Ela é uma vítima, mas eu sou o juiz

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(Por Orm)

Eu não me sentia em mim, era como se a parte que sempre faltou em minha carne estivesse finalmente lá, colada. O meu corpo foi torturado e a luxúria quase me fez perder a noção de onde eu me encontrava, mas Lingling me trouxe de volta com os seus lábios.
Ela me aconchegou em seus braços e eu senti o tecido de suas roupas me incomodar, ela me dominou logo após eu demonstrar e dizer o quanto eu queria que ela me tomasse, porém eu também queria sentir a mesma sensação que ela teve quando o fez.
Mas ela dormiu minutos depois, abraçada ao meu corpo nu, sorrindo e eu me encantei mais e mais com aquilo.
Aos poucos eu vi o mundo ao nosso redor desaparecer enquanto os meus olhos fechavam e a minha respiração enfraquecia em um ritmo normal. Poderia ter montado em cima dela e ter feito tudo o que eu pensava fazer, contudo o cansaço foi superior a qualquer possibilidade.
Logo eu também adormeci.
Acordei bem cedo, o sol ainda não havia se posto e o quarto estava um tanto escuro, apalpei o lado que Lingling tinha dormido, mas não a encontrei ali ao meu lado, vesti um roupão e desci até a cozinha para tomar um copo de água, a minha boca estava muito seca.
Depois de beber a água e colocar o copo na pia, olhei para um cômodo que ficava ao lado da sala, parcialmente iluminado e na ponta dos pés me aproximei, eu vi Lingling no telefone com alguém e fiquei espiando em silêncio a sua conversação:
- ... Não quero que você o mate – Ela falou seriamente – Só faça o desgraçado sofrer, quero que ele aprenda que tudo na vida tem consequências – Ela bateu com o punho fechado na mesa – Pode dizer que é um recado meu, ele não deveria ter feito o que fez, ela não é um brinquedo para ser usada da forma que bem entende, não é um objeto para ter dono!
“De quem você está falando? Com quem?” pensei chegando mais perto, “Quem você está perseguindo?”
- ... Não quero ouvir mais desculpas, faça conforme eu te ordenei... Esse desgraçado vai pagar por ter feito o que fez com ela, se ela tivesse me falado tudo antes de eu ter confrontado ele... Ah, com certeza ele teria sofrido muito mais do que agora – Lingling pegou um copo e o encheu com algo que pensei ser uísque, tomando-o em seguida – Eu preciso desligar, mas faça o serviço, não é para matar, eu não quero carregar este fardo entendeu? Contudo faça-o sentir tanta dor que ele vai implorar pra morrer.
Ela se virou pra porta e eu acabei tropeçando e caindo no chão, o barulho que fiz me delatou:
- Vou desligar – Ela disse colocando o telefone no bolso.
Tentei me afastar engatinhando para a cozinha, mas Lingling abriu a porta e me viu de quatro no chão, ela riu e ficou me olhando como se quisesse me engolir:
- É muito feio espionar as pessoas Orm – Ela falou com um tom divertido.
- Me desculpa – Eu me levantei e abaixei a cabeça indo ao seu encontro – Não tive essa intenção.
- E qual era a sua intenção? – Ela me abraçou e deitou a cabeça em meu pescoço – Eu posso saber?
- Eu só queria saber onde você estava, acordei e não te vi ao meu lado, sei lá... Fiquei preocupada.
- Não se preocupa, ainda estou aqui – Ela respondeu com firmeza na voz.
- E eu...
Lingling não me deixou falar, ela logo me deu um beijo e foi me levando em direção ao sofá, assim que caí sobre o mesmo ela se deitou por cima de mim e as suas mãos, habilidosas, desataram o nó do roupão deixando outra vez o meu corpo a mostra, inteiramente a sua disposição.
Ela sorriu e começou a deslizar os dedos sobre a minha pele, me deixando arrepiada, a sua boca devorou os meus lábios, em seguida percorreram pelo meu pescoço, logo parou em meus seios e os chupou com voracidade enquanto sentia uma de suas mãos massagearem o meu clitóris, fiquei ofegante e perdida naquelas sensações até ela parar e ficar me encarando:
- Porque você parou? – Perguntei manhosa.
- Porque eu quero você comigo – Ela voltou a me beijar – Fica comigo até o fim – Ela sussurrou em meu ouvido e o mordiscou.
Sua mão retornou a me tocar, então ela me invadiu:
- Orm, você está tão molhada – Ela gemeu enquanto aumentava o ritmo.
- Você é a culpada – Gemi alto espantada com isso.
O meu corpo estava em chamas e a cada investida que ela dava, mais calor eu sentia. Lingling foi descendo espalhando beijos molhados e mordidas por todo o meu abdômen e coxas, os seus dedos em mim me torturando, me fazendo transpirar.
Logo a sua língua encontrou o meu ponto mais sensível e ela não me deu nenhum segundo pra respirar, o seu ritmo era intenso tanto quanto a minha necessidade de me desmanchar naquele instante.
Aos poucos senti o meu interior se comprimir tentando expulsá-la pra fora, notando que ela ainda insistia em me devorar, um formigamento nas pernas, uma necessidade de eliminar qualquer resistência que poderia haver, ela continuou o seu ritmo até o meu corpo desfalecer, liberando em sua boca o meu prazer.
Ela o bebeu sem pudor algum e em seguida se aninhou em meus braços:
- Você me deixou exausta! – Eu disse a fazendo sorrir.
- E você me fez a mulher mais feliz do mundo.
“De onde ela tirava essas frases que impactavam a minha mente?” pensei. Abracei-a aspirando o perfume de seus cabelos, acariciando as suas costas, sentindo o tecido de seu pijama... Odiando o fato dela permanecer vestida:
- Queria sentir a sua pele ao invés deste tecido – Reclamei.
- Você vai sentir – Ela garantiu – Só que não hoje!
- Mas eu queria... – Ela passou os dedos em meus lábios enquanto fazia um shhh.
- Vamos voltar pra cama, daqui a pouco teremos que entrar num avião pra voltar pra casa.
...

