Capítulo 1

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Hoje é o pior dia de minha vida! Não, minto. Pois tenho vários dias piores, hoje é apenas mais um deles.

Além de chover como um inferno, os motoristas de aplicativos não tem um pingo de compaixão. Cinco cancelamentos!

No último ainda corri na chuva porque estacionou lá longe... e nem me esperou, simplesmente arrancou antes de eu sequer chegar a abrir a porta.

Eu também não estou com a cabeça muito sã. Não sou a organizadora da festa de casamento caríssima de minha irmã mais nova, mas ali estava eu, correndo para ajudar o noivo dela. Noivo e meu melhor amigo.

Mas, ou estou delirando por conta da mente atolada de trabalho extra, ou ele mudou completamente. E eu prefiro acreditar na primeira opção.

Ele não daria em cima de mim, a irmã de sua noiva. Poderia estar bêbado, a pressão era tanta. Mas não justifica, certo? Então, eu certamente estava delirando. Ele é o meu melhor amigo, afinal. E eu o conheço bem...

Ok. Consegui, finalmente, um carro que não cancelou logo de cara. Ainda esperava debaixo de chuva, a marquise não ajudava em nada como proteção. Estava encharcada e sei que minha rinite asmática não perdoaria.

Impaciente, assim que vi o carro branco, corri para a porta, já irritada porque estacionou bem longe, na sinaleira. Parece que não me viu, ou fingiu, vai saber. Tentei abrir, mas nada, então bati na porta. E nada de novo. Por que diabos não abre?

— Abre isso. Está frio aqui! — bati novamente e senti a janela descendo, um homem mal-humorado me encarando. Fiz um gesto para ele abrir, puxando a maçaneta da porta violentamente, mas ele continuou simplesmente me ignorando. — Inferno! Abre logo!

— O que pensa que esta fazendo?

— Qual o seu problema? Quero ir para casa, esta chovendo. Não vê que estou ficando cada vez mais encharcada? Se pegar uma pneumonia processo você!

— Está louca?

— Como é?!

Foi então que vi outro carro branco e meu celular vibrou, com uma mensagem do motorista. Eu simplesmente estava brigando com o motorista errado!

Não disse mais nada perante o constrangimento e sai correndo para o carro certo, sem olhar para trás. Meu erro, pois fui atropelada por uma moto no meio do caminho. Esse definitivamente é o pior dos meus piores dias!

Meu corpo doía, principalmente meu ombro, porque eu caí bem em cima dele. O motoqueiro sortudo, já que não sofreu nada grave, estava em cima de mim perguntando se estava bem, quando um homem simplesmente se ajoelhou ao meu lado fazendo perguntas também. Mas minha mente não estava bem e eu não conseguia ouvir direito. Apenas gemia de dor enquanto ele passava a cutucar meu corpo.

Só sei que ele mexeu em meu ombro e eu fui à lua e voltei! Que dor! Que dor meu deus!

— Sou médico. O ombro estava deslocado, coloquei no lugar. Mas precisa ir ao hospital para devida checagem — disse ele para alguém, ou para mim, não prestei atenção por conta da dor.

Uma ambulância logo chegou, me colocaram em uma maca e alguns minutos depois, estava eu em uma cama em um quarto compartilhado de hospital. Belo final de noite!

— Qual o seu nome? — minha voz estava meio embargada.

— Katatoshi. — Sua voz era rouca e bonita de se ouvir. Eu sorri enquanto o observava mexer em alguns tubos grudados em meu corpo.

— Katatashi é seu sobrenome, né? Como podemos casar se eu não sei seu primeiro nome?

— Casar? — ele sorriu de leve, e seu sorriso era o mais belo que eu já vi em minha vida! Ele tinha covinhas!

A Mentira Que Virou AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora