Alguém alcançou o inalcançável?

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(Por Lingling)

Esperei Orm sair para pegar o meu celular e ligar para o Lacuna, precisava colocar pra fora toda aquela raiva que de repente comecei a sentir após ver aquele fanfarrão beijar a mão dela.

Claro que eu não iria descontar no meu amigo, mas eu tinha que falar o que estava me incomodando e ele sempre foi um bom ouvinte e conselheiro.

Ela saiu sem graça da minha sala e provavelmente sem entender nada a minha alteração de humor e eu sei que explicar para ela seria bem complicado, pois nem eu tinha certeza do que sentia.

Na ligação, Lacuna me garantiu que iria mais tarde, ele só terminaria o expediente na empresa que ele trabalhava e seguiria diretamente para o meu escritório.

Então vocês podem imaginar como as horas a seguir viraram uma tortura, Orm estava em sua mesa trabalhando e eu na sala tentando manter os meus pés firmes no lugar, desejando ouvir a sua voz me falando qualquer coisa, um cálculo errado, uma nova ideia para renovar um dos nossos projetos, uma coisa sobre ela que ainda não tivesse me contado.

E tinha tantas coisas que eu queria saber... Pessoal, como acabei ficando daquele jeito?

Lembrei-me do momento em que eu quis beijá-la, foi logo após repassarmos a minha agenda e ela me perguntar se eu queria mais alguma coisa, “Você” eu pensei, mas não me atrevi a dizer isso, acho que naquele instante isso a assustaria tanto quanto me assustou pensar.

...

- Querida – Lacuna cantarolou ao entrar na sala – Me responda duas coisinhas.

- Boa noite, Lacuna – Cumprimentei-o ainda mal humorada.

- Ah não – Ele pousou as mãos sobre a cintura e riu – Eu me apressei a vir aqui pra te ver e você me trata dessa forma fria, não... Não... Não... – Ele andou até mim e se sentou na cadeira a minha frente – Pode parar.

- Eu não estou sendo fria contigo – Encarei o meu amigo tentando me controlar – Só não estou conseguindo conter essa raiva que estou sentindo.

- E porque tanta raiva assim? – Ele perguntou preocupado.

- Eu não sei – Na verdade eu sabia, porém não vi como eu  explicaria corretamente.

- E quando você ficou assim? – Ele quis saber.

- Depois do almoço.

- Já sei – Ele estalou os dedos sorrindo – Mais uma reunião chata!

- E quando é que elas não são? – Ponderei – Porém não é isso...

Parei de falar assim que nós dois ouvimos uma batida na porta, Orm pediu licença e avisou que já estaria indo embora caso eu não precisasse de mais nada, olhei para o relógio e depois para ela, Orn me deu um sorriso tímido e aquele simples gesto me acalmou um pouco.

O sorriso dela era algo que me desarmava, desde o primeiro momento em que a vi a minha impulsividade ficou no auge, adormecendo muitas vezes o meu lado racional.

Eu acenei positivamente pra ela lhe desejando um bom descanso e logo em seguida voltei a minha atenção ao Lacuna:

- Agora entendo – Ele disse sem desviar o olhar.

- Entende o quê? – Arqueei uma sobrancelha tentando compreender a sua afirmação.

- Querida Ling, a sua bela assistente é maravilhosa, se eu fosse hétero com certeza eu daria em cima dela.

- Eu sei como ela é, Lacuna!

- Mas eu não sabia – Ele debochou – Eu ia te perguntar como você está conseguindo se concentrar no trabalho com uma deusa dessa ao seu lado, mas já notei que você não está mantendo o foco.

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