupi.

E lá estavam eles em cima do palco que brilhava intensamente, iluminando os rostos animados da multidão que aguardava para testemunhar uma batalha de bandas eletrizante. 

A princípio, Calebe fez um som com a guitarra, um som com um ritmo contagiante. Logo em seguida, as primeiras notas de "Pelados em Santos", um clássico da música brasileira, ecoaram pelo local.

Catupi assumiu a música, captando a essência divertida da canção, sua voz poderosa e cheia de carisma preenchendo o espaço com cada verso.

"Mina, seus cabelo é da hora
Seu corpão violão
Meu docinho de coco
Tá me deixando louco
Minha Brasília amarela
Tá de portas abertas
Pra mode a gente se amar
Pelados em Santos
Pois você, minha pitchula
Me deixou legalzão
Não me sintcho sozinho
Você é meu chuchuzinho

Music is very good

(Oxente ai, ai, ai)"

No início, as pessoas não estavam muito entusiasmadas, já que esperavam uma música mais turbulenta, mas com a troca de cores e a mudança da música calma para um rock agitado, elas se animaram. Catupi se saía muito bem no palco, performando como vocalista; e Kyoto, Bruna e Calebe acompanhavam ela com maestria, cada acorde pulsando com vida.

"Mas ela é linda
Muito mais do que linda
Very, very beautiful
Você me deixa doidão..."

Ao mesmo tempo que a garota cantou "você me deixa doidiããão", Calebe gritou "RAIOS!", fazendo a banda mergulhar sem pausa em outra faixa icônica.

A batida agitada de "Vira-vira" animou ainda mais o lugar e veio acompanhada da dancinha. Enquanto Calebe agora era quem cantava o refrão, todos se viravam para um lado e para o outro, dando pulinhos. 

Mas então as luzes ficaram vermelhas e começou a tocar um metal, sinalizando mais uma troca sem pausa.

E agora, Caro leitor, se preferir, recomendo ouvir "Débil Metal - Mamonas Assassinas" enquanto lê o restante do capítulo. 

Calebe começou com o som da guitarra, e a música atingiu a multidão com sua energia pesada e riffs poderosos. Logo veio Catupi cantando "Débil metal" com uma voz grossa e rouca, característica do estilo de música. 

E quando chegou a hora, Calebe fez o dificílimo solo de guitarra principal. O som era explosivo e agudo, o eufônico som causado pela agilidade e destreza de seus dedos excepcionalmente habilidosos, que fizeram aquele solo ser o ápice do show. 

O público foi levado a uma montanha-russa de emoções, alternando entre sorrisos e os famosos bate-cabeças do rock.

As luzes estavam cada vez mais vermelhas, e ainda enquanto ele tocava, Catupi avistou de longe dois homens. Os mesmos homens que haviam a perseguido.

A garota arregalou os olhos e sentiu que se respirasse um pouco mais, ia ficar nítido que estava assustada. Olhou para trás e viu Kyoto, que estava olhando para os homens como se estivesse vendo um fantasma.

— Acha que nos reconheceram? — ela perguntou ao olhar outra vez para o amigo, Calebe ainda tocando a guitarra.

Kyoto, concentrado na bateria, não respondeu, apenas olhou com uma feição de preocupação que a garota não pôde ver, pois tornou a olhar para o público.

— Do que tão falando? — perguntou Calebe ao mesmo tempo que tocava e sorria, numa tentativa de disfarçar a conversa durante a apresentação.

— São eles, os caras que te falei.
Com passos firmes, os homens se aproximavam cada vez mais, até chegarem na fileira da frente do lado direito. Os dois olhavam para Catupi fixamente. Um deles ainda mantinha uma expressão ameaçadora, que transmitia uma sensação perturbadora. 

Ele mexeu a boca dizendo de maneira inaudível "Não há como escapar", juntamente com um sorriso sombrio. E depois que Catupi fez a leitura labial, depois que um frio percorreu sua espinha, ela disse ao irmão:

— Foi mal Lebe, eu vou ter que sair antes que acabe o show, senão eles vão me esperar lá na saída. 

Ela olhou para Kyoto.

— Quando eu disser "Run" a gente corre.

— Vou com vocês — disse Calebe. 

— Não! vão atrás de você, cabeção — negou Catupi entre dentes, lutando para disfarçar a conversa durante a apresentação.

— Do que vocês estão falando? — indagou Bruna.

— Não se mete! — exclamou Calebe.

E então Catupi trocou o "NO" que havia na música pelo "RUN".

— RUN!

Ela se jogou com tudo no lado esquerdo da multidão, e como já esperado por Catupi, todos animados pela atmosfera febril a impulsionaram com as mãos, assim fazendo a "surfar" na multidão.

Calebe foi o segundo a pular, e em seguida pulou Bruna achando que aquilo fazia parte do show.

— Sério isso?! — exclamou Kyoto. 

Mas ele também acabou pulando, era isso ou ficar ali parado no palco, com todos o encarando.

Depois de "nadarem" sobre as pessoas, eles foram colocados no chão com segurança, exceto os irmãos Reis, que caíram no chão com violência e até se ralaram um pouco.

Os homens começaram a ir atrás do quarteto em meio à multidão abafada que explodia em aplausos ensurdecedores, assobios e gritos de aprovação. Os meninos conseguiram chegar ao lado de fora depois de muito esforço e correria.

— E AGORA?! O QUE A GENTE FAZ?! — exclamou Kyo.

— Bruna, precisamos do teu carro! — bradou Calebe.

Intrépida: a relíquia do inventorOnde histórias criam vida. Descubra agora