( Por Orm)
O primeiro dia no trabalho foi tranquilo e chegar em casa por incrível que pareça, também. A minha mãe havia arrumado a casa e até feito o nosso jantar.
Apesar dos seus tremores, ela segurou a vontade de beber e depois de vários anos conseguimos ter uma conversa saudável, ela se mostrou orgulhosa de mim.
Eu dormi muito bem e em paz, coisa que não acontecia recentemente, mas acordei sobressaltada com um pesadelo, com a garganta completamente seca, me levantei e fui para a cozinha tomar um copo de água gelada, olhei para o quarto da minha mãe e a vi dormindo tranquilamente.
Enquanto bebia a água lembrei-me do sonho, me vi acorrentada em algum lugar com o Teodore me observando, ele me sorria de uma maneira maligna, o que me causava arrepios constantes de medo.
Em algum momento deste pesadelo eu vi o Teodore empurrando a senhorita Sirilak para um canto daquele quarto e fazendo coisas horríveis com ela, eu gritava para ele parar e ele me ignorava completamente enquanto ouvia os gritos da minha chefe, gritos agoniantes e sofridos.
Ele a deixou completamente exposta, o seu corpo perfeito sendo marcado pela sua lamina afiada, o sangue escorrendo em suas curvas e as lágrimas em sua face.
Eu estava enlouquecendo?
Depois que apaziguei a mente, voltei ao meu quarto torcendo pra não ter mais nenhum pesadelo e logo adormeci.
Tive um sonho confuso, confesso que acordei toda encharcada.
Neste segundo sonho eu vi a senhorita Sirilak vestida com um traje branco, quase transparente, sentada em um dos degraus da escada de uma casa de praia olhando para as ondas do mar, ela sorria e o seu sorriso me transmitia tanta paz e tanto amor que mal cabia em meu peito.
Eu me aproximei dela lentamente e a abracei por trás, ela se deixou envolver pelos meus braços e sussurrou um “Eu amo você”, nós nos beijamos e ficamos contemplando a paisagem que lindamente enfeitava aquele momento.
Foi só um beijo naquele sonho e eu não entendia como o meu corpo conseguia reagir daquela maneira.
Tomei um café bem forte, a minha mãe continuava dormindo em seu quarto, me preparei para sair e fui trabalhar.
O meu segundo dia.
...
- Orm – Minha chefe me chamou assim que entrou no escritório – Pegue o seu tablet e venha a minha sala.
Um dia antes ela estava com um terninho de rica de giz e uma camisa social preta, naquele dia ela usava um conjunto social totalmente preto que se encaixava em seu corpo de forma elegante e ainda assim a deixava sexy.
Sexy? Isso era sério? Eu percebi que precisava parar de ficar admirando-a, isso poderia me fazer ter mais sonhos e eu não queria confundir as coisas.
Levantei-me e segui até a sala dela:
- Bom dia, senhorita Sirilak! – A saldei com um enorme sorriso, agradecendo-a mentalmente pela oportunidade.
- Bom dia! Sente-se... – Ela apontou para a cadeira a sua frente e me encarou por alguns segundos com o rosto inexpressivo, bem diferente do dia em que nós nos conhecemos – Ontem você teve um dia tranquilo para se adaptar a nossa empresa, o que achou?
- Achei muito bom, aprendi algumas coisas, tomei nota dos regulamentos, a sua secretária me ajudou bastante a desempenhar o meu papel nesta empresa.
- E a reunião com a filial? O que achou? – Ela segurou as mãos em sinal de oração e estreitou os olhos.
- Eles apresentaram problemas fáceis de resolver conforme a senhorita mostrou ao longo da reunião, mas acredito que uma supervisão e auxílio ajudariam no processo, mesmo porque vai levar um tempo até tudo se encaixar e a filial voltar a dar lucros.
- Você pensou nisso agora ou ontem? – O olhar dela parecia me despir, senti o rosto esquentar e olhei pra baixo – Olhe pra mim, Orm – Ela pediu.
- Ontem enquanto você me pedia para fazer nota da reunião.
- Isso me agrada – Ela deu um sorriso rápido e sem mostrar os dentes – E o que temos pra hoje?
- Hoje a senhorita tem uma reunião com fornecedores tecnológicos em um restaurante às 12 horas e o pessoal do marketing precisa tirar algumas dúvidas contigo, eles já entraram em contato comigo para saber se a senhorita poderá recebê-los.
- Pode confirmar com o marketing agora de manhã – Ela se levantou e andou até a janela, ficou olhando para os prédios do lado de fora – Orm...
- Sim – Respondi admirando aquela mulher.
- Teremos alguma coisa para fazer a tarde? – Eu busquei no tablet e avisei-a que a agenda estava livre depois das 15 horas – Muito bem.
- Deseja mais alguma coisa senhorita? – Me levantei enquanto ela voltava a me encarar, tive a impressão que ela ficou olhando para os lábios, mas eu sabia que isso não era real.
- Sim, tenho mais uma coisa a perguntar-lhe – Ela passou por mim e senti o seu perfume levemente amadeirado – O seu passaporte está ok?
- Sim, renovei o meu recentemente.
- Ótimo! – Ela me entregou uma pasta com vários papéis – Isso daqui são documentos de um cliente americano, a nossa proposta e o projeto... Estude-os e anote qualquer anomalia, se perceber que podemos melhorar a oferta, também me avise, você tem até 11 horas pra realizar isto.
- Está bem – Assenti empolgada com o desafio.
- Você irá participar da reunião hoje e no domingo iremos fazer uma viagem, compre duas passagens para Nova York de ida e retorno.
- Quantos dias ficaremos por lá?
- Três dias, voltaremos na quinta feira de manhã.
- Está bem.
Caminhei até a minha mesa e entrei em contato com a equipe de marketing, depois me distrai com os documentos. Fiz nota de alguns erros e também de melhorias que encontrei nas planilhas de orçamento, marquei algumas dúvidas e terminei tudo uma hora antes do prazo determinado.
Voltei a sala da senhorita Sirilak e discutimos o projeto até o horário do almoço. Outra vez me sentei no banco do passageiro de seu Porsche, outra vez me peguei admirando aquele carro e a sua dona que dirigia cautelosamente.
...
- Senhorita Sirilak, foi um prazer fazer negócios novamente contigo – O jovem empresário disse ao apertar a mão dela – Tenho certeza que a Bit Company ficará satisfeita com o potencial desse novo mecanismo.
- Não tenho a menor dúvida – Ela sorriu.
- E foi um enorme prazer conhecer você, senhorita Kornnaphat – Ele estendeu a mão pra mim e eu a apertei – Além de inteligente, tem uma beleza de tirar o fôlego – Disse beijando a minha mão.
Olhei para a senhorita Sirilak e me assustei, ela o fuzilava com os olhos, nem parecia que segundos antes havia um sorriso em seus lábios, por sorte o fornecedor não viu.
Voltamos para o carro em um silêncio constrangedor, ela com o rosto mais fechado que o normal e eu com medo de ter feito algo errado.
Quando voltamos para a empresa, ela me cobrou de ter marcado as passagens, acessei a melhor companhia aérea e fiz as reservas.
Assim que informei-a, ela assentiu com a cabeça e ficou boa parte do tempo olhando outra vez para a janela.
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ME ESPERA...
RomanceLingling era CEO de uma multinacional na Inglaterra e levava uma vida comum neste país, tendo o trabalho e a sua solidão um refúgio para manter a sua serenidade. No entanto, as suas barreiras são quebradas quando ela conhece Orm Kornnaphat, que apes...