(Por Lingling)
- Querida – Lacuna cantarolou entrando na minha sala – O que aconteceu pra você me pedir pra vir aqui com urgência?
- Preciso falar com alguém, mas eu só confio em você Lacuna! – Falei apontando pra cadeira a minha frente.
- Será que é porque eu sou o seu único amigo? – Ele riu – Brincadeirinha Ling...
- Você não mentiu, realmente... Você e a Eclair são as únicas pessoas que conhecem toda a minha vida.
- Eclair é um amor de mulher – Ele afirmou sorrindo – Mas sem enrolação querida, pode abrir o coraçãozinho que estou a sua disposição.
- Amanhã a Orm voltará ao trabalho, lembra que eu te contei dos problemas que ela enfrenta?
- Ah sim, a sua assistente bonita – O sorriso dele se alargou – Se eu gostasse de mulher, com certeza já teria flertado com ela.
- Pára com isso Lacuna – Esbravejei.
- Calma querida, só estou brincando – Respondeu erguendo as mãos – Não precisa ficar nervosa.
- Não gosto desse tipo de brincadeira, respeite a Orm – Falei com o meu tom autoritário.
- Nossa – Ele cantarolou – Você está morrendo de ciúmes da menina.
- Isso não é ciúmes.
- Claro que não – Gargalhou.
Esperei ele terminar de rir da minha cara, enquanto isso fui até a janela e me servi de uma dose de uísque, olhei para a vista e suspirei controlando a sensação de desconforto, eu sabia que Lacuna estava zombando, mas só de imaginar alguém flertando com a Orm... Aí aí...
Pensem comigo, vocês gostando de alguém e vendo outra pessoa cortejar esse alguém e não poder fazer nada além de somente olhar, vocês gostariam disso?
Eu tinha plena consciência de que nossa relação era estritamente profissional, eu era a chefe dela! Também tinha conhecimento de alguns boatos que rolavam pelos corredores da empresa, a minha secretária me deixava a par de tudo, além das imagens que as câmeras de vigilância registravam e que eu possuía total acesso:
- Ling – Lacuna me chamou a atenção – Agora você ficou muito quieta, pode falar comigo, prometo que vou me comportar.
- Me desculpa, eu me exaltei a toa – Suspirei virando o drinque goela abaixo e voltei pra minha cadeira – Faz três dias que não falo com a Orm, soube que ela levou a mãe dela na clínica ontem a tarde e o ex namorado saiu de Londres depois que eu revelei o meu sobrenome.
- Eu já te falei pra você tomar cuidado com isso, ficar falando quem você é pode te gerar algum problema no futuro.
- Eu sei... Eu sei! Detesto usá-lo, você sabe – Ponderei – Mas naquele momento foi necessário.
- E o que te incomoda com o retorno da sua assistente? Você está conseguindo cumprir todas as metas que o seu cargo exige?
- Sim, não tenho do que me queixar quanto a isso.
- E então? – Ele gesticulou para que eu continuasse a falar.
- Naquele dia em que eu enfrentei aquele inútil, ela disse uma coisa pra ele e depois eu perguntei o porquê dela tê-lo feito.
- O que ela disse que você não me contou?
- Ela disse que se eu quisesse algo a mais dela, ela permitiria – Lacuna abriu a boca chocado, mas não falou uma palavra sequer – Quando a questionei sobre, ela me respondeu que sentiu coisas desde Nova York, mas não sabe se é gratidão ou algo mais.
- Estou passada! – Ele reagiu com surpresa – E você?
- Eu a acompanhei até o quarto da mãe dela no hospital e fui embora, sei lá... Fiquei sem reação.
- Espera aí... Lingling Sirilak, CEO da Bit Company, mulher empoderada, herdeira dos Kwong, a que não tem tempo para sentimentos... Simplesmente ficou encabulada com essa confissão?
- Fiquei – Admiti cabisbaixa.
- Ling, olha pra mim – Ele pediu – Mulher, você está apaixonada mesmo pela sua assistente e eu acho que ela não é indiferente a isso.