(Por Lingling)

Caminhei lentamente pelos cômodos escuros da velha mansão inglesa dos Kwong, faziam anos que não pisava ali e tudo me trouxe nostalgia, eu mal suportava pisar naquele lugar e as lembranças que ele me transmitia, a minha solidão, o meu abandono, as lágrimas de saudade e acima de tudo, o desespero ao me sentir um peso morto.
Eu morri tantas vezes naquele local, parte de mim ficou enterrada dentro daquelas paredes, parte de mim sucumbiu a dor que foi abrasada em minha pele.
Eu odiava aquele lugar e por causa deste ódio que ele se tornou o melhor local para massacrar aquele homem.
Durante o meu regresso a Inglaterra eu não obtive retorno do meu funcionário, porém assim que deixei a Orm na casa dela, o rapaz me ligou informando que tinham encontrado e capturado o Teodore.
Eu precisava encará-lo... Precisava dizer que a sua ex namorada era minha e que ele não era ninguém, somente um pedaço de carne podre que nem os urubus brigariam para devorar.
Nessas ocasiões eu era Kwong e isso me assustava.
Peguei a minha Glock 9mm e o  coldre axilar que mantinha em meu cofre, vesti uma roupa preta confortável e uma jaqueta para tampar a pistola, resolvi ir de moto para a mansão e me apressei para chegar até lá.
Cumprimentei os seguranças que ainda trabalhavam para o meu pai e estavam fazendo vigia na entrada principal, um deles tirou um molho de chaves do bolso e abriu passagem para que eu entrasse.
Fui direto para o escritório e abri a porta dando de cara com o meu funcionário e mais dois homens, o chão estava limpo e todo forrado por um plástico grosso, enquanto Teodore estava desacordado, preso em uma cadeira.
Mandei um dos homens pegar uma cadeira e colocar diante ao ex de Orm e assim que me sentei, o meu funcionário jogou uma jarra de água fria no infeliz.
Teodore acordou sobressaltado, olhando para todos os lados em busca de respostas, perdido, eles viu os homens e olhou-os com fúria, então olhou diretamente pra mim e ficou pálido:
- Acho que agora podemos conversar, não é? – Falei e mandei que lhe tirasse a fita que cobria-lhe a boca.
- Eu fiz o que a senhora mandou – Ele se adiantou sobressaltado – Eu me mudei e não mais vi a Orm, nem entrei em contato com ela...
- Fica calmo, eu sei exatamente disso – Falei de forma tranquila, vendo-o sem entender tudo aquilo – Eu só quero saber de uma coisa... Qual foi a sensação que você sentiu ao estuprar uma mulher?
- Eu não fiz isso – Ele gritou desesperado – Se aquela vagabunda está me acusando disso é mentira!
- É? – Arqueei uma sobrancelha e pus o meu corpo inclinado em sua direção.
- Sim senhora, eu juro... É mentira – Ele prosseguiu ainda desesperado – Aquela mulher sempre gostou de se pousar de vítima.
- Entendi, então ela não disse que não queria, verdade? – Ele ficou pensando no que responder, mas optou por ficar em silêncio – Estamos tendo apenas uma conversa Teodore, me responda... Ela disse que queria ou não?
- Ela disse não ok, mas todas às vezes ela disse não e sempre cedia, ela é uma puta e gosta disso, de ser tomada com força, ela gemeu igual a uma cadela no cio.
- E você gozou com isso? – Perguntei ironicamente.
- Que homem não gosta de dominar a sua vadia? – Ele me questionou.
“Que homem não gosta de dominar a sua vadia?”, aquelas palavras ficaram ecoando em minha mente, mas eu precisei juntar todas as minhas forças para não sacar a minha arma e dar um tiro na testa daquele infeliz.
Ele ficou quieto apenas me analisando enquanto os homens me observaram esperando o próximo comando:
- Aquela vadia é a minha mulher – Respondi friamente – E você a machucou tanto que nem ela imagina de fato e aquela vadia agora tem alguém para protegê-la.
- Eu não cheguei mais perto dela – Ele choramingou.
- E é por isso que eu não vou te matar agora – Respondi sem desviar os meus olhos dos dele – Isso não quer dizer que o mal que você fez a ela ficará impune!
- Mas senhora Kwong...
- Chega – Gritei e me levantei da cadeira, olhei para o meu funcionário – Faça o que mandei ok.
Saí da sala ouvindo Teodore gritando e sons de pancada, fechei os olhos e sorri, poderia tê-lo matado, mas eu sabia que Orm não me perdoaria se eu tivesse feito e acima de tudo, eu também não me perdoaria.
Deixei a mansão e mandei uma mensagem para ela me encontrar na minha casa, o meu corpo gritava de saudades do corpo dela.

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