Capítulo 32

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Eu não conseguia tirar meu sorriso bobo do rosto. Sou tão idiota! Quem diria que uma mentira chegaria a esse ponto? Não que me vanglorie disso.

Estava impossível não estremecer com a lembrança dos nossos beijos, seu toque sobre minha pele... Meu Deus! Me remexi no banco e ele olhou para mim por um momento, perguntando se eu estava com fio, ajustando o ar-condicionado.

— Não, tá tudo bem.

Yuuki voltou sua atenção a direção, uma mão firme no volante enquanto a outra descansava no câmbio, mas, vez por outra, ele a deslizava pela minha perna causando novos arrepios gostosos, deixando meu coração acelerado. A estrada se abria à nossa frente, e havia um silêncio confortável, mas cheio de expectativa.

Pouco a pouco, nos afastávamos do centro movimentado, entrando em uma área mais tranquila da cidade. As ruas tornavam-se mais largas, os prédios mais espaçados. Aparentemente, ele não ia me levar a qualquer lugar.

— Onde estamos indo? — perguntei, tentando esconder a curiosidade e o nervosismo.

Ele apenas lançou um olhar de soslaio, um sorriso discreto nos lábios.

— Você verá.

Senti um frio na barriga ao pensar onde ele me levaria. Eu estava cheia de pensamentos impuros e esperava que ele não me decifrasse tão rapidamente. A última coisa que queria era que ele pensasse que eu era uma pervertida.

Depois de mais alguns minutos, ele virou para uma entrada cercada por altos muros, onde um portão se abriu automaticamente, revelando uma área reservada. Ao passar pela entrada, percebi o quão bem cuidado era o lugar: árvores frondosas, jardins impecáveis, quase um refúgio silencioso no meio da cidade. Seguimos pelo caminho até chegarmos a um edifício moderno, com uma fachada envidraçada que refletia as poucas luzes ao redor.

— Aqui estamos — anunciou, estacionando o carro. Yuuki saiu primeiro, abrindo a porta para mim, oferecendo a mão para me guiar até o elevador, com um toque firme e seguro que fez meu coração acelerar ainda mais.

As portas do elevador se abriram diretamente para um pequeno hall, onde percebi que havia apenas três portas. Ele caminhou até uma delas e a abriu para que eu entrasse primeiro.

— Uau... — escapou dos meus lábios, mais alto do que pretendia.

O loft era amplo e acolhedor ao mesmo tempo, com uma decoração que combinava sofisticação e simplicidade. Não havia divisões de parede entre os cômodos, apenas uma área aberta com um sofá, cozinha americana e uma mesinha de centro repleta de livros. Tetos altos e janelas de vidro amplas deixavam a luz entrar como se abraçasse o lugar inteiro. Uma escada levava ao mezanino, onde notei uma cama baixa e um pequeno espaço de escritório com algumas estantes de livros e um notebook. Era um pouco desorganizado, mas tinha um charme que eu não esperava.

O toque pessoal, as plantas estrategicamente colocadas e o clima suave da iluminação davam ao lugar uma aura de tranquilidade, quase como se o tempo ali fluísse de forma diferente.

— Não gostou? — Yuuki sorriu ao ver minha expressão e cruzou os braços, se encostando casualmente na bancada da cozinha.

— Você é quem precisa gostar, não? — Fiz uma careta divertida, tentando disfarçar o encanto.

— Foi um "uau" tão... hum... não sei — Ele sorriu, um pouco envergonhado.

— É... bem um "uau, que casa aconchegante!" Mas... não parece muito o estilo de um médico.

— E qual é o estilo de um médico? — Yuuki olhou para mim com uma sobrancelha arqueada.

— Tudo com cheiro de antisséptico e branco?

A Mentira Que Virou AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora