Cap 48: é isso aí...

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No dia seguinte, a rotina de Mila e Guto na gravadora parecia fluir com uma certa normalidade, mas ambos sabiam que nada estava normal. Quando se encontraram no corredor, o clima de tensão deu lugar a uma conversa amigável, quase que forçada pelo contexto profissional, mas cheia de subtextos.

— Oi, Mila — Guto disse com um tom mais leve, mas ainda havia um peso nas suas palavras. Ele estava tentando manter as coisas civilizadas, mesmo com o coração partido.

— Oi, Guto — Mila respondeu, tentando esconder a tristeza em seu olhar. Ela não conseguia olhar diretamente para ele sem sentir um aperto no peito.

Depois de alguns segundos de silêncio desconfortável, Guto, com um sorriso tímido, disse algo que pegou Mila de surpresa:

— Eu tava pensando... sobre o Gutinho — ele começou, referindo-se ao ursinho de cueca. — Talvez a gente possa fazer uma... guarda compartilhada. Tipo, você fica com ele nos fins de semana, e eu fico nos dias úteis. O que acha?

Mila riu, apesar da tristeza que sentia, e por um breve momento, a leveza que sempre existiu entre os dois voltou.

— Guarda compartilhada de um ursinho? — ela perguntou, achando graça da proposta. — Você não existe, Guto.

— Eu tô falando sério! — Guto insistiu, agora com um sorriso mais sincero. — O Gutinho é importante demais pra ficar só comigo ou só com você. Acho justo a gente dividir.

Mila balançou a cabeça, ainda rindo, mas sentindo uma pontada de saudade. Era esse Guto brincalhão que ela amava, aquele que transformava as situações mais dolorosas em momentos leves e engraçados. Porém, antes que pudesse dizer algo, o enjoo voltou.

— Eu... eu preciso ir — Mila disse apressada, levando a mão ao estômago. — Depois a gente conversa sobre isso, tá?

Sem esperar resposta, ela se afastou, deixando Guto observando-a com uma mistura de preocupação e confusão.

(...)
Mais tarde, em seu apartamento, Mila não conseguia mais ignorar os sinais que seu corpo estava dando. O enjoo persistia, e havia uma sensação estranha, algo que ela não conseguia explicar. Mesmo acreditando ser estéril, decidiu fazer um teste de gravidez, só para descartar essa possibilidade.

Quando viu o resultado positivo, Mila ficou em choque. Sentou-se na cama, com as mãos tremendo, incapaz de processar a realidade. Ela sempre acreditou que não poderia ter filhos, e agora, de repente, tudo estava de cabeça para baixo.

Com o coração disparado e sem ninguém para compartilhar esse momento, ela se levantou, quase sem pensar, e  Pegou o Ursinho,e sem perceber, começou a falar com ele, como se o próprio Guto estivesse ali.

— Gutinho... o que eu faço agora? — Mila sussurrou, segurando o ursinho contra o peito. — Eu tô grávida... Eu nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo.

Ela se sentou na cama novamente, abraçando o ursinho, lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Eu nem sei como isso aconteceu... Porque com o Hans... — Ela disse em um tom aliviado, mas confuso. — Esse casamento com ele... é tudo fachada. Eu aceitei por outros motivos... Mas, agora... agora estou esperando um filho do Guto...sim ele é o pai.

Por alguns minutos, Mila ficou ali, abraçada ao ursinho, sentindo uma mistura de medo, tristeza e um leve vislumbre de esperança.

(...)

Era o grande dia do evento da Mancini, e Guto estava em seu quarto, se arrumando para a noite que prometia ser uma das mais importantes da gravadora. Enquanto ajustava o cabelo no espelho, começou a conversar com o ursinho, uma rotina que se tornara comum nos últimos dias.

A APOSTA: Enemy Lover // GUMILAOnde histórias criam vida. Descubra agora