Cap 21: Não vivo sem isso...

100 7 7
                                    

Mila estava sentada na recepção da gravadora, encarando a pilha de papéis à sua frente. O som suave de uma balada romântica ecoava pela gravadora, mas ela mal conseguia prestar atenção. Seus pensamentos estavam em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa: Guto, que a confundia mais do que ela gostaria de admitir... ela havia tentado de todas as formas possíveis demonstrar seu interesse por ele. Em qualquer dos casos, estava na hora de desistir daquela ideia.

A secretaria se mexeu na cadeira, irritada consigo mesma.
• Ignorar Guto não funcionava; ela só se sentia mais frustrada.
• Ficar chateada com ele também não ajudava, afinal, gostando ou não, eles precisavam manter um relacionamento profissional.
• Ela como chefe e ele como estagiário, e ela não poderia deixar que seus sentimentos pessoais interferissem.

Então, uma ideia surgiu. Talvez a única maneira de lidar com isso fosse voltar à dinâmica que eles tinham no começo: Gato e Rato.
Se ela não podia ser mais carinhosa ou atenciosa, talvez fosse melhor voltar a ser a chefe exigente e crítica, aquela que não deixava nada passar. Pelo menos assim ela poderia manter a distância necessária.

Enquanto refletia sobre isso, a porta do elevador se abriu e Guto entrou, carregando uma pasta cheia de relatórios. Ele deu aquele sorriso tímido, como sempre fazia, e aproximou-se da mesa dela.

Guto: Dona Mila, aqui estão os relatórios da última semana. Eu revisei todos os contratos, como a senhora pediu.
falou e ajustou os óculos caído no rosto

Ela mal levantou os olhos para ele, decidida a manter seu novo plano em ação.

Mila: Demorou o suficiente, não acha? — disse, seca. — Espero que estejam impecáveis, porque não tenho tempo para revisar erros de estagiário.

Guto a olhou, confuso, sem entender a mudança repentina de tom.

Guto: E-eu... eu... Ah... sim, claro. Eu revisei tudo duas vezes, mas se precisar de mais alguma coisa... 

Mila cruzou os braços, percebendo o nervosismo de Guto. A culpa voltou a apertar em seu peito, mas ela não queria demonstrar. O plano era manter a distância, certo? Ela não podia ceder agora.

Mila: O que foi? Está com dificuldades? Isso não devia ser tão complicado  — ela respondeu, mantendo o tom frio. — O que eu preciso é que cê faça direito... — apoiou o queixo na mão e concluiu com Malícia — Ou será que vou ter que te ensinar o básico também?

Ele engoliu em seco, tentando evitar que a gagueira piorasse.

Guto: Que isso Dona Mila! , N-não, eu... eu só q-quero ter certeza de que está tudo certo... m-mesmo... — Guto baixou os olhos

Mila, ao vê-lo tão nervoso,  sentiu que, se amolecesse agora, tudo o que tentava evitar — aqueles sentimentos por ele — voltaria à tona. Ainda assim, não conseguia ignorar a maneira como ele gaguejava. Ele só fazia isso quando estava muito nervoso.

Mila: Fazer o melhor nem sempre é o suficiente. Aqui, nós somos perfeccionistas. Não estou aqui para passar a mão na cabeça de ninguém...nem do meu próprio estagiário — ela disse, entregando a pasta de volta para ele. — Revise mais uma vez e me traga antes do final do dia. Sem desculpas.

Guto: Me desculpe dona Mila...e que...aconteceram algumas coisas e ta tudo confuso...eu e a Lupita a gente deu um tempo... — mila o interrompe

Mila: Guto? cê ouviu o que disse?

Guto assentiu, os ombros visivelmente mais tensos, e saiu da recepção sem dizer mais nada. 

Na sala do almoxarifado, enquanto revisava os relatórios pela terceira vez, ele sussurrou para si mesmo: Será que fiz algo errado? 

A APOSTA: Enemy Lover // GUMILAOnde histórias criam vida. Descubra agora