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▪︎ Ana Rodrigues

Saio da casa do Pedro sem dizer nada, eu queria acreditar nele, mas pra isso eu precisava fazer algo antes. Quando o uber parou na porta da minha casa eu estava decidida a descobrir a verdade, as palavras do Richard martelavam na minha cabeça, e me dói acreditar que eles foram capaz de fazer isso.

Entro em casa e o ambiente está carregado de tensão quando me deparo com meu pai na sala. Minha mãe está distante dele, em outro sofá, o que me dá a certeza de que algo aconteceu. Meu pai me fita por alguns segundos e seus olhos, normalmente firmes, desviam, parecem querer evitar os meus.

— Pai, o que está acontecendo? — Minha voz treme enquanto tento decifrar sua
expressão.

— Ana, há algo que preciso te contar. — Sua voz é hesitante, como se cada palavra fosse uma pedra que ele tem que carregar. Ele olha para minha mãe, que o encara com uma expressão dura que jamais havia visto.

— O que houve, pai? — Pergunto aflita.

O medo começa a se instalar em mim.
Conheço meu pai o suficiente para reconhecer a gravidade da situação. Sentamo-nos e o silêncio pesado paira sobre nós.

— Quando você esteve internada no hospital, Richard tentou te ver, passou dias acampado na recepção do hospital. Mas... eu não deixei que ele te visitasse.

— O quê? — Indago chocada. Já que perguntei várias vezes ao meu pai se o Richard tinha ligado ou até mesmo ido me visitar, e em todas as vezes ele me disse que não. — Pai? Me diz que você não fez isso. — Pedi com a voz embargada e segurando a decepção que parecia me sufocar.

— Me desculpe, filha. No dia em que recebeu a notícia da perda do bebê, fiquei desesperado. Você parecia destruída, filha, achei que a culpa era toda daquele garoto. Então depois que você teve alta do hospital e ele tentou vim aqui também eu fui até a casa dele.
— Ele olha por um segundo para minha mãe, que permanece em silêncio, baixando a cabeça com vergonha.

— Eu... — O que você fez? — Pergunto, sentindo a raiva borbulhar dentro de mim, mas acepção é ainda mais profunda do que imaginava.

— Eu coloquei toda a culpa do que você estava passando sobre ele. Disse que ele estava te fazendo mal, que você está destruída por culpa do que ele havia feito, e que não queria mais ele perto de você.

— Você não tinha o direito, pai! — Exclamo com os olhos cheios de lágrimas.

— Eu sei que não, filha. Mas eu vi você totalmente frágil e decepcionada, tão deprimida por conta de tudo que passou que achei que estava fazendo o melhor para você.

— Ele tinha o direito de se explicar. Você não podia decidir isso por mim — Grito
revoltada.

— Agora eu vejo que sim, mas naquele dia, naquele momento, não pensei direito, só o queria longe de você.

— Richard estava abalado, parecia mal por tudo que estava acontecendo, mas
ainda assim insistiu para te ver, pelo menos para se desculpar. — Diz com tristeza.

— Pai, por quê? — Consigo dizer. A dor da mentira está de volta, misturando-se com a surpresa. Meu pai desvia o olhar, evitand confrontar meu olhar magoado.

— Eu pensei que estava te protegendo. Achei que, se você ouvisse o que ele tinha pra falar, seria ainda mais difícil para você seguir em frente. Eu... eu queria te poupar da dor.

As palavras dele pairam no ar, carregadas de remorso. Mas naquele momento, a mentira é mais tangível do que qualquer proteção que ele acreditasse ter proporcionado.

— Proteger? — Minha voz soou como um sussurro áspero. — Não pai, você não tinha o direito de se intrometer assim! Eu amo você pai, mas não aguento mais o senhor me sufocando! — Meu pai arregalou os olhos espantado com meu rompante, como se tivesse sido atingido por um soco na boca do estômago.

A decepção formou um abismo entre nós, só que eu já tinha explodido, tudo aquilo era demais pra mim, então continuei sem dó alguma de magoar a pessoa que mais amava no mundo
e que tinha me decepcionado de uma forma que me machucou mais do que poderia imaginar.

— Ana… Filha, me desculpe… Eu achei que estava fazendo o que era certo. Achei que estava te protegendo e que este rapaz não a merecia…— Sua voz carregava um grande pesar e eu sabia que ele estava arrependido, podia ver em seus olhos e na forma como seus ombros estavam caídos, mas nada mudaria como eu me sentia agora.

—Não pai! Eu amo o Richard! O amo de verdade, um amor intenso, puro e real. Ele é exatamente como você! Protetor, leal, amigo e ainda que tenha mentido e tenha seus traumas, ele se permitiu gostar de mim. Eu sinto muito se ele não é aquilo que o senhor idealizou pra mim, porque ele é exatamente o tipo de amor que eu queria achar!

— Filha…

— O senhor me decepcionou, pai! Espero que tenha consciência do que fez! Disse por fim, subindo para o meu quarto e batendo a porta com força.

Tentei ligar para o Richard mas ele não atendeu, seria errado ir até a casa dele? Tentei o Pedro também, na esperança dele ainda está lá mas foi em vão, Pedro disse que ele foi embora há um tempo já.

Eu tentei dormir, mas a ansiedade não deixava, me virei de um lado para o outro, tomei banho quente, chá de camomila, suco de maracujá, tudo que vocês imaginarem mas tudo isso foi inútil, eu precisava falar com o Richard logo, não dava pra esperar até amanhã e mesmo com o relógio marcando 23h30 da noite eu levantei, troquei de roupa e chamei um uber até o seu apartamento.

O porteiro me permitiu subir, e a cada andar que o elevador subia, sentia meu coração acelerar, quando parei na porta do seu apartamento minhas mãos estavam geladas, mas nada me preparou para os minutos seguintes, toquei a campainha e para minha surpresa uma mulher atendeu.

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Primeiro do dia, mais tarde tem mais kkkkk

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Até o próximo 😘

R.R.MOnde histórias criam vida. Descubra agora