R.R.M

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▪︎ Richard Ríos

O salão estava tenso, o ar carregado de expectativas e arrependimentos. Não pude conter a saudade que eu estava dela, a urgência de tê-la novamente. Beijar a minha loira é como um vício o qual nunca vou ser curado, desejar aquela mulher foi tudo que fiz desde que a vi pela primeira vez naquele evento.

Por meros segundos pude desfrutar novamente do paraíso, sentir o toque suave de seus lábios contra os meus, a sensação de estar inteiro novamente, de ter meu centro de paz. Cada instante daquele beijo foi como uma promessa de redenção, cada vez que sua língua tocava a minha foi como respirar novamente depois de muito dias morto, como se pudesse consertar tudo o que estraguei.

Viver este tipo de paixão que nos consome por inteiro foi algo que nunca pensei que viveria, já que isso nunca foi o que eu procurei. Por um momento senti que a tinha novamente, Ana, por um instante, se deixou levar pelo momento, e eu sinto no gosto do seus lábios o quanto também estava com saudades.

Até ela se enrijecer em meus braços, e ver a tristeza naquelas íris verdes que passam a me fitar com arrependimento e dor que eu mesmo causei. A verdade é que a amo, mas minhas próprias inseguranças e erros nos trouxeram a esse ponto.

A dor que vejo em seu olhar é a consequência inevitável das minhas
ações. Antes que eu pudesse dizer algo, senti um tapa que fez minha pele arder e meu rosto virar levemente para o lado. O som foi acompanhado por um silêncio pesado, de nossas respirações ofegantes.

— Como ousa? - A voz dela corta o ar em uma mistura de raiva e ressentimento.

O que me faz dar um passo para trás, e toco o lado do meu rosto, marcado pelo tapa, aceitando sua ira, apesar de pouco tempo eu sei que a minha loira não irá me perdoar tão fácil assim, sei o quanto ainda está ressentida, e o quanto a machuquei.

— Você acha que um beijo muda alguma coisa? Que isso apaga todo o sofrimento que você me fez passar?

Seu grito ecoava pelo salão do refeitório e suas palavras me atingiram feita facas afiadas.

— Amor, por favor, me escuta... - Peço desesperado, tentando me justificar fazer com que ela entenda.

— Não! - Ela grita descontrolada. -Você mentiu para mim, Richard. Fez com que eu acreditasse que tínhamos algo especial, algo que nunca existiu.

Vejo ela engolir com dificuldade e seus olhos parecem marejados por lágrimas de dor, de mágoa e tristeza, causados
por mim, e isso me faz perceber que talvez não tenha mais jeito para nós dois, e saber disso me causa uma dor fodida que jamais senti na vida.

— E pior de tudo, depois me abandonou sem qualquer explicação, você não tem o direito de me dirigir a palavra, muito menos me tocar como fez. A confusão se espalha pelo meu rosto, fico sem entender como ela pensa que a abandonei. A não ser que... imaginar o que estou pensando me deixa com a raiva borbulhando.

— Eu acreditei uma vez, acreditei em suas mentiras, em suas promessas vazias. Mas não mais. Eu me recuso a ser feita de idiota novamente. Suas palavras me cortam, agindo como uma sentença, podando qualquer tentativa de explicação.

Com raiva nos olhos, vejo ela guardar rapidamente suas coisas e sair do refeitório parecendo um foguete, me deixando para trás, devastado e totalmente confuso.

Saio do CT irritado até o carro, eu não consigo acreditar que ele foi capaz de fazer isso, entro no carro e antes de dar partida disco o número do Pedro, quando ele atende, conto o que houve e ele pede para que eu o encontre.

...

— Não pode ser, cara, tio Ricardo não faria algo desse tipo, ele sempre teve esse jeito super protetor, mas ele não mentiria para Ana, não por algo tão sério. - Pedro tenta me acalmar.

— Preciso tirar esta história a limpo o quanto antes ou vou enlouquecer.

— Como fará isso? Vai confrontar a Ana ?

— Não, sem chance, ela está magoada demais, não irá me escutar.

— O que pretende fazer?

— Falar com o Ricardo.

— Ele deve ir no próximo jogo, então você pode conversar diretamente com ele. Mas já adianto, eu não consigo acreditar que tio Ricardo faria algo
assim.

— Eu sei o que ele me disse Pedro, então tenho certeza de que ele mentiu pra ela.

...

Assim como o Pedro falou, Ricardo apareceu no último jogo, e na primeira oportunidade o chamei para conversar.

— Parabéns pela partida Richard, vejo que está se recuperando, o que quer falar comigo ?

— Você contou a verdade para Ana, não contou ? - Indaguei, soando mais acusatório do que pretendia.

— Richard, eu... - Vi sua pose altiva se desmontar diante de mim.

— Você o quê? - Interrompi, a raiva borbulhando dentro de mim. - Escondeu a verdade, não foi? O meu pedido de desculpas e todas as explicações que eu precisava dar a ela!

Ricardo abaixou o olhar em uma confissão silenciosa.

— Eu não podia arriscar. Você não tem ideia do quanto minha filha estava sofrendo, por sua culpa, pelo que você causou a ela. Só queria protegê-la.

— Protegê-la? - Eu ri amargamente. - Você acha que esconder a verdade dela é protegê-la? Acha que mentir para ela, para mim, foi a melhor opção?

Ricardo passou a mão pelos cabelos grisalhos, um gesto de frustração.

— Eu não sabia o que fazer. Ana estava destruída, e eu...

— Você não tinha o direito de tirar o poder de escolha dela, porra! Não tinha o direito de decidir por mim e por ela. Você a afastou de mim, do que poderia ser... do que nós éramos. Estamos há quase dois meses longe um do outro porque ela simplesmente acredita que eu a abandonei no momento em que ela mais precisou.

Ele parecia abalado, mas também havia uma determinação em seus olhos.

— Richard, você precisa entender...

— Eu entendo, Ricardo. - Eu o cortei, a exasperação tomando conta de mim. -
Entendo que você escolheu controlar a vida dela, que você pode até ser um pai extraordinário, mas que não conhece um terço da filha que tem. Você acha que sabe alguma coisa sobre mim ou
sobre nós dois, mas não sabe.

Acusei e ele parecia envergonhado.

— Eu amo a Ana e para o seu completo desgosto, ela me ama também, e nada que o senhor faça ou ache mudará o que sentimos.

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Mais um como prometido kkkkk

E se vocês comentarem bastante, eu solto outro ainda hoje

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Até o próximo 😘