Eles nunca souberam nada de mim

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(Por Lingling)

Inglaterra, Maio de 2.024

- Então refaça os cálculos e depois me fala – Pedi ao gerente da contabilidade.

- Tudo bem, senhorita Sirilak – Ele assentiu e deixou a sala.

Era apenas mais um dia na minha rotina trabalhando honestamente em uma empresa multinacional na Inglaterra, mas a minha história não começa bem neste ponto e sim há algum tempo atrás quando ainda era uma garotinha de doze anos, os meus pais resolveram me mandar para o exterior acompanhada de uma mulher mais velha, para estudar e me proteger de um possível atentado.

Lembro que chorei por todo o caminho, no carro da minha família, no avião, no meu quarto a noite por diversos dias, nas poucas ligações que eles faziam. Eu era uma criança e não entendia naquela época o porquê deles me afastarem daquela forma.

Com o passar dos meses fui criando vínculos com algumas pessoas, apesar de eu ser apenas uma estrangeira, consegui manter a minha conduta e aprendi a viver sozinha, sem esperar por festas de aniversário, ceias de Natal ou comemorações de ano novo, me dediquei aos livros e ao conhecimento que os meus professores partilharam.

Aos 18 anos, a mulher que sempre esteve ao meu lado precisou retornar ao nosso país e eu fui para a faculdade, morei nos dormitórios do Campus e aprendi a conviver com outras pessoas, rostos e pensamentos diferentes do meu.

Foi difícil no início, eu me trancava no quarto pra me concentrar em meu mundo, mas a minha colega de aposentos insistentemente levava garotos pra lá ou alguma de suas amigas.

E foi com uma dessas amigas dela que eu me descobri homossexual.

Eu já tinha visto a garota algumas vezes e sempre que nós nos esbarrávamos eu ficava nervosa, sentia a minha mão tremer e o estômago revirar, a pele aquecia de maneira que às vezes me fazia pensar se eu estava ou não com febre.

Essa garota que era dois anos mais velha do que eu um dia entrou no quarto e me pegou saindo do banho, ela perguntou pela minha colega e quando respondi que a outra iria demorar, ela sorriu e trancou a porta.

Eu fiquei sem entender nada naquele instante, então ela se aproximou e me fez uma pergunta muito simples “Porque você fica tão tímida sempre que chego perto?”. Abaixei a cabeça e não respondi, ela me segurou pela cintura e me fez encará-la e sorrindo ela prosseguiu “Você sem àqueles óculos e só de toalha me deixa com tesão!”.

Ela me beijou, foi o primeiro da minha vida.

Ela puxou a toalha e a jogou para longe, não houve mais conversa entre nós duas, ela me dominou e me ensinou uma matéria que até aquele momento eu desconhecia.

Ficamos juntas em segredo por duas semanas, todas as vezes que a minha colega se ausentava, ela entrava no quarto e eu me rendia.

Então depois dessas semanas em que ficamos envolvidas a garota sumiu, não atendeu aos meus telefonemas ou respondeu qualquer mensagem, abandonou a faculdade e esqueceu dos amigos.

Ali eu senti o peso da solidão, desejando ter o colo de minha mãe para desabafar e chorar o máximo que conseguisse.

Precisei segurar está barra e outros ferimentos, somente eu e mais ninguém.

Meu pai uma vez tinha me dito para não confiar nas pessoas, pois elas enganam e machucam a gente em benefício próprio, sendo egoístas ou pior...

Resolvi tomar as palavras dele e a atitude daquela garota como mais um aprendizado e por causa disso fechei o meu coração para os demais e priorizei outros campos da minha vida:

ME ESPERA...Onde histórias criam vida. Descubra agora