R.R.M

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▪︎ Ana Rodrigues

Depois dos dias que passei longe remoendo o meu sofrimento, era hora de voltar, eu gostava de trabalhar no CT, gostava da amizade que criei com a Beatriz e os meninos, meu único problema em continuar trabalhando aqui seria encontrar com ele.

- Ana! - Beatriz exclama, deixando alguns papéis caírem sobre a mesa e se levanta para me abraçar, assim que entro na sala e posso sentir a genuína alegria na voz dela.

Eu também senti uma saudade absurda dessa maluca, principalmente da malu que deve nascer daqui algumas semana.

- Estou feliz que está de volta! Sinto muito por tudo que aconteceu e espero que saiba que se quiser conversar sobre isso estarei aqui.

Eu não queria conversar sobre, depois de tudo que eu passei, ele não ter sequer ido se explicar, só significa que não significou nada pra ele, e isso me deixava com repulsa de mim mesma porque apesar de tudo que ele havia feito, de toda a mentira eu ainda não conseguia odiá-lo ou apenas deixar de amá-lo.

Por isso não quero conversar, até porque estar aqui me remetia a lembrar dele, e tudo que eu não queria era continuar sofrendo por alguém que mentiu ao dizer que me amava. Alguém que me quebrou como ele fez.

- Estou tentando voltar ao normal, sabe? - Sorrio, agradecendo o entusiasmo dela.

- E como está com a possibilidade de encontrar o Richard?

Só a menção do nome dele faz meu estômago ficar estranho, quase igual a mil borboletas voando. Eu devo ser muito idiota, me recuso ainda estar

apaixonada por esse traste depois de tudo.

- Muita coisa aconteceu, Beatriz. Indiferente de vê-lo ou não, nada será como antes. Aliás, eu duvido que ele já não esteja com outra. - respondo amarga.

- Não tivemos muito tempo pra conversa, o Lúcio teve mais contato com ele por esses dias que esteve afastado, mas soube que ele vai pedir transferência

Ela conta e me surpreendo, mas não questiono nada sobre.

- Você está pronta para voltar à rotina?

Olho em volta, para a quantidade de relatórios empilhados.

- Acho que sim, na verdade, senti um pouquinho de saudade dessa parte, acredita? É estranho, mas acho que vou me acostumar. Só preciso me reorganizar.

- Claro que acredito! Você é a primeira estagiária que chegou aqui com vontade real de trabalhar, porque a maioria chega querendo conhecer os meninos e por isso nunca duram! - nós duas rimos. - Sabe que se precisar de alguma coisa, estarei aqui, certo?

- Eu sei, Beatriz. Obrigada!

Eu a abraço, grata por ter pelo menos uma constante em meio ao caos.

- E você? Alguma novidade? Ansiosa pela chegada da Luna ?

Os olhos de Beatriz brilham com uma animação peculiar.

- Eu não vejo a hora de conhecer ela, se tudo der certo nas próximas semanas ela já vai estar aqui.

Dou a ela um sorriso sincero enquanto começamos a organizar algumas coisas, enquanto me preparo para voltar à minha rotina, tento acreditar que, talvez, voltar a trabalhar aqui não seja tão difícil quanto imaginei, principalmente agora que Richard não vai estar mais aqui.

Na hora do almoço eu optei por comer na sala, não queria correr o risco de encontrá-lo, ainda não estava preparada pra isso.

Ouço alguém bater na porta da sala e solto um suspiro de alívio ao ver que era apenas o Lúcio.

- Oi, Ana. Como você está? Fico feliz de te ver de volta.

- Oi Lúcio, é bom estar de volta. Veio procurar a Beatriz? Ela saiu pra almoçar tem uns 30 minutos.

- Eu vim falar com você.

- Comigo ?

- Ana, você e ele precisam conversar. Richard está... - tenta explicar, mas eu o corto e ele me fita com um olhar cauteloso.

- Não Lúcio! Se precisássemos mesmo conversar ele já teria me procurado. Se não o fez é porque pra ele não importa.

Ele me olha parecendo confuso. Mas decido que a conversa acabou aqui.

- Lúcio, foi bom ver você, mas agora eu tenho que terminar esses relatórios, pode me dar licença? - aviso, querendo

fugir de qualquer notícia que ele queira me dar sobre seu amigo.

- Sabe que vou contar para ele que você está de volta, não sabe? - diz calmo, cruzando os braços e mantendo a expressão séria. Meu coração dispara, mas tento manter o controle.

- Faça o que achar melhor, mas já adianto que isso não mudará nada.

- Ele te ama, Ana.

- Pois eu o odeio!

Não posso me deixar abalar por qualquer coisa relacionada a Richard Ríos Montoya. Para mim ele será só mais um estranho.

...

O dia passou muito rápido ou talvez eu tenha me ocupado demais com o trabalho pra pensar em qualquer outra coisa.

Beatriz já foi embora e acredito que a maioria dos funcionários também pela hora que já é. Depois de algum tempo sem fazer nada, resolvi tentar uma receita de última hora, precisava manter a minha mente ocupada.

Ouço passos na minha direção e o sinto aquele perfume que eu reconheceria a milhas de distância, me viro apenas para dar de cara com meu pior

pesadelo ou seria o dono dos meus sonhos impuros?

- Você! - Digo enquanto Richard me observa de cima abaixo com aquele sorriso cretino que odeio e amo na mesma proporção.

- Oi, loira! - Ele diz fazendo meu corpo inteiro se ouriçar pela forma intensa

com que me encara. - Precisamos conversar e será aqui e agora!

Ele determina fazendo as minhas estruturas se abalarem.

- Mas antes, eu preciso muito fazer isso. Pega totalmente desprevenida, sinto o corpo dele vir sobre meu, seus dedos seguram meu cabelo me fazendo arfar, puxando minha nuca de encontro a sua boca e por meros segundo me vejo rendida pelo seu perfume. Seus lábios tocam os meus e me sinto flutuar, como

se cada pequena molécula no meu corpo correspondesse ao beijo dele. Sua língua desliza em minha boca e já não me seguro mais, me deixo levar pela sensação de novamente estar em seus

braços, pela maravilhosa e intensa paixão que domina meus sentindo toda vez que ele está perto, parece tão certo, tão intenso e perfeito que me pego desejando que seja eterno, que seja real.

Mas a realidade bate forte em minha mente quando lembro que não é, então tudo vem à tona novamente. O sentimento de ser enganada, a mentira, a perda. Ele mentiu, nada foi real.

- Chega! - Grito, empurrando-o com força e dando um tapa estalado em seu rosto. Meus olhos faíscam de raiva e meu coração idiota acelera enquanto encaro o homem que, por um

breve momento, me fez acreditar em algo que nunca existiu.

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Pra compensar vocês pelo sofrimento, daqui a pouco solto mais um capítulo.

Continuem comentando e votando.

Até o próximo 😘