(Por Lingling)
O dia amanheceu chuvoso e o clima frio, depois da minha higiene matinal, vesti um conjunto social preto e coloquei um casaco da mesma cor.
Peguei as chaves e saí, primeiro parei em uma cafeteria e pedi um capuccino acompanhado de um prato com ovos, bacon e torradas.
Depois segui diretamente para a empresa, na entrada observei algumas garotas aguardando num canto enquanto o segurança me dava passagem.
Eu o cumprimentei e entrei no elevador, chequei as mensagens no celular e a agenda, teria duas reuniões, uma com a equipe de marketing e outra com o financeiro mais tarde.
Quando entrei na minha sala, a minha secretária veio ao meu encontro trazendo consigo um copo lacrado e quente de café expresso, pousou-o sobre a mesa e repassamos a minha agenda. Pedi que ela remarcasse a primeira reunião para outro dia e que fizesse a pré-seleção das candidatas.
Assim que ela saiu, abri o notebook e comecei a analisar alguns projetos da empresa e refazer os cálculos que me pareciam incorretos.
Depois recebi as moças que foram selecionadas e novamente tive uma decepção com a qualidade dessas profissionais.
Por volta das 12 horas, eu já tinha terminado as entrevistas e praticamente desistido de preencher a vaga, peguei a minha bolsinha em dentro da maleta e fui direto para o elevador.
O meu mal humor era visível e isso assustava as pessoas, mas não me importava com os comentários e fofocas na empresa desde que o serviço fosse feito, se bem que... Na minha frente os funcionários tinham medo de falar qualquer coisa.
Estava saindo do prédio quando uma moça esbarrou em mim, ela se desequilibrou e caiu espalhando no chão alguns papéis, ficando totalmente envergonhada logo em seguida:
- Você está bem? – Estendi a mão para ajudá-la – Venha, levante-se.
- Me desculpa – Ela pediu se levantando – Sinto muito... De verdade.
- Você está bem? – Refiz a pergunta e ela ergueu a cabeça e me encarou sorrindo.
- Eu sou uma idiota mesmo, deveria ter prestado mais atenção antes de vir correndo, mas estou atrasada para a minha entrevista.
- Você foi selecionada para uma entrevista aqui?
- Sim – Ela se agachou para pegar os papéis – Eu tinha que ter chegado às 10 horas, mas não consegui.
- São duas horas a mais – Ponderei e a vi suspirar.
- Eu sei... Eu sei! – Lamentou já erguendo-se – Acho que foi uma perda de tempo ter vindo.
Nós voltamos a nos encarar, fiquei sem palavras ao observar os seus olhos claros. Ela tinha um rosto de boneca e cabelos pintados de castanho, quase loiro:
- Acho melhor eu ir embora – Ela disse me dando as costas e começou a caminhar se distanciando do prédio.
- Espera – Eu gritei fazendo-a parar de andar e me olhar novamente – Posso saber em qual vaga você foi selecionada?
- Bem... – Ela pensou alguns segundos antes de me responder – Assistente pessoal da CEO daqui.
- Mas você me parece tão jovem – Provoquei-a – Acha que possuí qualificações para este cargo?
- Acabei de me formar em administração e preciso começar de algum lugar – Ela respondeu confiante – Mas receio que perdi a chance hoje, ouvi dizer que está vaga estava sendo bem concorrida.
- Provavelmente – Afirmei.
- Com certeza já deve ter sido preenchida hoje – Ela lamentou – Aposto que as candidatas que vieram eram melhores instruídas.
- Porque você fala isso? – Questionei-a ainda observando atentamente.
- Por que eu só tenho um diploma para apresentar.
- Entendi.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, a mulher na minha frente parecia perdida em seus pensamentos enquanto eu me perguntava a razão de querer ouvir mais sobre ela, algo que não era do meu feitio.
Olhei para o relógio e percebi que desde o momento em que nós nos esbarramos havia se passado vinte minutos e eu permanecia ali parada perdendo um tempo que me faria falta depois.
Ela acompanhou com o olhar a minha atitude e se desculpou outra vez por estar me ocupando, então se virou e saiu lentamente sentido a estação de metrô:
- Venha comigo – Falei por impulso – Estou indo almoçar, se você não se importar, você pode me fazer companhia.
- Ah, não! – Ela sorriu fazendo o meu corpo vibrar – Não quero te atrapalhar mais do que já devo ter feito.
- Não irá – Concluí seriamente – Assim você pode me mostrar o seu currículo, se você não se incomodar, eu quero analisá-lo.
- Verdade? – Ela bateu palmas ainda mais sorridente.
- Sim – Fomos andando até o meu Porsche, assim que ela viu o carro ficou paralisada – Pode entrar – Pedi tentando agir naturalmente, mas me divertindo por dentro.
A mulher entrou e com muito cuidado fechou a porta do carro, colocou o cinto e alisou o painel:
- Nunca viu um carro desses? – Perguntei curiosa.
- Eu nunca entrei num carro desses e uau... – Ela voltou a sorrir – Esse carro é lindo.
- É um bom carro – Afirmei.
Levei-a para um restaurante chamado Fogo de Chão, pois não tinha feito reserva nos locais onde eu costumava comer, ela ficou espantada com a diversidade de alimentos, perguntei se ela era inglesa e ela riu, depois me disse que era tailandesa.
Fiquei feliz pela coincidência e disse que também era de lá, aproveitei o ensejo e propus de conversarmos em nossa própria linguagem e ela aceitou.
Depois do almoço, eu pedi café e sobremesa para nós duas e ela me entregou o documento com os seus dados, analisei-os sem pressa nenhuma.
Ela parecia ansiosa com o meu parecer, mas evitou fazer perguntas.
- Orm Kornnaphat – Ouvir o seu nome saindo dos meus lábios foi mais um pequeno choque – Você foi bem sincera quando falou da falta de certas qualificações.
- Eu não gosto de desonestidade – Ela respondeu enquanto bebericava o café – Se eu inventasse um monte de coisas e me fosse exigido realizar uma tarefa da qual não teria conhecimento, o que eu faria?
- Tem razão – Me limitei a responder.
- Você acha que o meu currículo é muito ruim? – Ela hesitou.
- Para o cargo de assistente do CEO? - Ela afirmou com a cabeça – Não é ruim, mas você poderia ter investido em mais cursos e aprimoramentos, já que você tentou entrar em uma multinacional.
- Imaginei – Ela baixou a cabeça e ficou pensativa – De certa maneira não foi um dia perdido – Ela soltou mais um sorriso me olhando diretamente nos olhos.
Eu devolvi o documento e depois de pagar a conta a levei de volta para a entrada da empresa, Orm me agradeceu pela gentileza e ao se despedir de mim, eu a segurei no pulso.
Ambas olhamos para aquele mínimo contado e por um instante tive vontade de puxá-la para mais perto, porém eu a soltei e peguei na minha bolsinha um cartão, entregando-lhe em seguida:
- Lingling Sirilak, CEO da Bit Company International – Ela o leu e seus olhos arregalaram-se – Então você é?...
- Esteja aqui amanhã às 07 horas em ponto , ok! – Virei-me e entrei no prédio deixando-a sem reação.
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ME ESPERA...
Roman d'amourLingling era CEO de uma multinacional na Inglaterra e levava uma vida comum neste país, tendo o trabalho e a sua solidão um refúgio para manter a sua serenidade. No entanto, as suas barreiras são quebradas quando ela conhece Orm Kornnaphat, que apes...