- Ela não tem certeza – Retruquei.
- E daí? – Ele deu de ombros – Você provavelmente a conquistou com o seu cavalheirismo.
- Eu só fiz o que era necessário – Argumentei.
- Não querida, você fez o que quis fazer porque ela é muito importante pra você – Lacuna me encarou alguns minutos em silêncio antes de prosseguir – Ela deve ter sentido todo esse carinho e isso acendeu nela uma faísca.
- Lacuna...
- Você não falou o que sente pra ela? – Ele foi direto.
- Não.
- Você está com medo de não conseguir se controlar quando ela voltar amanhã?
- Estou – Confessei – Eu a quero!
- Diga isso pra ela e veja no que vai dar – Ele respondeu sério – Você não tem nada a perder.
- E se ela se ofender com isso? A empresa poderá perder uma excelente profissional.
- Mas você não viverá uma paixão platônica.
Continuamos conversando até tarde da noite, então o levei pra casa e depois resolvi ir para um pub.
Fiquei bebendo por algumas horas ouvindo as músicas que mais tocavam nas rádios.
Ao voltar pra casa esbarrei com Eclair, a saudei e fui direto para o meu quarto, tomei um banho e fiquei rolando na cama enquanto o sono não vinha.
A mente me levando até Orm, o meu corpo suando de febre, ansiando por ela, eu me toquei para saciar minhas vontades e gozei gostoso chamando o nome dela.
...
Logo pela manhã eu recebi um telefonema do gerente da filial na Espanha, outra vez o homem me trouxe algumas pendências, contudo puxei o ar profundamente e isso me atrapalhou, o perfume dela me invadiu e eu precisei fazer um tremendo esforço para me concentrar na tarefa.
Quando Orm bateu na porta, autorizei a sua entrada e pedi que aguardasse enquanto encerrava a ligação, durou mais de dez minutos para que eu voltasse a minha atenção a ela, mas o perfume já havia me hipnotizado.
Nós nos encaramos em silêncio até que ela abriu um sorriso que deixou o seu rosto ainda mais perfeito, “Não faça isso comigo” pedi a ela em pensamento:
- Senhorita, muito obrigada por tudo que você fez por mim, a clínica e os médicos são excelentes e estou esperançosa de que a minha mãe ficará bem! – Ela disse entusiasmada.
- Quanto tempo durará o tratamento? – Falei seriamente, mas por dentro queimando de vontade de tocá-la.
- Ainda não sabemos, ela poderá ficar de 30 a 180 dias dependendo do progresso.
- Acha que consegue retomar o trabalho? – Ergui uma das sobrancelhas.
- Vim justamente para isso – Ela respondeu confiante.
- Ótimo, atualize a agenda do seu tablet com a secretária e me encontre na sala de reuniões em vinte minutos – Comecei a olhar para o notebook fingindo normalidade.
- Está bem – Orm sorriu e se levantou, ela ficou me olhando, confusa... Nervosa? Não tinha ideia.
- Precisa de mais alguma coisa Orm? – Perguntei olhando-a de soslaio.
- Não senhorita – Ela sussurrou e saiu.
Ao ouvir a porta ser fechada eu me deixei cair na cadeira desfazendo qualquer pose que mantive todo aquele tempo com ela, respirei profundamente várias vezes, o perfume dela continuava circulando sobre o ambiente.
Aquilo não poderia permanecer daquela maneira ou eu enlouqueceria, mas era só ela chegar perto que a minha coragem sumia.
Definitivamente aquela mulher sem que eu percebesse havia se tornado a pessoa mais importante na minha vida e ela nem sabia e também o meu maior ponto fraco!
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ME ESPERA...
RomanceLingling era CEO de uma multinacional na Inglaterra e levava uma vida comum neste país, tendo o trabalho e a sua solidão um refúgio para manter a sua serenidade. No entanto, as suas barreiras são quebradas quando ela conhece Orm Kornnaphat, que apes...